Na reta final do período eleitoral, uma dúvida ainda atazana a cabeça
do brasileiro. Do eleitor que se prepara para ir às urnas no próximo
domingo: a indecisão para escolher candidatos a deputado federal e
estadual. Se alguns nomes se cristalizam com alta probabilidade de ser
eleitos – até podendo repetir votações expressivas, como é o caso de
Tiririca – nos bastidores os partidos fazem os cálculos e esperam por
seus puxadores de votos, para medir a força da representatividade que
terão na próxima legislatura. E é justamente essa insensibilidade com as
necessidades de um Poder Legislativo forte, atuante, mas extremamente
enfraquecido pelas lideranças políticas, que almejam apenas medir o
poder de barganha que terão lá na frente, aliada ao excessivo número de
candidatos, é que leva a essa indefinição, ainda porcentualmente alta. É
o interesse corporativo que predomina, relegando a segundo plano a
importância das competências e de gente de fato preparada para o
exercício desses cargos, fundamentais ao desenvolvimento social,
político e econômico de uma nação.
As plataformas de cada concorrente à Assembleia Legislativa ou Câmara
Federal, se analisadas pelo que eles apresentam no horário eleitoral
gratuito, em seus folders e “santinhos” e nos cartazes, bandeiras e
faixas expostas em cada esquina, são incrivelmente semelhantes entre si.
Como se fizessem parte de um único projeto. E lançam-se à disputa como
se fossem propostas inéditas e de exclusiva paternidade política. Muitos
– a maioria, sem medo de errar na afirmação – desconhecem qual é a
verdadeira função de um deputado e as implicações legais que isso lhes
confere. Entendem tão pouco do trabalho legislativo, que misturam as
atribuições, que são de exclusiva responsabilidade legal do próprio
Poder Executivo. Em resumo, não se preparam, nem teórica e praticamente,
para o cargo que aspiram conquistar. A alegação é sempre a mesma: “vou
ser deputado para trazer mais educação, saúde, segurança, moradia...”, e
tudo o que vemos diariamente, como se o simples fato de serem eleitos
os cacifem para tal empreitada.
Quem acompanhou as entrevistas que esta Gazeta realizou com cada
candidato que se dispôs a falar e, dessa forma, ter seu espaço na mídia,
pôde perceber como eles sabem pouco sobre aquilo que podem ou não fazer
como legisladores. Esqueceram-se do principal: explicar como pretendem
legislar, já que essa é a prerrogativa primeira de um parlamentar. Uma
ou outra exceção, de políticos já afeitos e no exercício das funções
legislativas, se sobressaiu na apresentação de ideias. Os demais,
infelizmente, exibiram um despreparo assustador. O que reflete, sim, na
percepção do eleitorado na hora de escolher um candidato. O fato é que a
cinco dias das eleições, temos apenas um amontado de números e siglas,
que não refletem necessariamente a vontade popular. Não traduzem os
anseios de um eleitor cansado, que para demonstrar esse
descontentamento, acaba votando no imponderável. O resultado todos nós
conhecemos, por lições passadas mal aprendidas.
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