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domingo, 29 de setembro de 2013

Devagar com o andor. Ou o carro adiante dos bois

O santo pode ser de barro e não é o carro que puxa os bois. Mesmo assim, tem muitos que ainda insistem em seguir esses dois adágios, que estão no título do texto. Esse comentário tem um fundamento simples e objetivo para explicar uma situação política, protagonizada pelos vereadores na última segunda-feira, na Sessão Ordinária da Câmara Municipal. A derrubada do veto total do prefeito Paulo Hadich (PSB) à Lei do boleto em braile, de autoria do vereador Jorge de Freitas (PPL). Talvez em outro cenário, eu até que compactuaria com a euforia de setores da oposição, que se expressaram maciçamente via redes sociais com a primeira “derrota” do prefeito no seu reduto quase que absoluto. Não fosse pela defesa acalorada do presidente da Casa, Ronei Martins, o líder do prefeito, Wilson Nunes Cerqueira e até mesmo de Aloízio Andrade - todos eles do PT e da bancada situacionista - à derrubada do veto, teria sido, com certeza, uma primeira derrota de Hadich na “sua” Câmara. Isso, entretanto, remete-nos a um bastante provável acordo de cavalheiros - prefeito e vereadores. Uma “encenação” honrosa ao veto.

Faltou explicação
Não erraram os nossos legisladores municipais, ao derrubar o veto a um projeto de alcance inclusivo, que nem eu mesmo entendi e pelo próprio parecer do Jurídico da Câmara, favorável à lei. Mesmo porque operadoras de telefonia celular, alcançadas por ela (como a Vivo, por exemplo) já oferecem o serviço, que pode ser constatado numa rápida navegação por seu site. Veto desnecessário. 

E... foi derrubado
Está certo que um grupo de portadores de deficiência visual compareceu à Câmara para exercer a devida pressão, porém, não entendo que seria suficiente para uma mudança de postura, principalmente dos vereadores situacionais, caso houvesse determinação à manutenção do veto. Por isso, chego à conclusão desse raciocínio sobre um acordo, talvez para corrigir um erro de origem

Sem festa e rojões
Por isso, entendo também, que a oposição não deve comemorar muito essa primeira “derrota” de Hadich na Câmara. Não tem cheiro e nem gosto de derrota. Será preciso muito mais que os discursos e a votação final para me convencer de que não houve uma conversa amigável para encaminhar o resultado. Em resumo, além de garantir a inclusão, jogaram responsabilidade de tentar barrar essa obrigatoriedade às operadoras dos serviços públicos.  

Ainda na Câmara
A situação da Escola Major José Levy Sobrinho, mostrada pela Gazeta de Limeira na última terça-feira é uma afronta à dignidade. E uma oportunidade para que os vereadores investiguem o que está acontecendo.

Foto significativa
A imagem do vice-prefeito de Limeira, Antônio Carlos Lima (PT), ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), em Araras, na última quarta-feira é surreal. Alckmin segura um documento da Prefeitura de Limeira entregue por Lima. Provavelmente mais um pedido – dos tantos já feitos – para uma unidade do Poupatempo para Limeira. O sorriso de Mona Lisa do governador diz tudo. Em tempo: ele veio assinar a instalação de mais um Poupatempo. Em Araras. E outro, em Mogi Guaçu. Talvez em 2050 venha um para cá.

Alugam-se. Preços...
...módicos. Mais duas novas siglas vêm se juntar às outras 30 existentes e, oficialmente, já contamos 32 partidos aptos às eleições a partir de agora. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologou o Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (ex-PDT) e o Partido Republicando da Ordem Social (PROS), de Eurípedes (muito prazer em conhecê-lo) Júnior. Ainda falta o partido Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. Então serão 33.

Um novo cenário?
Em termos de política partidária, não vejo nenhuma novidade nos partidos recém-chegados. Integrarão, com certeza, como já estão fazendo, a rede de comércio tão conhecida de todos nós. Principalmente às vésperas de eleições. Devem atrair figuras conhecidas, como Ciro e Cid Gomes, que se mostraram inclinados ao PROS, após deixarem o PSB, e nada mais. Se eles terão força eleitoral, é preciso esperar a campanha de 2014. Terão, sim, seus compradores.

Na fila de espera
O Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, é o último entre os novatos, que ainda não conseguiu o sinal verde do TSE. As assinaturas estão sendo conferidas, por suspeita de falsificações. E o engraçado nesse processo, dos três partidos, é o único com viés ideológico. Marina tem cacife político e um crédito de mais de 19 milhões de votos.

Pergunta rápida
Silvio Félix, prefeito cassado de Limeira, embarca na canoa de Paulinho da Força?

Só ½ ambiente...
Na sexta-feira pela manhã, ao trocar a pilha de um relógio de parede, deparei-me com uma situação constrangedora. Quase dois quilos – ou mais – de pilhas (grandes, médias, pequenas, baterias de telefone sem fio...) acumulados e acondicionados em saco plástico bem fechado. Onde dispor, para coleta e reciclagem, esse lixo danoso ao meio ambiente? Limeira não dispõe – pelo menos não conheço e se tiver não tem nenhuma divulgação – de um ponto público de coleta para esse tipo de resíduo. Vai para o lixo orgânico e, de lá, para o aterro sanitário. É assim que funciona por aqui. Preocupação ambiental zero. Isso porque nós temos uma Secretaria de Meio Ambiente. E isso vem de longe. Lá de trás.

Nota curtíssima
A falta de educação ambiental leva à degradação dos recursos naturais. Mas isso não é importante.

O fim da história

Felizmente o problema foi resolvido. Minha mulher pegou o pacote de pilhas e o levou à empresa onde ela trabalha, que dispõe de um “papa-pilhas”, material esse que vai para reciclagem no município de Paulínia. Enquanto isso o aterro sanitário de Limeira vai sobrevivendo de prorrogação em prorrogação de licenças. Solução simples e prática para um grave problema, que de simples não tem nada. Se alguém quiser explicar...

Frase da semana

“Lula volta 20 vezes”. Do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, sobre a possibilidade de retorno do ex-presidente ao cenário político. Sexta-feira, 27, na Folha de S. Paulo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Nem Torquemada!
Essa história de suspensão ou cassação dos mandatos dos vereadores José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD) e de Júlio César Pereira dos Santos (DEM), conforme mostrou esta Gazeta, na última terça-feira, 24, beira a rituais da santa inquisição. Uma verdadeira “caça às bruxas” motivada pela atuação de ambos, que estão exercendo suas prerrogativas legislativas. Como muito bem a exerceu, também, Ronei Martins (PT).

Agora no comando
Na Presidência da Câmara, Ronei Martins parece se esquecer que também foi vítima desse ardil, lá em 2005, quando trouxe à tona as primeiras denúncias sobre a merenda, no governo de Silvio Félix da Silva (PDT), hoje cassado. Se ele deixar seguir - ou chancelar - um pedido dessa natureza, estará negando toda a sua atuação como vereador.

Um pouco atrasado

Tomás de Torquemada foi o inquisidor-geral espanhol no Século XV, e queria eliminar judeus e muçulmanos em nome de um “sangue limpo’ cristão. E cometeu todo tipo de atrocidade contra os “hereges”. Mais de 2.200 autos-de-fé. Só que agora já é Século XXI...

Basta à intolerância
Vem da Câmara Municipal, também, um ótimo exemplo na luta contra a intolerância. O voto favorável pela criação do “Dia da Umbanda”, do vereador e pastor evangélico Nilton Santos (PRB), em favor da “liberdade religiosa”. Pena que nem todos entendam dessa forma e façam do preconceito o principal argumento para defender suas convicções. Sejam elas ideológicas, religiosas, culturais ou de opção sexual.

Problema complexo
É preocupante a forma como as autoridades estão tratando da questão do “point” no entorno do Pátio Limeira Shopping. Principalmente se pensarmos na segurança do Município como um todo. Abordar o tema como mera questão de polícia é apenas um paliativo. Enfim, vamos aguardar os desdobramentos dessas ações. E as que virão pela frente.

A última de hoje
Hoje a Prefeitura vai liberar o trecho duplicado do anel viário em frente do Cecap. Uma verdadeira chicana na gíria do automobilismo. Os pilotos de competição vão adorar o desafio. Só falta explicar essa situação aos usuários do dia a dia.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Sem controle. E sem nenhuma solução

Encontrar culpados é fácil. E uma receita simplista, que sai da consciência de muita gente, dá cor e sabor à mistura: basta escolher uma dezena de jovens, empunhando garrafas de bebida barata ou no auge do efeito de drogas, a segregação e a intolerância de mais uma dezena daqueles que se julgam bem-nascidos e, apenas eles, dignos da cidadania, e está pronto um coquetel explosivo, que a cada dia ganha novos consumidores, forjados em exemplos diários de rebeldia aparentemente irresponsável. Apenas aparentemente.
O problema é grave e não é de fácil solução, mas passa necessariamente por investimentos em políticas públicas, que deem oportunidades à expressão desse descontentamento, para transformar os anseios de uma juventude que, ao não encontrar respostas naqueles que deveriam se preocupar com ela, cai nas graças de condutores da marginalidade, prontos a dar guarida e recebê-la com status de poder e majestade. E a lógica desses jovens acaba se transformando em música aos ouvidos desse poder paralelo, que todos sabem que existe. E essa lógica é mais ou menos assim: ora, se não me respeitam como cidadão e não tenho oportunidades e nem perspectivas de um futuro adequado e que me garanta a igualdade de condições na sociedade, há quem possa fazê-lo; vou procurar outra “tribo”.   
Uma praça de guerra. Pânico espalhado ao longo de uma rua, e uma solução que não chega nunca. Tudo isso resume os atos registrados na noite da última sexta-feira, 20, no interior do Pátio Limeira Shopping e, no dia seguinte, no rescaldo dos estragos e prejuízos que sobraram por trechos da Rua Tiradentes, pelo sábado de manhã. É um cenário que ilustra de forma objetiva os dois parágrafos acima, e que não é coisa nova para ninguém. Vem se arrastando por anos a fio, e se alastrando a uma velocidade assustadora e quase – ou praticamente – sem controle.  
Os chamados “points”, são o ponto final desse descontentamento e da ausência do poder público na vida desses jovens, que se reúnem em grupos compostos em sua maioria por menores, cujos “tutores”, maiores (referência à idade de responsabilidade penal), se encarregam de acender o rastilho de pólvora, fornecendo o combustível necessário a isso: bebidas e drogas. E antes de se integrarem de forma harmoniosa e na troca de experiências entre eles, acabam por se rebelar, pelo próprio sentimento de inferioridade que a própria sociedade lhes impinge. Não se pode, também, querer segregá-los apenas às suas condições social, econômica e geográfica, pois estaríamos criando verdadeiros guetos, o que em nada contribui à interação social.
Dentro ou fora de suas localidades de origem, todos merecem oportunidades iguais de estar juntos, divertir-se e, nessa interação, se desenvolver como seres humanos, para que possam ter o direito preservado e conhecer a responsabilidade do dever, para consigo próprio e para com seus semelhantes. Não existe solução mágica, mas o primeiro passo é – como escrevi lá no início deste texto - dar voz e esses grupos, para conhecê-los e às suas aspirações. E, a partir daí, buscar os melhores caminhos para atendê-los. Caso contrário, os “points” apenas mudarão de lugar, mas o conceito será sempre o mesmo. 

domingo, 22 de setembro de 2013

Serenidade acima de tudo... e outras reações

Estava escrito que o assunto da semana, na mídia, nas redes sociais e entre os políticos, tanto da situação como da oposição, seria o voto do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF) pelo desempate ao acolhimento, ou não, dos embargos infringentes de 12 réus da ação penal 470, o chamado mensalão do PT, por um novo julgamento em algumas das modalidades criminosas pelos quais foram condenados. O próprio Mello, quando uma manobra do presidente do Supremo, o também ministro Joaquim Barbosa, adiou o voto de minerva por mais uma semana, na tentativa de fazer mais pressão sobre seu voto, já havia sinalizado sua posição e que não a mudaria. Como não o fez, acatando assim os embargos. E o fez com a serenidade e competência jurídica que lhe é peculiar, mesmo sabendo que haveria uma espécie de revolta. De intolerância e ira contra sua decisão. Confesso que fiquei surpreso ao perceber as reações dos contrários aos embargos. Esperava mais ódio e ferocidade. Aos exageros cometidos nas redes sociais faltavam coerência e argumentação técnico-teórica.       

Pelo sim; pelo não
Esses exageros, aos quais fiz referência, alguns com muitos palavrões e ofensas morais não ganharam muito destaque, porque eram pobres em suas justificativas. Praticamente não as tinham, devido ao próprio desconhecimento do que estava acontecendo e embalados pelo clima de possível impunidade, que os mais afoitos não se cansavam de alardear. E que parcela da mídia resolveu estimular.

O direito à opinião
Apesar de tudo, mesmo essas opiniões não merecem ser menosprezadas. Muito pelo contrário, pois são frutos de uma terrível sensação de impunidade, que há muito persegue o povo brasileiro. Ao aceitar os embargos, Celso Mello não chancelou essa impunidade, ele apenas mostrou que havia dúvida razoável para uma nova rodada de discussões. Mello votou como juiz. Interpretou a lei.  

E o contraponto...
... também é necessário. É um direito. O fato é que essa interpretação legal muitas vezes causa estranheza e desconforto, além de desagradar aos que pensam o contrário a ela. Isso, entretanto, é parte do jogo democrático. Negar o direito ao contraditório é abrir mão da própria consciência. E isso ninguém quer. E mesmo aqueles ministros que fizeram uma outra leitura da situação também não deixam de ter razão sobre os seus argumentos. Tanto que houve um empate rigoroso. E o desempate, qualquer que fosse, não agradaria a todos.

Trânsito em julgado
E não dá para avaliar, agora, qual será o resultado dessa “prorrogação”, pois o próprio ministro Celso Mello também se manifestou pela condenação dos réus, cujo status de condenados não cabe mais recurso.

Porta que se abre
Os réus já poderiam ser presos, mesmo com os embargos? O ministro Gilmar Mendes entende que sim. E ele defende sua posição, afirmando que as penas aos réus que não podem entrar com recurso do embargo já podem ser aplicadas. Mendes explica que há entendimento no STF, que os embargos infringentes suspendem apenas efeitos da parte do acórdão embargada e, dessa forma, ele pode ser executado, naquilo que não foi embargado. E mesmo porque há outros crimes não contemplados pelos próprios embargos. E apesar de ser leigo no assunto, concordo com o posicionamento de Gilmar Mendes. Tem clareza. 

Tem que ser assim
Deixadas as devidas paixões ideológicas de lado, quem melhor definiu seu posicionamento foi o senador mineiro e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, conforme mostrou na quarta-feira, o UOL-Notícias, após o voto de Celso de Mello:  "acreditamos que o STF agirá em defesa dos interesses do Brasil, respeitando o direito dos réus, mas garantindo a agilidade necessária para que recursos apresentados por eles não acabem se transformando em uma brecha para a prescrição das penas impostas aos autores de crimes contra o País".

E agora como fica?
O PSB formalizou a saída do governo federal e vai deixar os cargos. Eduardo Campos, presidente da sigla e governador do Pernambuco quer ser candidato à Presidência, mas para isso tem que assumir uma posição mais firme. Ou então ser apenas um escudo de Aécio Neves, candidato natural do PSDB ao mesmo cargo, em 2014. PT e PSB estão numa Torre de Babel, e faz tempo. É preciso ficar de olho, agora, nessa aliança aqui em Limeira. Apesar de ainda estarem em verdadeira lua de mel, um divórcio não seria tão absurdo.

Sopa das letrinhas
Por outro lado, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, e a ex-senadora Marina Silva tentam criar partidos próprios. Paulinho de saída do PDT, quer o Solidariedade e, Marina, a Rede Sustentabilidade. O primeiro provavelmente será uma legenda de aluguel e, a segunda, com chances de emplacar novamente sua candidatura à Presidência, o que assusta tanto Aécio Neves quanto Dilma. Mais ao tucano, é evidente.

Está muito difícil
Se no âmbito federal a oposição ainda patina, mesmo com todos os solavancos do governo Dilma Rousseff, aqui em Limeira, ela é fraquinha, fraquinha. Por sua própria composição política, não consegue emplacar um discurso único, que não sai das redes sociais para o plano prático. O discurso também é importante, porém, a ausência de propostas acaba por minar a retórica adotada de bater sempre na mesma tecla. Se não mudar, vai ficar onde está.

Pergunta rápida
Quem de fato representa, hoje, a oposição em Limeira?

Primavera sindical
Setembro avança, a primavera chega e duas greves – como acontece em todos os anos neste período – dão início a uma queda de braços entre trabalhadores e patrões, nos segmentos dos bancários e dos correios. Se as reivindicações são justas e coerentes, e as são de fato, há uma dificuldade em levá-las adiante, se não houver uma maior mobilização por parte dos sindicatos e dos próprios trabalhadores. Ou seja, uma participação maior que possa influir praticamente em todo o sistema. O que não acontece, o movimento vai se arrastando até o seu esvaziamento. Com poucas – ou quase nenhuma – reivindicações atendidas. Tem afetado pouco a população, que nem reclama mais. A estrutura sindical precisa ser revista.

Nota curtíssima
Se colocarmos os 30 partidos existentes no Brasil - mais os três que aguardam registro - num liquidificador, o suco extraído será homogêneo.

Situação precária
Na última sexta-feira, ao passar próximo de uma escola, por volta das 12h, em horário de saída e chegada de alunos, algumas vans – vi pelo menos quatro paradas e outras duas chegando – em serviço não exibiam o selo obrigatório da vistoria municipal. Apesar de aparentemente novas, acredito que estavam irregulares. Ou a Prefeitura não está fiscalizando como deveria ou então liberou geral. O que em ambos os casos é lamentável.

Frase da semana
"O município reclama do Estado e eu reclamo do governo federal". Do novo secretário da Saúde de SP, o infectologista David Uip, sobre a questão da saúde pública no País. Sexta-feira, 20, na Folha de S. Paulo.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Doze homens...
...e um magistrado. O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, desempatou a votação e acatou os embargos infringentes, para novo julgamento da ação penal 470, o mensalão. Se isso representa impunidade ou não, só o desenrolar da ação mostrará. Qualquer juízo de valor agora é especulação. Mello não se deixou levar pela pressão. E isso é positivo.

Que prioridade?
Na terça-feira, 17, foi anunciada a transferência do Centro de Ciências Professor Osvaldo Roberto Leite para o “futuro” prédio da Biblioteca Municipal, pois o local atual "seria inadequado" aos estudantes. Então, pergunta-se, o local onde hoje se encontra a biblioteca é adequado?

Fim do abandono
Decreta-se, com isso – e por si só é elogiável – o fim do abandono do recém-reformado pavilhão de exposições, que depois foi sede do Ceprosom e futuramente abrigará a biblioteca pública. Pelo menos é o que se espera.

Agora a notícia
Dessa forma, entende-se por sanadas irregularidades apontadas pela Prefeitura na obra inaugurada na gestão passada, com o anúncio dessa transferência. A biblioteca, parece, fica para depois. Ou então não fica.

Sonífera Câmara
A sessão da última segunda-feira, 16, no Legislativo, foi de dar sono até em bicho-preguiça. Foi empurrada com a barriga por gentilezas. Todos abrindo mão de tudo. O que mais se ouviu foi a palavra “dispenso” e aprovações unânimes de moções. De todos os tipos. Segunda, pós-feriado. É isso...

A última de hoje
Tudo como dantes na fazenda de Abrantes. Se alguém acreditava em melhorias no sistema semafórico e de sinalização em Limeira, pode tirar o equino da tempestade. Com o anúncio da empresa vencedora da licitação para o serviço, essa esperança já está enterrada. Com lápide e tudo.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Nem herói, muito menos covarde...

No artigo da semana passada, nesta coluna, tracei um perfil da intolerância, o mais cruel e desprezível dentre todos os defeitos que compõem a formação do caráter humano. E ela está presente - embora o homem devesse obrigatoriamente aprimorar suas virtudes - em todos os segmentos sociais. Ontem mais explícita e hoje disfarçada pela hipocrisia dos apertos de mãos e tapinhas nas costas. Em maior ou menor grau essa intolerância faz parte do cotidiano de muita gente, que se esconde por trás de belos discursos, que os próprios atos e opiniões desmentem.
Amanhã o País deve parar para conhecer o voto do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a respeito dos embargos infringentes, uma figura jurídica que está dividindo os especialistas e que pode estender o julgamento da ação penal 470, o chamado Mensalão do PT. Caso aceite a interposição desses embargos, o decano do STF dará mostras à sociedade brasileira, que há dúvidas razoáveis a respeito de alguns crimes e algumas penas. E na dúvida, é melhor esclarecê-la, do que se apressar no justiçamento. Caso não aceite, será publicado o acórdão final e as prisões começarão a ser decretadas. As condenações, entretanto, estão sacramentadas.
E por que abri o texto de hoje com a questão da intolerância? A resposta é óbvia e está na figura do ministro Celso de Mello, que virou uma espécie de curinga, prestes a decidir um jogo, onde tem muito mais em jogo do que a própria condenação e prisão dos réus. Ou seja, interesses político-partidários claros e inequívocos de ambos os lados. Tanto por parte do próprio PT, que tem alguns de seus membros no olho desse furacão, como da oposição, que está com a boca espumando para ver o tilintar das algemas, embora acredite que elas não serão usadas. Não haverá resistências.
Circula pelas redes sociais uma foto do ministro Celso de Mello, com uma frase sobreposta a ela, escrita em vermelho: "Herói... ...ou Covarde?" Como que sua decisão representasse um ato de heroísmo ou de covardia, na hora de declarar sua posição frente aos pedidos dos advogados dos réus. Pela postagem, ele seria herói, se votasse contra os embargos infringentes e, covarde, se optasse por recebê-los. Nem um. Nem outro. Ele é apenas um magistrado, que vai votar pelo sim ou pelo não e, seja qual for o resultado, agradará a uns e desagradará a outros.
Apenas discordo pela maneira como está conduzindo essa discussão. O mérito, entretanto, não é o foco, como deveria ser, dessa questão. E Celso de Mello terá que optar em votar conforme suas convicções ou simplesmente deixar se levar pela pressão por parte da opinião pública, dos meios de comunicação e até mesmo de seus pares no STF. O fato de querer levar o debate pelo lado pessoal não é saudável para a democracia e muito menos ao sistema judiciário brasileiro, que precisa, este sim, ser reformado e atualizado, para evitar situações como essas, que está deixando as paixões aflorarem, constrastando com a realidade.  
Celso de Mello não será herói se votar contra os embargos. Como também não será covarde, como pretendem alguns, se votar favorável a eles. E qualquer que seja o resultado deve ser recebido com serenidade, como convém a uma democracia.

domingo, 15 de setembro de 2013

As casas que não estão prontas para morar

Meio despercebida ou com pouco destaque, a notícia que marcou a semana que passou foi, sem dúvida, a falta de “Habite-se” da Câmara dos Deputados. Ou seja, 53 anos depois de sua inauguração, descobre-se que o prédio não possui o documento que autoriza a sua ocupação. Se fosse uma casa ou um edifício, equivaleria dizer que ninguém poderia morar neles ainda. No caso da Câmara Federal seria o mesmo que não ter autorização para circulação de pessoas em seu interior. Apesar de mais de meio século, a “Casa do Povo”, como é chamada, não tem alvará de funcionamento. Assim como outros imóveis da histórica capital Federal: o do Senado, do Supremo Tribunal Federal e os próprios palácios do Planalto e da Alvorada. No que diz respeito à Câmara, seu presidente, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB), decidiu limitar o acesso de pessoas de 10 mil diariamente para cerca de 1,7 mil. Apesar de muita gritaria, entendo que o parlamentar agiu de forma correta, pois as saídas de emergência são precárias, o que é um risco à integridade física das pessoas que por lá circulam diariamente.

E se por lá está...
...assim, é fácil imaginar como anda a situação de muitos prédios públicos - e até mesmo de particulares - que não têm tanta visibilidade assim, mas experimentam grande circulação de pessoas. O inacreditável dessa história é justamente o tempo que se passou para que essa constatação fosse feita. Felizmente nenhuma tragédia aconteceu; agora é preciso correr contra para pôr a “casa” em ordem. 

Condição básica
Trata-se de uma notícia que traz de volta toda uma – e velha – discussão sobre as exigências dos chamados “AVCBs” (Auto de Verificação do Corpo de Bombeiros), vistoria que garante segurança e autoriza o uso e circulação nesses imóveis, em especial naqueles que têm grande fluxo de pessoas. Shoppings, cinemas, teatros, câmaras municipais, prefeituras, etc. Questão de respeito.

Exemplos atuais
Tudo isso é apenas um pequeno grão de areia numa praia quase selvagem. Tivemos exemplos trágicos em Limeira, como acidentes em obras empresariais, que resultaram em mortes e, mais recentemente, a queda do teto em um shopping da cidade, que causou uma grande (porém, necessária) polêmica, inclusive com a devida e pronta ação do Ministério Público (MP). Novos e modernos empreendimentos estão surgindo no Município e a dúvida que fica é sobre como estão seus AVCBs. A documentação sobre sistemas de segurança e circulação está em dia? Depois de algumas tragédias, a fiscalização tem que ser efetiva.

Interesse público
Posto isso, seria interessante saber como está, hoje, o índice dos imóveis – públicos e particulares, empresariais ou residenciais – vistoriados e aprovados. E se há estatística recente sobre esse complicado tema.

Perigo silencioso

Como o assunto é segurança interna em prédios públicos e particulares, não custa falar um pouco sobre um outro assunto, que envolve segurança e, principalmente, saúde. São as queimadas irregulares em terrenos particulares e até mesmo em áreas públicas. Lembro aqui do desconhecimento que muita gente tem ao atear fogo para promover limpeza. Isso não existe. E nesse período de baixíssima umidade do ar é extremamente perigoso. Ainda na semana passada alguns focos deixaram a cidade esfumaçada. E ninguém resolve. Chamar os Bombeiros, faltam homens e veículos (é o que alegam). A falha, mais uma vez, é da fiscalização precária.

O fato da semana
O maior destaque da semana que passou foi, inegavelmente, a votação dos embargos infringentes no Supremo Tribunal Federal (STF), em que os réus pedem novo julgamento da ação penal 470, o mensalão do PT. Os 5 a 5 –o sim e o não - até a última quinta-feira, representa muito bem a complexidade do processo. E se analisar cada voto sem paixão partidária ou ideológica, a conclusão será uma só: todos têm e ao mesmo tempo não têm razão nos seus argumentos. Depende muito do ponto de vista de cada observador.

Um jogo jogado
E que deixe claro, também, que o jogo é aberto e limpo. Conforme regimento do STF e os devidos entendimentos jurídicos. As artimanhas, desde que utilizadas dentro das regras, não são ilegais. Nem imorais. Fazem parte do complexo sistema jurídico, que suscita interpretações. E são essas interpretações que muitos não entendem e acabam por distorcer seus significados apenas por interesses políticos. Partidário mesmo. No mais é a consciência e o entendimento de cada ministro, de cada magistrado, que está determinando seus votos.

No voto de um

Pelas redes sociais “bombam” discussões entre os favoráveis e os contrários aos embargos infringentes. Alguns debates são técnicos; outros são ditados por risível paixão política. De qualquer forma esse é o resultado de um processo democrático e da liberdade de escolha. Qualquer que seja o resultado, na próxima quarta-feira, com o voto do ministro Celso de Mello, o decano do STF, vai agradar a uns e desagradar a outros. Só que a decisão deve ser respeitada. Nunca tratada como sendo “do bem” ou “do mal”. Parece-me ingênuo demais.

E o que muda?
Só para que fique claro, se os embargos infringentes forem aceitos não muda a condenação, que está sacramentada. Podem, sim, reduzir algumas penas ou descaracterizar alguns dos delitos pelos quais os réus foram condenados. E vai empurrar essa ação um pouco mais. Trata-se, porém, de um recurso o qual os advogados dos réus estão utilizando, o que é cabível no atual trâmite jurídico e pelo regimento do STF. Uma porta aberta pelo próprio STF.

Pergunta rápida
Quando a CPI da Dengue vai começar a investigar as denúncias apresentadas pelo vereador Zé da Mix (PSD)?

Ainda na dúvida
Limeira está completando, hoje, 187 anos. Uma data que para muitos é de comemoração (e não poderia ser diferente), mas acima de tudo, reflexão. Daquilo que temos e daquilo que queremos. E fica evidente, através da opinião pública hoje expressa pelos quatro cantos do Município, que ainda não chegamos à situação tão almejada por todos. Depois de quase oito anos de incertezas, transformados na certeza da cassação do então prefeito Silvio Félix (PDT), o horizonte que se abriu em outubro passado, ainda estão longe de acontecer. A esperança, entretanto, ainda está viva. E há tempo pela frente para que a mudança possa de fato acontecer. Afinal, o limeirense votou por essa mudança. Só precisa ser correspondido. 

Nota curtíssima
A tropa de choque “virtual” do prefeito Paulo Hadich (PSB) parece ter dado um tempo. Pegaram mal as ações da “tchurma”.

As novas opções
Limeira acaba de ganhar mais um shopping. Agora o das Nações, que vem  somar com o Limeira e o Pátio. O que se espera, entretanto, entre outras coisas, é que as salas de cinema possam oferecer mais opções em filmes legendados para os amantes da sétima arte. Isso evitaria que muitos limeirenses precisem se dirigir aos shoppings da Região, como Piracicaba ou Campinas.

Frase da semana
"De herói a vilão no Rio". Título de artigo publicado pela revista inglesa The Economist, na última sexta-feira, 13, sobre a crise de popularidade do governador carioca, Sérgio Cabral (PMDB).

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Novo palanque
Tem vereador confundindo discurso parlamentar com discurso de campanha eleitoral. Está cada vez mais difícil acompanhar as sessões da Câmara de Limeira. O tom dos vereadores governistas – em especial o dos petistas – é sempre o mesmo e o “não” da oposição é hilário. Vez ou outra é quebrado por um pouco de bom senso. Que passa rápido.

O jogo do poder
A política é mesmo um jogo interessante. Quando a gente pensa que vai mudar, muda-se apenas o lado. E a goleada anunciada fica em mais um zero a zero modorrento. E isso vale para todos, do PT ao PSDB e do PMDB ao DEM a outras agremiações políticas menores...

Ópera resumida
Mudaram-se nomes, partidos e posições. A prática, entretanto, é a mesma de sempre.

Sem foguetório

Limeira está às vésperas de completar os seus 187 anos. Data especial para todos. A frustração é de que não há nada a se comemorar. Se alguém me der algum motivo, acabo com o estoque de rojões das lojas especializadas.

É pura omissão
O buraco da calçada na cabeceira da ponte que liga a Vila Glória ao Teixeira Marques, pela Avenida Araras, aumenta a cada dia e põe em risco aqueles que se utilizam do local, principalmente à noite, pois são obrigados a desviar pela rua. Se alguém puder resolver o problema, os usuários agradecem. Deve ter a idade da atual administração.   

Nada aconteceu
A nova propaganda partidária do PSDB, uma tentativa de beatificar o senador Aécio Neves, não faz menção aos protestos que tomaram as ruas no último mês de junho. Como se não tivessem acontecido. A história é dura com quem omite a história.

A última de hoje
Assim como não acredito nas versões oficiais sobre as mortes dos petistas Celso Daniel e Toninho do PT, não acredito na conclusão do caso envolvendo a morte da família Pesseghini. Há muito mais entre os fatos terrenos do que o céu não nos permite saber. E vai ficar por isso mesmo.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

A intolerância que leva ao ódio

O Brasil assistiu, recentemente, com a chegada dos médicos estrangeiros para compor o Programa Mais Médicos do governo federal, a uma reação descabida e selvagem dos “doutores” brasileiros, com altos índices de xenofobia e racismo. O que não se espera, nunca, de uma categoria bem formada, de educação sólida e cujo objetivo é o de salvar vidas e não impedir que isso aconteça. Enfim aconteceu. Os reflexos dessa intolerância ainda emitem sinais de boicote, quando o médico – brasileiro - aprovado no programa falta e não quer cumprir o horário a ele determinado. Enfim, é uma questão a ser resolvida pelos gestores do Programa e, caso necessário, com medidas disciplinares.
Ainda mais recente, e outra demonstração de intolerância, e nesse caso com a própria democracia, que deu visíveis sinais de amadurecimento desde os protestos de junho, foi a atitude de manifestantes, no Sete de Setembro, terem promovido atritos desnecessários em ataques gratuitos a jornalistas e a algumas corporações da mídia. Mais precisamente com a Rede Globo de Televisão, que tem sido obrigada a assumir erros do passado, para não ver seu império – que ainda é enorme – de audiência despencar ainda mais. É mais um exemplo do desprezo contra o direito de expressão e com a liberdade de imprensa, do que o protesto contra as ações de manipulação, que os considerados grandes meios de comunicação exercem em suas coberturas.
Nesse caso a própria Globo reviu sua postura já nos primeiros dias de sua cobertura dos atos públicos, separando “baderneiros e vândalos” dos verdadeiros manifestantes, tamanha a proporção que o movimento encabeçado pelo Movimento Passe Livre estava tomando a partir de São Paulo, estendendo-se a outros estados. O mea-culpa, entretanto, não foi o suficiente para aliviar a fúria dos manifestantes contra jornalistas da mídia impressa e emissoras de TVs e rádios, que chegaram a destruiu veículos dessas empresas, contrariando a própria luta de todos, que acabou por se transformar em ódio. E equipes inteiras tiveram que deixar o local escoltadas por carros da PM ou dentro deles. O que não é nada bom.
Ainda no mês de junho, quando a força dos protestos também chegou a Limeira, grupos tentavam impedir – e até conseguiram num primeiro momento - o trabalho da imprensa e não deixavam seus integrantes passar informações a jornalistas. É preciso lembrar a esses manifestantes, entretanto, quem sem a divulgação de seus atos e publicação de suas reivindicações, não alcançariam a visibilidade que tiveram e, também, não experimentariam tamanha dimensão de suas reivindicações e muito menos que chegassem aos seus objetivos.
Agora, nos atos do 7 de Setembro, que não teve a repercussão que muitos esperavam – principalmente de grupos políticos, que acabaram se frustrando - e nem a grandeza das primeiras incursões de há três meses, provas de intolerância contra aqueles que garantem a visibilidade do movimento ficaram em evidência. Aqui em Limeira, com o encolhimento das adesões, desta vez não houve incidentes. Fica, porém, a lição da necessária convivência entre as opiniões contrárias e do uso da inteligência, para que cada um possa defender as suas ideias, sem desrespeitar as dos outros. Pois toda vez que a intolerância  sobrepõe o bom senso, alguém sai perdendo. No caso dos médicos, foi a própria categoria quem se enfraqueceu. E no assédio violento à imprensa, quem perde é a democracia. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A segurança na berlinda? Nunca saiu...

A morte violenta do investigador Luiz Carlos Nascimento, o Luizão, como era conhecido entre os amigos e colegas de profissão, expõe um ferida crônica no seio da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Não por conta da atuação da própria polícia, mas por desapego do governo estadual, do tucano Geraldo Alckmin e de tantos outros atrás, com a categoria. A falta de estrutura e de profissionais para completar os quadros da categoria é visível. E a remuneração, muito aquém do que esses homens – investigadores, agentes penitenciários e delegados – precisam para conduzir essa nobre missão, que é a da proteção à sociedade. Não é à toa que algumas paralisações têm sido feitas ao longo das últimas semanas, como forma de protesto contra o descaso de quem comanda o setor em nível hierárquico fora da instituição. O comando político mesmo, que vem da Secretaria de Segurança Pública e, por tabela e de cima para baixo, do próprio governador. A ida sozinho do investigador para cumprir suposto mandado de prisão, segundo o que ainda está sendo apurado, é um grande risco e, se comprovado, um desrespeito para com o profissional.

História surreal
É no mínimo estranha essa atuação solitária do investigador, mas é preciso expor a situação ao extremo, para mostrar à sociedade como é o trabalho desses policiais, em especial daqueles que dão a vida pela corporação e à proteção do cidadão. Não foi o primeiro e, infelizmente, não será o último a tombar dessa forma, que mostra o estado de abandono­ – sem exagero algum - de todo o sistema.

Falta de atenção
As autoridades políticas precisam acordar. E a falha que levou Luizão à morte é pura consequência desse sono em “berço esplêndido” em que dormem os administradores públicos. Não é de hoje que se expõe essa situação de penúria, material e pessoal, em que vivem os policiais no Estado de SP. Vez ou outra a categoria se mobiliza, mas não consegue ter os olhos governamentais voltados para si. 

Retrato sem cor
Na elaboração da matéria jornalística e na própria cobertura do jornalista Denis Martins, desta Gazeta, os principais detalhes que mostram esse descaso foram apresentados de forma dura, porém, realista, da vida desses homens que saem para o trabalho sem saber se voltam. Como não voltou Luizão, que tinha mais de 35 anos de profissão e já poderia estar se aposentando. O relato dos companheiros foi cruel. Ele não tinha parceiro, porque este precisou ser deslocado para outro local, para cobrir ausência de outro colega, que havia sido deslocado para Cordeirópolis. Até delegados são obrigados a escoltar presos e detidos. 

Nunca sozinho
Outra constatação feita pelo jornalista, junto a policiais presentes ao local, é que há uma portaria que impede o trabalho sozinho, mas a escassez de recursos humanos impossibilita que essa norma seja cumprida. 

Falta bom senso
O aumento da criminalidade, que os órgãos de segurança registram em estatísticas e que sempre assusta pelos seus índices de crescimento (alguns até chegam a cair), é o primeiro reflexo dessa situação. A sobrecarga de trabalho e, em muitos casos, a falta de uma estrutura adequada, fazem com que muitos casos e investigações, que poderiam ser rápidas, se prolonguem. Enquanto a sociedade convive com a violência, que pode, sim, ser controlada, falta uma condução segura por parte de quem, de fato, deveria agir: o próprio Estado. Agora, é esperar pelo esclarecimento da morte do investigador Luizão. Mais um triste exemplo de má gestão política.

Para quem não...
...acredita, aqui vai mais um exemplo da inoperância do Estado, que desta vez tem como causa a corrupção. Enquanto autoridades e altos funcionários do governo paulista são cada vez mais associados ao “propinoduto” dos trens do Metrô e da CPTM, os usuários é que sofrem as consequências dessa má gestão. Na manhã de sexta-feira completava-se o terceiro dia consecutivo de falhas em várias linhas do Metrô, prejudicando milhares de pessoas. O dinheiro deveria estar nos trilhos e trens, mas deve estar em algum bolso... 

Ninguém escapa
Essas situações vão se encaixando de tal forma e, como peças de um quebra-cabeças, emoldurando um quadro escuro, que não deixa muita razão para otimismos. O que indica que se deva fazer uma limpeza ética urgente na política. Escrever sobre isso é bater num ferro frio, que não se consegue moldar. E parece que, quanto mais se fala, mais as situações se repetem. Porém, apodreceram. Todos eles.  

Velhas notícias
Por aqui nada de novo, que não seja velho ou requentado. Depois de uma composição puramente governista para uma CPI, que vai investigar justamente atos da própria administração municipal, não sobra muita esperança de uma apuração isenta. É preciso, entretanto, dar um voto de confiança aos integrantes da comissão que vai investigar possíveis irregularidades na contratação de empresas para nebulização de criadouros do mosquito da dengue. Nunca é tarde para uma redenção política. É aguardar para ver. 

Fora a timidez
Não sei se é apenas uma impressão minha, mas venho percebendo que os integrantes da atual administração municipal começam a se soltar um pouco mais com a imprensa. Não estão tão escondidos como no início da gestão Paulo Hadich (PSB), mas ainda há quem prefira a nota oficial à chamada "conversa ao pé do ouvido”. Mas essa aproximação deixa um saldo positivo nas relações poder público-imprensa. Quanto mais transparência, melhor. 

Pergunta rápida
Qual será a influência, em Limeira, do voo do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), rumo a Aécio Neves?

Muito engraçado
Vai ser bastante divertido acompanhar essa mudança de lado. E, principalmente, ver a reação do tucanato limeirense em relação ao prefeito Paulo Hadich, do mesmo partido de Campos. Opositores e críticos ferrenhos da atual administração, até mesmo por conta da aliança com o PT, os tucanos locais ficarão numa saia justa se a aliança se confirmar, embora de primeiro momento e, como o próprio Campos e Aécio enfatizaram, seria uma aliança estratégica contra a presidente Dilma Rousseff. E trará, por tabela, muito incômodo também aos petistas, que estão hoje ao lado do prefeito, com o vice Antônio Carlos Lima. Os próximos capítulos desse pastelão político serão, com certeza, emocionantes.  

Nota curtíssima
Políticos, que pedem “pelamor” de Deus para não serem identificados, a lua de mel PT-PSB está por um fio.

Tem livro novo
Faz tempo de que não dou dicas para uma boa leitura. E hoje vai uma excepcional. “O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição”. Muito dessa história eu conhecia. Os bastidores, porém, desconstroem o mito FHC. Do jornalista Mário Palmério, lançado há duas semanas. Geração Editorial. 

Frase da semana
"A cadeia não tem como me segurar". Do pastor evangélico Marcos Pereira, que é acusado de estuprar fiéis e está preso no complexo de Gericinó, em Bangu, em entrevista ao SBT Brasil. Na segunda-feira, dia 2

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A prova de fogo
Nenhuma atividade humana é tão absorvente quanto a política. Ela domina o nosso inconsciente, sem deixar de apavorar nossa consciência, pelas contradições que carrega e envolve os políticos. Aqueles que se formam na "carreira" política. Ela abre espaços para o discurso e para testar a integridade prática desse discurso.

Uma saia justa
Por força dos indícios levantados pelo vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), e ampliados pela mídia, a CPI da Dengue (contrato de empresas para nebulização de criadouros) foi inevitável e a situação, que dominga a Casa, teve que engolir. E agora é que vem o teste derradeiro para juntar discurso e prática. Para o amadurecimento ético-político.

Novo endereço?
Composta por uma folgada maioria governista e presidida pela petista Érika Monteiro, a nova CPI, muito mais que as necessárias e esperadas apurações de irregularidades que deve fazer, tem obrigação de adotar um tom e ações éticas, tão amplamente defendidas por seus signatários. É a partir de agora que o povo vai poder distinguir as faces verdadeiras das máscaras da hipocrisia. Sob a pena de a “pizzaria” apenas mudar de lado.

Velhos hábitos...
... em tempos atuais. O Estado Novo, fundado por Getúlio Vargas e que durou de 1937 a 1945, em seu viés autoritário e bisbilhoteiro, criou um departamento exclusivo para monitorar jornalistas e opositores ao regime: o conhecido e temido Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), utilizado para difundir as medidas populistas do governo e, ao mesmo tempo, censurar as manifestações culturais e intelectuais da época.

O DIP e o DIF
E 76 anos após a criação do DIP (setembro de 1939), Limeira faz um resgate histórico das teorias getulistas e cria seu próprio DIP - ou seria DIF - Departamento de Imprensa e Facebook?: exibe seus próprios censores, agora ocultados por identidades virtuais.

A última de hoje
E, mais uma vez, a população reclamou com razão. A imundícia deixada no entorno do Limeirão, por conta do Desfile de Cavaleiros, que antecede o Rodeio, causou revolta àqueles que lá residem. Limeira vive ainda no tempo das diligências. Deve ter ficado muita massa encefálica por lá. Está na hora de os cowboys repensarem suas atitudes.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Uma crônica sobre cabeças e carapuças

A mediocridade política tomou conta de Limeira. E uma casta encastelada nas torres do poder se julga no direito de se tornar acusadora, juíza e jurada, ao mesmo tempo. Como se a sociedade devesse favores àqueles que hoje comandam os destinos do Município, que prometeram a mudança e o progresso, mas continuam estacionados na mesma vaga de onde saiu a última trupe. Se não conseguem ir para frente, dão nítidos sinais de retrocesso, principalmente no trato com a opinião pública.
A decepção que hoje toma conta deste colunista, há muito está nas ruas. Nas conversas entre grupos - os mais variados - e formadores de opinião, que também não entendem o que está acontecendo. E, principalmente, na atitude de alguns, que são pagos com o dinheiro do contribuinte, mas não enxergam que diante do nariz têm uma imensidão de ar a se respirar e, por vezes, costumam cortar esse ar, essa brisa chamada democracia, cujo sopro é uma dádiva às relações humanas. E estamos entrando pelo nono mês dessa troca de comando.
Ainda assim, há um núcleo oculto nas hordas palacianas, que insiste em teimar na necessidade de um pensamento único, para guiar todos os cidadãos por uma mão preferencial, sem atalhos ou derivações. Sem a possibilidade de buscar outra alternativa que não caia na monotonia de sempre. Que beira a infâmia. Aos mais temidos exemplos das tiranias, que se tem conhecimento na história da humanidade. Nenhum dever de Estado pode invadir a privacidade e o direito de qualquer pessoa, naquilo que ela tem de mais sagrado, de expressar-se livremente através de seus pensamentos e ideologias. Ainda falta um aprendizado a esses tutores da opinião pública: o importante é conhecer e ter sempre à frente o adversário e suas ideias. E não barrá-los na tentativa em divulgá-las.
No contraponto a esse estado de coisas e a uma situação política, que logo mais deve desaguar num oceano de questionamentos e egos feridos, os opositores se mostram fragilizados e incapazes, porque também não têm eles, uma liderança, que possa se apresentar como tal. Estão amparados em algumas figuras decorativas, tão ou mais envolvidas com o retrocesso, demonstrado pela ordem política em curso. Com tudo o que há de mais indesejável à condução dos destinos de uma sociedade, rumo à maior aspiração coletiva, que é o respeito às garantias e liberdades individuais.
Com retórica fácil e palavras de ordem que beiram o idealismo, antigos combatentes, que destronaram ímprobos, agora cedem ao doce sabor do mel que verte das colmeias à profusão e nele vão se lambuzando, cada vez mais. Merecedores da confiança popular, ignoram agora suas próprias raízes, na defesa de um modelo que tanto combateram.
Discurso e prática devem sempre seguir na mesma direção. E quando isso não acontece, o descontentamento é a reação mais lógica. Uma ameaça, que expõe a pequenez de espíritos despreparados ao exercício de conduzir seus próprios seguidores. E ficar à mercê dessas vontades é compactuar – até mesmo reverenciar – o autoritarismo, afeito às pequenas cabeças, que insistem no direito exclusivo à disseminação dessas ideias. Que não podem, em hipótese alguma, ser contestadas. São os tiranos de consciências.

domingo, 1 de setembro de 2013

Vergonhosa lição de corporativismo

Depois dos mensalões - dos tucanos mineiros e do PT - e do “trensalão”, como está sendo chamado o propinoduto do PSDB paulista, ninguém poderia esperar por mais uma vergonha nacional, patrocinada pela classe política. E o mau exemplo vem, mais uma vez, da Câmara Federal, dos deputados que não cassaram o mandato do "colega" Natan Donadon (sem partido), que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 13 anos de prisão (e está preso há dois meses em Brasília) pelos crimes de formação de quadrilha e peculato. Seria cômico, se não fosse trágico, pois Donadon chegou à Câmara em camburão e algemado, para se defender perante seus pares e, pela complacência de seus “amigos - 131 que votaram contra a cassação, 41 abstenções e outros 104 faltantes - que não garantiram assim os 257 votos necessários à sua cassação. Apenas 233 deputados votaram pela perda de mandato do político rondoniense. Uma prova de que muitos ainda não aprenderam as lições que as ruas ensinaram no último mês de junho ao “absolver”, sem constrangimento, um condenado. Um presidiário que cumpre pena.

Colarinhos sujos
A situação é, por si só, vergonhosa, grotesca e nos remete à existência de uma verdadeira camarinha política, que como já disse certa vez um deputado “não está nem aí para a opinião pública”, desde que consigam seus escusos objetivos. Pois assim que fez seu discurso inflamado e ouviu o que queria ouvir, Natan Donadon foi reconduzido à penitenciária da Papuda de camburão.

Inimigos ocultos
A sensação de impunidade se acentua, quando se percebe que os nomes dos responsáveis por essa opera bufa jamais serão conhecidos. A votação secreta, excremento fétido, dá a verdadeira dimensão ao protecionismo e ao corporativismo que toma conta da corrupção no Brasil e garante o oportunismo desses 131 quadrilheiros, de outros 41 que se abstiveram e dos 104 covardes que faltaram à sessão.

Bandidos federais
Mais uma vez o Brasil assiste, estupefato, a tamanha barbárie política. Tão odiosa vocação para a impunidade, perpetrada pela “bancada da penitenciária”. Não há outra forma de definir esse grupo de parlamentares, que mesmo sabendo da condenação pelo STF, e do cumprimento de pena de Donadon em regime fechado, ter avalizado tal conduta. Porque não entendo de outra forma, quando 276 homens públicos, eleitos pelo povo, optam por fechar os olhos – são cegos morais – e manter no cargo um deputado-presidiário. Farinha do mesmo saco.

Amigos de cadeia
Daqui a pouco assistiremos a uma reprise desse seriado de horror. Se não cassaram um presidiário, por certo não deverão cassar os que estão prestes a fazer companhia a Donadon na cela: os deputados mensaleiros.

Mas não é só lá
Outra lição que fica desse tema, que envolve os legislativos, é que há um descrédito generalizado na atuação dos parlamentares nas três esferas de poder. Desde as Câmaras Municipais, passando pelas Assembleias Legislativas até a Câmara Federal, que foi o palco desse desastre político, envolvendo o presidiário, que continua deputado, Natan Donadon. E que mais contribui para esse descrédito é justamente o corporativismo e a blindagem. Exemplos locais não faltam. Há um descompasso entre o trato com vereadores da situação e os da oposição. A Câmara Municipal de Limeira foi primorosa em alguns momentos. Em outros, nem tanto.  

Para fazer justiça
Nem só de notícia ruim (envolvendo ou não a política) vive o homem. A Prefeitura e a Secretaria dos Transportes acabam de apresentar 18 novos ônibus, que integrarão a frota da Viação Limeirense. Em meio a tantos dissabores, quando o assunto é o transporte público urbano de Limeira, enfim uma grande notícia. Esses novos veículos devem estar em circulação pelas ruas a partir desta semana e as linhas que os receberão serão definidas entre o setor de transportes e a Limeirense. Que sejam contempladas as mais problemáticas.

Melhorias, sempre
É preciso que nesse embalo, os problemas estruturais também sejam resolvidos. Em especial aqueles que dizem respeito ao tempo de espera do usuário no ponto do ônibus e, principalmente, às quebras apresentadas nos últimos tempos. É importante que essa renovação não pare nesses 18 novos carros. E que a fiscalização às concessionárias seja eficiente e rigorosa. Pois lá se vão quase 30 anos de marasmo e inoperância do poder público nesse setor. Se deixar de empurrar os problemas com a barriga, tudo fica melhor.

O caminho da dor
Como havia alertado em outras ocasiões e como está sendo o assunto da semana, parece-me que o bom senso começa a prevalecer entre as associações de classe dos médicos. Depois dos tristes episódios dominados pela arrogância, intolerância e preconceito e repercussão negativa na opinião pública era preciso mudar. Mesmo porque o Programa Mais Médicos não é impositivo. É de adesão espontânea. E se os médicos brasileiros não querem atender nas regiões mais carentes no interior do País, que se dê oportunidade a quem quer.

Pergunta rápida
Quem realmente tem medo de um possível sucesso do Programa Mais Médicos do Governo Federal?

É a prova de fogo
Situação estranha essa história da contratação de empresa para nebulização de criadouros do mosquito da dengue. Um contrato emergencial, que está se encaminhando rapidamente pelas vias judiciais. O levantamento feito pelo vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), parece-me extremamente grave no seu conteúdo e a própria sequência de matérias, que esta Gazeta vem desenvolvendo, apontam para problemas que podem tirar o sono de muita gente. Como o tema envolve diretamente o Poder Executivo e a Secretaria da Saúde, na gestão de Raul Nilsen Filho, será preciso uma atenção especial ao desenrolar da CPI da Dengue. Uma ótima oportunidade para os vereadores situacionistas provar isenção.

Nota curtíssima
Caos. Hoje, de longe, é a melhor definição para o sistema de semáforos de Limeira. Quanta paciência...

Perigo constante
Ainda paira no ar, e deve ser preocupação para jornalistas e usuários das mídias sociais, o descontrole de alguns agentes públicos, que não entendem o que significa - e teimam em desdenhar - a liberdade de expressão. Mais que uma declaração pública de incompetência e arrogância, esses agentes assinam, também, um atestado de ignorância em relação aos direitos e garantias do cidadão.

Frase da semana
 “Aqui não, Caiman Latirostris [jacaré]”. Do vereador Raul Nilsen Filho (PMDB) ao se defender das acusações de irregularidades na contratação emergencial para nebulização do mosquito da dengue. Segunda-feira, 26, na sessão da Câmara.