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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Resumo da eleição: as lições que ficaram

Neste artigo de hoje vou meio que plagiar o tema descritivo do Prêmio Gazeta de Literatura, recém-encerrado, apenas trocando uma palavrinha: em vez de Copa, eleição. Embora muitos ainda acreditem que andam juntas, não foi o que se viu na campanha eleitoral deste 2014, ano também em que, nos meses de junho e julho, o País sediou o Mundial de futebol da Fifa. Se sobraram lições da Copa, muito bem exploradas por todos os participantes em suas redações e, de forma consciente, expostas à comunidade estudantil, produzindo reflexões interessantes para quem julgou os trabalhos, não foi diferente com as eleições. O pleito, que teve seu ápice no último domingo, com a recondução da petista Dilma Rousseff – com vitória apertadíssima sobre o tucano Aécio Neves – para mais quatro anos frente ao Palácio do Planalto, também deixou muitas lições. E em todos os sentidos. Vou citar duas. Do como fazer política, e do como não fazer também. E se fôssemos destacar esses dois caminhos, o “não fazer” ganharia estourado, sem margem de erro para mais ou para menos. Foi, infelizmente, o escolhido pelos dois candidatos, Aécio e Dilma, desde o primeiro turno, apenas com uma paradinha básica para desconstruir a socialista Marina Silva, que cresceu nas pesquisas e assustou a ambos. Isso, entretanto, faz parte de uma história recente, que mais à frente será muito discutida sobre todos os vieses que produziu.
“Campanha agressiva”, exclamou a candidata à reeleição, ao votar em Porto Alegre. “Campanha sórdida”, da mesma forma, expressou seu adversário, em Belo Horizonte. Um reconhecimento ao baixo nível dos ataques e contra-ataques um pouco tardio (um mea-culpa dos dois candidatos, talvez), que poderia ter sido evitado através de um debate propositivo e não de beligerância declarada. Como foi. Primeira lição fácil de aprender, mas que parece não entrar nas cabeças daqueles que querem manter, como também daqueles que querem reconquistar, o poder. Como se o mais importante fosse justamente garantir esse status (que ficou bem claro, principalmente pelo lado do PT) e demonstrado também pelo PSDB. E, nesse caso, a imprensa cumpriu de forma brilhante o seu papel ao mostrar diariamente esse clima de “guerra”, que se espera, agora, volte à civilidade através de atitudes sensatas dos dois grupos que polarizaram na reta final.
A segunda lição, de tão velha e surrada discussão, entendo ser a mais importante e que deve nortear as condutas daqui para frente: uma reforma política imediata, tão prometida quanto esquecida nas gavetas dos gabinetes palacianos, que possa devolver a credibilidade aos agentes públicos com cargos eletivos. Qualquer outro debate que não seja esse, significa dizer que está bom para todos os envolvidos e, então, até daqui a quatro anos. Essa sim, uma lição difícil, mas não impossível de ser ensinada e aprendida. A política partidária não pode ser pretexto para romper amizades e tampouco estimular o preconceito, o ódio e a intolerância. Um voto vale um voto. Não importa se do Sul, ou do Norte, do Sudeste, do Nordeste ou do Centro-Oeste. O livre arbítrio garante essa matemática. Ensinado está, resta fazer a lição de casa de forma correta.   

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