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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Tempo de refletir

Vem aí uma nova queda de braço. Empresários e trabalhadores do setor comercial começam a expor seus programas e metas para uma nova temporada de acordos para o funcionamento e horários de lojas e supermercados no município. O embate é antigo e, uma proposta aqui outra ali - e concessões à parte -, mais uma vez não deve sair do tradicional acerto, como abertura no período natalino, semana do freguês, horário estendido aos sábados após o quinto dia útil de cada mês e, mais a se lamentar, nada que diga respeito aos domingos. A verdade que é essa idéia - a abertura aos domingos - além da intransigência dos trabalhadores, encontra resistência também nos próprios lojistas, ou parte deles, para uma solução, que vá ao encontro da necessidade de todos. Fica no "se um não quer, dois não brigam". E o terceiro - o consumidor - continua a ver navios.O que se percebe, nos encontros entre Sicomércio e Sinecol, nos chamados acordos coletivos, é pouca disposição de buscar novidades. Acertos que atendam e garantam ganhos aos trabalhadores e o lucro aos patrões. Longe de ser duas categorias brigonas - o que existe é uma teimosia latente - a discussão nunca avança em benefício de quem, de fato, interessa: a ponta dessa cadeia de consumo, ou seja, o próprio consumidor e novas opções para atender suas demandas.E quais seriam essas demandas? Resposta no singular: a alternativa de abertura do comércio aos domingos. Dar liberdade a quem estiver interessado.E não precisa buscar em discussões filosóficas ou fórmulas milagrosas as explicações para custos extras e o que isso acarretaria às empresas ou a perda do descanso dominical dos comerciários, que é, o que me parece, os dois entraves básicos ao funcionamento integral de um segmento que precisa, sim, de muito estímulo. Pois aos gastos adicionais, que parte dos comerciantes evocam, existe a contrapartida do dinheiro de um dia de funcionamento a mais; e ao descanso dos domingos, existe a folga semanal, que pode, inclusive contemplar o próprio domingo em regime de rodízio. Basta, apenas, que haja consenso e respeito de direitos.E é fácil entender esse mecanismo, quando se vê que em lojas abertas aos domingos o entra e sai do consumidor é intenso. Basta dar um passeio rápido pelos shoppings, não só de Limeira como da região, para se perceber gente comprando. Gente que trabalha a semana inteira e tem, nesse dia, tempo, disponibilidade e, principalmente, dinheiro para injetar na economia. E estou certo, se caso o comércio central e todo ele fora do shopping abrissem também teriam público. Resta apenas que tanto um lado quanto o outro - que enxergam apenas para suas próprias necessidades - façam evoluir suas cabeças, esqueçam-se dos discursos ultrapassados e conservadores e dêem uma chance ao novo. Que não é tão novo assim! Não é pedir muito, que reflitam sobre isso. De forma consistente.

Antonio Claudio Bontorim

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

E faltou preparo
O destempero do secretário de Negócios Jurídicos da Câmara, Luís Fernando César Lencioni, contra duas jornalistas da Gazeta de Limeira, é típico de despereparo. Ao taxa-las de "criminosas", por gravação de entrevista, ele mostrou toda sua arrogância e jogou no lixo os preceitos democráticos e constitucionais.

Pauta era técnica
O trabalho das repórteres era, de forma técnica, mostrar como funciona a Corregedoria da Câmara. E, posteriormente, fazer um link com as denúncias publicadas contra o vereador Raul Nilsen Filho (PMDB) e o porquê da não investigação por parte da corregedoria. Ele insistiu no caso, agiu de forma grosseira - como mostra a gravação da entrevista - ofendeu as profissionais e, por tabela, todos os jornalistas. E foi inconveniente ao insultar a própria imprensa e o MP.

Um fato inusitado
A situação vivenciada por ambas foi tão grotesca, que levou, posteriormente, a vereadora Nilce Segalla (PTB), e presidente da corregedoria e alguns funcionários da Casa a pedir desculpas, pelas atitudes de Lencioni. É uma pena, que quem deveria estar preparado para explicar, acabe o debate apenas no insulto.

Resultado de tudo
Por fim, vale lembrar que o placar desse jogo - já que virou moda comparar política ao futebol - está 14 a 0 para o corporativismo da Câmara de Limeira.

De volta o Brasil
E para não perder o hábito e sem querer contrariar a realidade e os acessos de loucura da política nacional - muito menos criar teorias conspiratórias - o embate político se repete. Entre oposição e situação, tucanos e demos contra Lula Há um ano e três meses antes das eleições presidenciais no País. Interessante!

Mensalão 2005
Em junho de 2005, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) apresentava ao País o chamado "Mensalão do PT", levando o Brasil a um embate político até às vésperas das eleições, em outubro de 2006. Houve um tremendo alvoroço, discursos éticos inflamados, CPIs e tudo o que a oposição tinha direito e a situação não queria. Resultado: o presidente Lula, alvo principal de todas as ações políticas, não foi atingido e foi reeleito de forma convincente em o outubro de 2006.

Sarney e Receita
Agora em 2009, um ano e três meses antes das eleições presidenciais novamente, um surto de denúncias atingem em cheio o presidente do Senado, José Sarney (PMDB -AP). De quebra, um encontro entre a preferida de Lula à sucessão, ministra Dilma Rousseff e a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, onde teria sido pedido "rapidez e agilidade nas investigações contra um filho do próprio Sarney", vem à tona. A Receita se transforma nos Correios da época do Mensalão e atiça, novamente, aliados a José Serra (PSDB-SP), candidato à Presidência. Coincidência ou semelhança a 2005? Quem puder me explicar, que me explique. Já!

Arrepios e feitiços
"No creo em brujas, pero que las hay, las hay", diz um conhecido ditado. E agora? Onde estão as "brujas" e onde está a verdade? Vou pedir explicações ao Papai Noel e ao coelhinho da Páscoa.

Frase da Semana
"Não podemos permitir que a pequenez política, que esses debates menores, atrapalhem o caminho desse país. Perdemos o século 19, o século 20 e não podemos perder o século 21". Do presidente Lula (sobre os embates políticos entre oposição e situação no caso Sarney e Receita Federal), durante posse novos conselheiros do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social). Na FolhaOnline, quinta-feira, dia 27.

Antonio Claudio Bontorim

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Como dito, feito!
No meu artigo da terça-feira, repercuti as denúncias publicadas por esta Gazeta do uso indevido das dependências da Câmara, pelo vereador Raul Nielsen Filho (PMDB), que estaria fazendo encaminhamentos médicos, inclusive com formulários da rede pública de saúde, utilizando-se de uma prerrogativa de médico, que é. Falei de uma operação abafa e que seria apresentado como engano da assessora do vereador e tudo ficaria por isso mesmo. Acertei na mosca. E com um tiro só!

Defesa unilateral
Em sua defesa, o vereador Raul, no Plenário da Casa, concordou que a imprensa é o esteio da democracia. Disse que de fato foi um engano de sua assessora - faz me rir - e muito blá, blá, blá (como disse certa vez, o ex-presidente FHC). Era o que ele queria. Falar sem ser questionado. Por que não respondeu aos inúmeros contatos das jornalistas da Gazeta para se defender? Por que manteve seu telefone desligado? Essa, talvez, seja uma faceta da democracia que o vereador desconhece.

Pares bonzinhos..
Os vereadores acharam por bem não investigar nada. A Corregedoria disse que não houve infração nenhuma e que isso é normal. Até o presidente da Casa, Eliseu Daniel (PDT), que no sábado havia prometido investigação sobre o caso, usou a tribuna e defendeu o colega, dizendo que até ele, por ser advogado, faz encaminhamentos para outros advogados, quando procurado. Tudo nos conformes!

Registro factual
O engraçado de tudo isso, é que nem Eliseu e a Corregedoria quis ouvir - ou solicitou - as gravações dos diálogos, transcritos na reportagem. Se ouvissem, talvez mudassem de idéia. Espera-se, agora, que o Ministério Público, imparcial como é, ouça as gravações, investigue e decida o que fazer. Tem dado resultados positivos.

Coincidência ou...
...semelhança? O editorial da revista IstoÉ desta semana (edição 2076), à página 20, está um primor. O título é "O Fim dos Escrúpulos". E trata das artimanhas no Senado Federal, para sepultar as denúncias contra seu presidente José Sarney (PMDB/AP) e outros senadores. Se transportar o texto da revista do Senado para a Câmara de Limeira...

Política e futebol
E por falar em Senado, o cartão vermelho do também senador Suplicy (PT/SP) para Sarney, instando-o à renúncia, em pleno Plenário na última terça-feira, foi hilário. Apesar de cômico e do nervosismo do petista, seu gesto refletiu, com certeza, a vontade da maioria do povo brasileiro. Não há, hoje (ainda procura-se a agulha no palheiro), um político que não mereça cartão vermelho. Infelizmente! Todos estão "se lixando" para a opinião pública. O troco será na urna eleitoral.

Viva a tecnologia!
O avanço cria a necessidade. E a necessidade se transforma em ferramenta. A partir de agora, também estou no Twitter. Quase que uma extensão on-line desta coluna e com notícias rápidas. Para me seguir basta acessar o www.twitter.com/claudiobontorim. Como diz o José Simão, quem fica parado é poste!

Antonio Claudio Bontorim