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domingo, 29 de junho de 2014

Prazo quase esgotado. Vem aí a “copa” eleitoral

Os partidos e coligações políticas têm até amanhã, 30, para oficializar seus candidatos que concorrerão a cargos eletivos em outubro. Em lista completa, para aqueles que assim o fizerem. Presidente da República, governadores de estado, deputados federais e estaduais e senadores. É o prazo legal da Legislação Eleitoral brasileira e está no calendário oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Daqui para frente e no pós-Copa do Mundo, a política dominará os noticiários e ocupará, em boa parte, o tempo de analistas e colunistas, que tentarão entender e antecipar os prognósticos, para a eleição mais disputada das últimas décadas. E até com requintes de perversidade e troca de insultos. E isso não é futurologia, pois já vem acontecendo pela polarização PT-PSDB, que ao que tudo indica não será quebrada. Pelo menos não ainda neste ano. Espera-se de tudo, menos daquilo que é mais importante num momento como este: o debate de ideias e propostas. Será pela regra da rasteira do golpe baixo. E com muitos candidatos. E tantas siglas que embaralham até a visão.

Sopa de letrinhas
E não vai parar por aí, não. Se os cargos executivos estão sendo disputados a tapa, os legislativos serão no pescoção. Ambos, evidente, no bom sentido. Se é que possível ver algum sentido nisso. E os candidatos que mais chamarão atenção serão aqueles que concorrerão à Câmara Federal e às assembleias legislativas. Um prato fundo e cheio de uma sopa de letrinhas pronta para afogar os eleitores.

E será de baciada
Sem citar nomes, por enquanto, Limeira vai tendo seus candidatos oficializados e que não serão poucos. As vaidades estão afloradas e até o interesse público é esquecido em nome de interesses pessoais e partidários. Esta Gazeta, num primeiro levantamento feito em abril, apontava uma marca recorde de candidatos: 19, ao todo, mostrados em matéria da jornalista Érica Samara da Silva, no dia 27.

Vai rachar de vez
Para provar que esse número pode até ser atingido, as convenções começaram a indicar seus nomes. No dia 21 de junho, em nova matéria, pelo menos dois nomes já estavam oficializados. Na quinta-feira, 26, veio a confirmação de outros cinco, que também foram homologados. Como a lista deverá estar completa amanhã, outros nomes integrarão essa lista. Pode faltar eleitor para tanto candidato assim. Racha sem sentido.

Ninguém aprende
Com essa profusão de “bem-intencionados”, o Município corre, seriamente, o risco de ficar sem representantes, tanto na Câmara dos Deputados, como na Assembleia Legislativa. Como já ocorre há muito tempo. Para ficar na dependência da boa vontade dos vizinhos. Uma divisão que poderia ser bem menor, caso houvesse bom senso e entendimento. E, principalmente, o real interesse público. E não apenas o pessoal.

É preciso refletir
Que os leitores não se cansem pela insistência no assunto, mas alguém precisa ter juízo. Para mostrar que essa divisão, que aos poucos vai se confirmando, só trará prejuízos à cidade. Que já tem escassez de lideranças. 

Os fatos e os fatos
Três notícias interessantes desta semana que passou,  na Gazeta de Limeira. Entre quarta e sexta-feira. O prazo que a prefeitura deu à concessionária do transporte público urbano para novos ônibus, pois a frota está velha. O preço pago pelos ovos de Páscoa, que foi uma pedra na administração de Paulo Hadich (PSB), no primeiro ano de seu governo. E seis cozinhas interditadas em escolas da rede municipal: duas por suspeitas de vazamento de gás e outras quatro por falhas em normas de segurança. Não são os jornalistas e nem os analistas que produzem notícias de baixo impacto para a popularidade do governo. Elas vêm de dentro da própria administração pública, que ao acenar com a mudança durante a campanha, fez tudo do mesmo. Ou até pior.

Sem a terceira via

A política nacional está beirando ao hilário. Para não dizer ridículo mesmo. E o pior é que não há, a curto prazo, alternativas viáveis. O que parece não é; e o que é não se parece com nada daquilo pela qual a sociedade esperava. O discurso é um e a prática é outra. Se o PT se perdeu numa retórica que não cabe mais nesses tempos, o PSDB se encaminha para um envelhecimento precoce, sem ter sido jovem. Dilma e Aécio ficam num jogo de cabo de guerra por coligações, que não representam as ideias as quais defendem. O que vale é a quantidade e não a qualidade. Ambos dividem o mesmo barco, remando em direções diferentes. E o eleitor foi transformado em bobo da corte.

Hora da redenção?
Se era preciso punir, a Fifa agiu de forma correta com Luis Suárez, do Uruguai. Ruim para a Copa, que perde uma estrela, mas bom para o futebol, que ainda carece de uma repaginada no quesito disciplina. Principalmente dos dirigentes e cartolas de clubes.

Pergunta rápida
O que doeu mais, a mordida de Suárez ou a eliminação da Itália da Copa no Brasil?

Na medida justa
Ao se retirar da relatoria da Ação Penal 470, o mensalão, o ministro Joaquim Barbosa, que vai deixar também a Presidência do STF, abriu caminho para um novo relator, que hoje é o ministro Luiz Carlos Barroso, um neófito no Supremo. E no momento do julgamento de dois recursos complicados: a prisão domiciliar de José Genoíno e o direito ao trabalho a Dirceu, Delúbio e outros. Propagou-se, então, a volta da impunidade, certos de que Barroso seria condescendente e afrouxaria as regras. Engano grosseiro. O novo relator manteve Genoíno na prisão, mas autorizou o trabalho durante o dia de quem tinha mesmo esse direito. Precisamos de juízes, não de justiceiros. O bom senso não faz mal a ninguém. Desde que se disponha a usá-lo como regra.

Nota curtíssima
A Copa do Mundo no Brasil continua. Os uivos estão cada vez menos audíveis.

Frase da semana
“O ‘Não vai ter Copa’ virou o mundial dos gols”. Do colunista esportivo Paulo Vinicius Coelho, o PVC, em artigo na Folha de S. Paulo. Na sexta-feira, 27.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Bandeira rasgada
Prefeitura fala em regularizar motofrete, mas esquece do serviço de mototáxi. Para quem não se lembra, legalizar o transporte de passageiros por motocicletas era uma das prioridades do então vereador Paulo Hadich (PSB). Hoje prefeito, não se fala mais nisso. O que será que mudou de um cargo para outro?

Serviço bem ativo
Pelo sim ou pelo não. Regularizados ou não, os mototaxistas operam normalmente. E, por seu baixo custo, é um serviço muito utilizado pela população. Se fosse legalizado, com certeza traria benefício aos profissionais e mais segurança aos usuários. Enquanto isso...

Falta até o mastro
Outra bandeira de Hadich, enquanto vereador, a redução do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, ou simplesmente ISS) foi arriada. Aliás, falta até mastro para ela. Não dá para entender como se muda tanto de opinião, assim que se muda de cargo político.

Aprovação clara
Quando vereador, Paulo Hadich lutava incessantemente contra a maioria governista na Câmara, que não queria nem saber em reduzir esse imposto. Agora prefeito, e com a Câmara nas mãos, ele se esqueceu de seu projeto, que com certeza beneficiaria muitos prestadores de serviços. E trabalhadores também. Difícil é fazer. Mesmo quando é fácil de falar.

O dito pelo não...
...dito. Ficamos assim, então. As promessas eleitorais são feitas para não serem cumpridas. Os políticos fingem que assumem compromissos. E os eleitores fingem que acreditam. Não existe joio e nem trigo. Apenas a mesma farinha. Em sacos diferentes.

Solução atrasada
Mais um ônibus da Limeirense quebrado. A frota está velha e há cláusula contratual para sua renovação, que não é cumprida. E contrato não cumprido foi feito para ser quebrado.

A última de hoje
E José Sarney está deixando a vida pública. Não vai concorrer mais a nenhum cargo eletivo. A família Sarney, entretanto, continua ativa e promovendo estragos no Maranhão. Quem sabe este não é o ano de o povo maranhense dar seu grito de independência.

terça-feira, 24 de junho de 2014

A insatisfação medida em números

O País corre um grande risco de ter seu próximo – ou próxima - presidente da República e governadores de Estado com altos índices de votos brancos ou nulos. E até mesmo de rejeição. Fruto do descontentamento da população, que dá mostras de que está cansada de discurso e de promessas, as pesquisas eleitorais vêm apresentando características desse estresse eleitoral, que atingiu o cidadão. Os índices contidos nas últimas pesquisas, que apontam 30%, ou mais, de indecisos – ou seriam incrédulos? - que não estão dispostos a votar em nenhum dos candidatos até agora apresentados, é um sinal claro de insatisfação, que já não escolhe ideologia ou partido político. Aponta para uma única direção: a da mudança na tradicional forma de se fazer política. Acentue-se, neste caso, é na forma como a ciência política é tratada pelos políticos, que têm abusado dos benefícios (pessoais e de seus grupos), facilitados pelos cargos que ocupam.
Parece-me, num primeiro momento, que não há volta possível para essa onda crescente de descontentamento, que já não aflige mais as diferenças sociais, de classe mesmo, mas a sociedade como um todo. As manifestações e protestos se fecham de fora para dentro, encurralando os interesses partidários, o que é um dado bastante positivo e uma forma, até então pouco estimulada, de dizer chega aos convencionalismos e ao status quo que tomou conta da classe política nacional. Como não se trata de uma ciência exata, essas impressões são um retrato do momento e podem mudar.
E são os próprios políticos, que se transformaram em profissionais do engodo, em vez de servidores do povo, que dão todos os motivos para que isso aconteça. Antes de debater ideias, abusam da troca de acusações e da disseminação do ódio, como forma de desconstrução de imagens. Não há mais preocupação em arrumar a própria casa, mas simplesmente desarrumar a alheia. Troca-se a discussão programática pelo ataque pessoal (e até moral), sem o mínimo pudor ou respeito à opinião pública. E é essa mesma opinião pública quem começa, de forma tímida, a estancar a enxurrada de baixarias, na qual se transformou o embate político-partidário e ideológico. Não é por acaso que os índices de popularidade medidos pelas recentes pesquisas vêm caindo assustadoramente sem que haja reação lógica daqueles que se apresentam como alternativas às mudanças necessárias e almejadas, porque também não o são. Não apresentam diferenciais que levem à confiança do eleitorado. O que é extremamente preocupante, porque essa divisão é ruim ao próprio processo democrático em questão, ao propiciar o surgimento de aproveitadores disfarçados em lideranças, despreparados ou sem nenhuma sintonia com a realidade. O roto e o rasgado se revezam com o chapéu na mão para manter seus domínios ou conquistar a trincheira adversária.
O País está prestes a eleger – ou reeleger – governantes, que deverão, quando muito, atingir cerca de 40% do eleitorado. Não chegarão nem perto de ter a opinião pública como termômetro para medir o grau de confiança a partir do resultado das eleições. É preciso refletir, e muito, sobre isso. Talvez, assim, se proponham a virar o jogo, que até agora está com o placar desfavorável a todos os candidatos. 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Um projeto eleitoral e os interesses da população

A eficiência da gestão do PSDB no Estado de São Paulo é uma bela teoria defendida pelos tucanos de alta plumagem e seus filhotes de ninho. Na prática, nem sempre é condizente com os rasgados autoelogios que saem das bocas dos principais caciques da sigla. E a prova concreta está no Ambulatório Médico de Especialidade (AME) de Limeira, carro-chefe da então campanha do governador José Serra à Presidência da República, em 2010. Inaugurado com pompa, após ter se apropriado de uma propriedade do Município, o AME atendeu, e muito bem, a quem dele precisava. Até passar os interesses de Serra e sua trupe, após a derrota para a petista Dilma Rousseff. Consultas e exames de primeiro mundo foram o mote do ambulatório, que tinha um convênio com a Santa Casa. E todos estavam felizes. Até um ano após a derrota nas urnas, quando o convênio foi rompido, conforme mostrou esta Gazeta. E as dificuldades dos pacientes se transformaram em drama mesmo. Muitos ficaram sem os exames e outros  só são feitos em São Paulo.

Acabou-se o doce
A introdução feita acima vem no sentido de embasar uma nova análise entre interesses eleitorais e as reais necessidades da coletividade. Na última quinta-feira, em nova matéria, a Gazeta mostrou que o Município pretende absorver os exames do AME - cuja obrigação é do governo estadual - que não mais são feitos em Limeira, obrigando esses pacientes a se deslocarem até a capital paulista.

Ações corretivas
E neste caso, a ação que a Secretaria Municipal da Saúde pretende colocar em prática é uma conta simples: fazer o levantamento dos custos dos deslocamentos a São Paulo com os custos dos exames para, então, banca-los aqui mesmo. É a chamada operação entre custo e benefício que, se concretizada, vai favorecer os limeirenses que dependem da saúde pública. Uma atitude que merece ser elogiada.

Gestão indigesta
Mais que uma simples equação matemática é preciso pensar, também, no conforto daqueles que precisam sair de Limeira para fazer um exame, muitas vezes desgastante. Hoje, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, são 80 pessoas transportadas mensalmente e que poderiam estar sendo atendidas sem sair da cidade. O governo estadual deu com uma mão e tirou com a outra. E agora quem banca é o Município.

Falta autocrítica
Eis o grande paradoxo. As maiores críticas à administração municipal, hoje, saem das bases tucanas limeirenses. Essas mesmas bases que nada fizeram para sensibilizar o governo do qual fazem parte, a manter os serviços prestados pelo AME da forma como foram inicialmente concebidos. É curiosa essa relação entre política e interesses públicos. Infelizmente é o povo que fica sempre à mercê dessas práticas eleitorais.

Tudo muito igual
Esse toma-lá-dá-cá político não é prática exclusiva dessa ou daquela agremiação partidária. Quando o assunto é eleição todos se igualam entre suas promessas mirabolantes e muitas rasteiras inevitáveis.

Todos fisiológicos
Aos poucos o ciclo eleitoral vai se fechando e as definições tomam forma e das mais inacreditáveis possíveis. De conveniência mesmo. E disputas internas não cessam, mesmo quando se tenta manter aparências de unicidade em torno de uma proposta e de candidatos. Para não perder de vista os interesses de continuidade. Em qualquer situação. O governo federal, por exemplo, se submete ao PMDB para manter seus preciosos minutos de propaganda política no rádio e na TV. Aqui, no Estado de São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin anuncia que o vice de sua chapa será do PSB, de Eduardo Campos, concorrente direto do senador Aécio Neve, que como Alckmin é também tucano. Ao que tudo indica SP terá palanque duplo em outubro.

O ninho remexido
Essa união entre o PSB e o PSDB em São Paulo, que serão protagonistas da chapa para as disputas ao governo do Estado, fragmenta ambos os partidos. Pelos lados do PSB, quem sai perdendo é Marina Silva, que será vice na candidatura presidencial de Campos e contrária, desde o início, a uma aproximação com os tucanos. E Luíza Erundina. É visível o desconforto. E no PSDB fica uma grande dúvida em torno de sua própria unicidade, pois terá que, no mínimo, dividir o palanque presidencial entre seu próprio candidato, Aécio, e o socialista. Um verdadeiro malabarismo eleitoral que expõe dúvidas sobre a unanimidade em torno do senador mineiro à Presidência.

Tem ferida aberta
Sabe-se, e isso não é novidade, que há uma cicatriz ainda não curada dentro do próprio PSDB, que envolve vaidades arranhadas. Pode ser contestada, mas não desmentida.

Pergunta rápida
Marina Silva concordará em subir ao palanque com Geraldo Alckmin?

Luz avermelhada
Se as vaidades tucanas ainda teimam e “dividir” suas lideranças – mesmo que todos neguem, ninguém consegue esconder – o Palácio do Planalto acedeu de vez à luz vermelha para a reeleição de Dilma Rousseff. E o que parecia ser céu de brigadeiro, transformou-se em nuvens carregadas para o staff petista, que até antes dos manifestos de junho do ano passado, comemoravam a disputa encerrada já em primeiro turno. Apesar de voltas e reviravoltas políticas serem imprevisíveis, o marqueteiro João Santana terá muito trabalho pela frente, mesmo com as candidaturas de Aécio Neves e Eduardo Campos não empolgando o eleitorado. A verdade é que será uma eleição muito dividida, com um terço do eleitorado descontente.

Nota curtíssima
A mobilidade urbana em Limeira é um constante sinal fechado para todos os lados.

Frase da semana
“O governador Geraldo Alckmin vai fazer campanha com Aécio Neves, candidato de seu partido”. Do secretário da Casa Civil de SP, Edson Aparecido, sobre aliança com o PSB, de Eduardo Campos.  Na Folha de S. Paulo. Sexta-feira, 20.

quinta-feira, 19 de junho de 2014



Tudo muito calmo
A Copa do Mundo da Fifa no Brasil finaliza hoje a primeira semana de competições, dentro de uma normalidade que ninguém esperava. Protestos sem grandes repercussões midiáticas e estádios lotados. Até agora, podemos dizer, um evento impecável por tudo o que se previu.

E uma explicação
Até dá para entender o esvaziamento das manifestações. É que de última hora o governo federal resolveu se acertar com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que poderia fazer a diferença na mobilização e recrutamento de pessoal. Quebrou o esquema.

E já “habemus”...
Na política local temos os primeiros três nomes oficializados em convenções partidárias às disputas de cargos legislativos. Pelo PR, o vereador Miguel Lombardi tentará a Câmara Federal; pelo PSC, outro vereador, José Couto de Jesus, o Totó do Gás, concorrerá à Assembleia Legislativa e pelo PMDB, Rafael Camargo, também a deputado estadual. Rafael é filho do ex-vereador e médico Odair Camargo. E é só o começo.

...mas não teremos
Mais uma vez dá para prever que não teremos representantes, nem na Assembleia Legislativa e nem na Câmara Federal. A vaidade política mata qualquer preocupação com o povo. A divisão de votos será evidente, porque os nomes não pararão por aí.   

Farpas com farpas
No cenário nacional os egos estão inflados. Os insultos trocados por candidatos e caciques do PSDB e PT demonstram qual será o nível da campanha. E não se trata do bem contra o mal, de bandido contra mocinho não, pois não há santo e nem inocentes de nenhum dos lados. O saco é diferente, mas a farinha é a mesma.

Brincadeira, mas...
...em qualquer brincadeira há sempre um fundo de realidade. Se até o final do torneio a Copa do Mundo se mostrar um sucesso, como o fez até agora, não vai demorar em que se peça uma CPI da Copa. Alguém deseja apostar nessa possibilidade? E eu já tenho até o nome e o partido do deputado...

A última de hoje
Uma tristeza ver a atual biblioteca pública da forma como está. E o prédio novo sendo utilizado para outra finalidade. Pura falta de sensibilidade e de visão. Nota zero.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Um triste começo. E com fim imprevisível

Com o início do período legal das convenções partidárias para a escolha dos candidatos aos cargos eletivos que serão disputados no dia 5 de outubro, começou também uma troca de acusações desnecessárias e o destempero de velhos caciques bem conhecidos no cenário político nacional. Em vez de olhar para frente preferem ressaltar o passado. E da pior forma possível, revolvendo o lixo que já deveria ter sido reciclado e reaproveitado em benefício do País em vez de exalar apenas do mau cheiro característico, toda vez que é remexido. Entre as novas e as antigas lideranças, a preocupação não é o aprendizado com os acertos, mas a exaltação ao erro cometido e que, invariavelmente, vai levar a novo erro.
E duas facetas dessa obscuridade, que ao que tudo indica vai permear a campanha eleitoral deste ano, foram dados nas convenções dos dois partidos que vêm polarizando a política nos últimos 20 anos, PSDB, no sábado, e PT, no domingo. Sem a preocupação de mostrar alguma novidade e a possibilidade real de mudança, enroscaram-se na velharia dos discursos de antanho, onde é mais fácil desconstruir o que já foi construído e conquistado, como se fossem pais e mães dos mesmos filhos, disputando a paternidade biológica de todos os avanços. E, cada um a seu modo, antes de se posicionar sobre a necessidade e vontade populares, prefere polir seus próprios egos com autoelogios descarados.
FHC e Lula deram um péssimo exemplo no último final de semana, assimilado por seus pupilos, que não mediram esforços para mostrar quem gritava mais alto e proferia os “melhores” xingamentos contra seu adversário. E em ambos os casos são frutos de uma mesma árvore e se não se preocuparem com a qualidade daquilo que podem oferecer, apodrecerão antes mesmo de serem aproveitados. O protagonismo, que deveria ser essencialmente o debate em torno de ideias e programas políticos, acabou sendo coadjuvante. Os personagens principais apostaram no clima de guerra, quando o momento deveria ser de reflexão, tendo a Nação como objetivo, não seus próprios umbigos. E os discípulos seguiram seus mestres no mesmo tom, dando ao País e aos eleitores uma amostra grátis do que virá pela frente. Que ninguém espere um debate em alto nível, porque a baixaria vem sendo incentivada. E por quem deveria servir de modelo e não de mau exemplo. E nesse caso não há mocinhos e nem bandidos
Tanto Lula e FHC deixaram legados positivos e negativos ao Brasil. Mais positivos que negativos, é bom que se esclareça. Isso não lhes dá, entretanto, o direito de vociferarem um contra o outro. Pois se um ataca, o outro contra-ataca no mesmo nível. E sempre da cintura para baixo. A contaminação das campanhas por esse tipo de veneno, entretanto, reduz as expectativas de os brasileiros saberem em quem podem confiar. Seria conveniente, pelo bem da democracia e dos princípios republicanos que, antes de exporem os defeitos um do outro, ambos deveriam realçar suas próprias qualidades.

domingo, 15 de junho de 2014

Perigo sobre duas rodas. Ou mera imprudência?

Na semana passada, mais precisamente na edição de domingo passado, esta Gazeta trouxe manchete estarrecedora do ponto de vista da segurança no trânsito. O número de acidentes envolvendo motociclistas e a quantidade de feridos que deles saíram. Ao todo 481 condutores se acidentaram entre janeiro e abril e, o que mais assusta, a média diária de acidentes: um a cada seis horas. Ou seja, quatro nas 24 horas do dia. Acidentes esses atendidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu, que apresentou essas tristes estatísticas. A matéria, da jornalista Érica Samara da Silva, além de detalhar a gravidade da situação, apresentou os reflexos que cada acidente proporciona, na questão da saúde pública, mobilidade urbana, produtividade urbana e, principalmente, o desespero que envolve familiares dos acidentados. Segundo o Samu, a pressa é a grande vilã da história, mas há a imprudência e inexperiência do condutor também. E não é preciso ser expert no assunto para entender o escopo desses números. Basta circular diariamente pelas ruas da cidade para constatar o fato.

Cada um na sua
Por isso abri os meus comentários de hoje com o título da nota inicial da coluna, que enfatiza a imprudência dos  “motoqueiros”. Ou motociclistas? Boa parte dos acidentes envolvendo motos, e isso é uma grande verdade também, acontece por imprudência do próprio motorista, que desrespeita as paradas obrigatórias ou entra em rotatórias sem se atentar para o fluxo de tráfego. As consequências...

E é sempre atual
Quem acompanha a coluna Texto&Contexto percebe que esse tema é recorrente em meus comentários. Mesmo assim, nunca é demais insistir e sempre trazê-lo à tona, quando deparamos com informações tão tristes como as que envolvem acidentes com motocicletas, cuja estabilidade, por ser um veículo sobre duas rodas, é mínima. E sua condução deve ser muito mais cuidadosa ainda.

Agilidade burra
Como já quase fui “vítima” dessa imprudência – e de motoristas desatentos também – procuro ter a máxima atenção com a circulação de motos. Como veículo versátil, o próprio condutor não percebe o risco quando se aventura a “costurar” para chegar mais cedo. Infelizmente, para a maioria daqueles que pilotam nas ruas da cidade, não existem sinais de ‘pare’ ou o ‘vermelho’ dos semáforos. Principalmente os que fazem entregas.

O sistema falha
A conclusão disso tudo é lógica, pois, por mais que a haja imprudência e inexperiência de condutores, acredito que o problema é bem mais grave. Está na má formação do motorista, do motociclista pelas auto e moto-escolas. O processo para formar um maior número de pessoas legalmente aptas a dirigir ou pilotar é que é deficiente. É preciso repensar isso com urgência. E pensar na qualidade da formação, e não na quantidade.

O tirano e a lei
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, expôs sua conhecida aversão pelas opiniões contrárias das dele. Pisoteou a Constituição Federal e violou todas as regras do Direito brasileiro.

Está havendo Copa
Com acertos e desacertos. Atrasos e obras inconclusas, começou a Copa do Mundo da Fifa no Brasil. Entre mortos e feridos, apenas alguns arranhões, poucos manifestantes e o tradicional quebra-quebra de vândalos (não se deve confundi-los com os verdadeiros manifestantes) e a conhecida truculência e o despreparo das polícias para atuar em situação de conflito. E por incrível que pareça, enquanto a depredação de patrimônios públicos e particulares avança, não aparece um policial para conter os verdadeiros criminosos. Nas passeatas de rua a Polícia Militar está lá e produz cenas como a de um manifestante agarrado pelo pescoço, atirado ao chão e, enquanto seguro, vem outro policial e borrifa spray de pimenta em seus olhos propositalmente. Falar o quê?

O ponto negativo
Um momento que poderia se tornar histórico na abertura desta Copa foi tratado como secundário, e com pouca visibilidade. O projeto do neurocientista brasileiro, Miguel Nicolelis, criador de um exoesqueleto e que fez um paraplégico dar um passo e o “chute inicial”, que deveria sim, ser no círculo central do gramado e com o destaque que de fato merecia. Infelizmente nada disso aconteceu, e a entrada do ônibus com a seleção brasileira no “Itaquerão” foi mais importante para a mídia. Se fosse em qualquer outro país do mundo, a pesquisa do doutor Nicolelis seria destaque. Por aqui é o “complexo de vira-latas” que determina a importância ou não do momento. É questão cultural mesmo não valorizar as coisas boas que temos e mostrarmos para o mundo.

Esgoto da alma...
E o mais triste de tudo. Houve até quem fez piada preconceituosa com o momento, através das redes sociais. Para piorar a situação, há quem ache graça e até compartilhe.

Pergunta rápida
De que cor é a onda verde nos semáforos da região central de Limeira?

É censura prévia
E está valendo para as emissoras de rádio e TV a proibição em transmitir programa apresentado ou comentado por candidato escolhido em convenção às eleições de 2014. O prazo começou a correr no último dia 10 e faz parte do calendário divulgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo preceitos da legislação eleitoral vigente no País. Um dos tantos absurdos que a lei impõe, por falta de uma reforma política. Mesmo que o objetivo seja o mais nobre possível, que é o de evitar o favorecimento àqueles que dispõem de horários e programas radiofônicos e televisivos em detrimento aos demais candidatos. A legislação eleitoral brasileira precisa rejuvenescer. Rever conceitos.

Nota curtíssima
A vaia pública expressa o desagrado. A ofensa pura e simples espelha falha de caráter.

Frase da semana
“Nenhum governante pode gabar-se da realização da Copa no Brasil”. Do ex-jogador e tetracampeão mundial, hoje deputado federal, Romário, em artigo publicado no UOL Notícias-Opinião. Quinta-feira.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Há como piorar?
Não sou o primeiro – e também não serei o último – a afirmar que a base aliada de Paulo Hadich (PSB) está se perdendo. Pode-se negar o quanto puder, mas que há um desconforto com o Poder Executivo, isso é perceptível. Até mesmo entre os petistas, a maior bancada, já não há mais unanimidade. Se essa corda arrebentar...

É opção lógica 
Confesso que não estranhei a adesão de Hadich à campanha do tucano Geraldo Alckmin para o governo do Estado. Mesmo seu vice sendo do PT. Se fosse o contrário é que seria surpresa. Coisas da política.

A constatação
Está cada vez mais difícil de a administração municipal se explicar perante a população. Até mesmo o explicável se complica, cada vez que se tenta explicar as ações de governo.

Sorte presente
A situação só não é pior porque a oposição é falha, e tenta se colar nas frustrações do povo. Não tem ações concretas que a movam.

Pra lá de real
Para quem não acreditava que as manifestações iniciadas em junho do ano passado iriam muito além dos R$ 0,20 do Movimento Passe Livre (MPL), a prova está no resultado da pesquisa do Datafolha: 1/3 do eleitorado (cerca de 30%), não quer nem o PT e nem PSDB. Mesmo sem uma terceira via concreta, está ai uma oportunidade a quem ir por ela.

E vão engolir
Por isso petistas e tucanos descaracterizaram – ou pelo menos tentaram – as manifestações como resultado da insatisfação popular. As primeiras consequências são demonstradas pelo eleitorado. Em curto prazo resultaram nos R$ 0,20. A longo, prejuízo para muitos partidos políticos. A reforma se faz cada vez mais urgente.

A última de hoje
Logo mais, à tarde, começa a Copa do Mundo da Fifa no Brasil. Apesar de envolver uma paixão do brasileiro, o futebol, ela nada tem de popular. Muito pelo contrário. As arquibancadas foram feitas para uma minoria privilegiada, mas que vai lotar os estádios.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Cabeça, tronco e membros em decomposição

A partir de hoje “é permitida a realização de convenções destinadas à deliberação sobre coligações e à escolha de candidatos”. Está lá, no calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para este ano e atende ao artigo 8º da Lei nº 9.504/97. A legislação que regula as eleições no Brasil. Outras determinações importantes também têm o dia 10 de junho como ponto de partida, mas vou me ater à questão das coligações entre os partidos. E sem a devida afinidade ideológica ou de conteúdo programático, daqueles que encabeçam chapas majoritárias ou proporcionais. E muito menos os interesses éticos obrigatórios.
Uma disputa que não impede ninguém de procurar desafetos e até adversários viscerais, quando se está em jogo o poder, mas não o bem-estar coletivo, que faz parte das eternas juras de amor dos candidatos para com a população. O grande lance, hoje, é agregar quantidade e não qualidade. Pois é esta quantidade que vai determinar o tempo de propaganda no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão, a menina dos olhos de todas as agremiações políticas. Uma equação política em que quanto mais minutos e segundos cada partido conquistar com seus aliados, neoaliados ou uniões fisiológicas de última hora, melhor será o desempenho eleitoral. Não acredito nessa transferência imediata de valores, e muito menos nos seus resultados práticos. O cuidado com a qualidade das alianças foi deixado de lado, o que possibilita o surgimento de aberrações eleitorais e de pouca confiabilidade.
Assim como fez com Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo pelo PT, em 2012, Lula obrigou seu novo afiliado, o petista Alexandre Padilha, candidato ao governo de São Paulo, a apertar as mãos e sorrir para as câmaras na companhia de Paulo Maluf (PP), um dos subprodutos da ditadura militar. E inimigo mortal do próprio Partido dos Trabalhadores, em outras épocas. Saliente-se, também, que o próprio FHC e todo o ninho tucano já abraçaram Maluf. E da mesma forma foram criticados, pois juntaram numa mesma missão reféns a seus próprios algozes, como numa espécie perdão coletivo às práticas de um passado não muito distante. Em nome da governabilidade.
Outra aliança (e essa já sacramentada de muito tempo), a do PSDB com o Democratas, também é uma desvirtuação política, pela própria história dos cardeais tucanos, perseguidos, presos e exilados pelo regime militar, que também é a origem do DEM, saído das fileiras do extinto PFL, que por sua vez nasceu de ex-integrantes da antiga Arena, partido que dava sustentação ao golpe de 1964. Portanto, como se pode ver, ninguém pode atirar a primeira pedra e depois esconder a mão. Outra estranha coligação, que seria improvável à luz da razão, uniu a evangélica e ex-verde Marina Silva ao socialista Eduardo Campos. Só não explosiva, porque também fisiológica.
E por fora corre o PMDB, que de qualquer forma será governo. Tanto com Dilma – de quem é aliado e tem o vice-presidente – quanto com Aécio ou Campos, se porventura um deles for eleito, continuará no poder. Usará de sua força política de partido amplamente majoritário para fazer um novo refém. Como o foram FHC e Lula. Entre o bem, que pouco dura, e o mal, que nunca se acaba, enquanto faltar coragem para se fazer uma reforma política de grandes proporções, só haverá troca de letrinhas, pois o caldo continuará o mesmo, e a produzir o mau cheiro que o sistema político brasileiro criou.

domingo, 8 de junho de 2014

Enfim, chegamos. Mas como vamos nos sair?

Por mais mesquinhas ou hipócritas que possam parecer, as críticas são importantes para que erros sejam corrigidos. Ou, no mínimo, para que as consequências deles não se mostrem danosas. De junho de 2013 para cá, com a ascensão das manifestações populares, virou moda dizer que “não vai ter Copa” (o correto seria “haver”), cobrando-se saúde, educação e segurança “padrão Fifa”. Até há um movimento, que virou hashtag nas redes sociais, com esse nome. Difuso, sem lideranças, muita gente sem saber por que protesta, disfarçada em movimentos sociais, entrou na onda. Puro propósito de ganhar visibilidade para o momento posterior. Agora é só o nome mesmo que está em jogo, tentando viabilizar as futuras lideranças. As reivindicações apresentadas, sim, são autênticas e a mais pura expressão da realidade. A mistura dos interesses que estão por trás delas é que não são confiáveis. Mais quatro dias e o Brasil abre oficialmente a Copa do Mundo de Futebol da Fifa – e não do Brasil – e é a partir daí que se vislumbrará o alcance das manifestações. Vai haver Copa, sim.

O tema da pauta
Nos próximos 40 dias, entre o início e o fim do torneio mundial de seleções, todos os olhos estarão voltados para as 32 seleções, nas 12 cidades-sede e, por tabela, para a demonstração de forças dos manifestantes. Se agirão com racionalidade, ou se partirão para a violência. Mascarados ou não, todos, inclusive aqueles que assistirão aos jogos, devem ter seus direitos respeitados. É constitucional.

Um padrão real
Essa história do “padrão Fifa” não me parece bem dimensionada. Mesmo porque o único padrão que a Fifa conhece é o do desrespeito ao direito de ir e vir do cidadão, no país em que ela aporta. Se cobrado que os valores investidos em estádios – inclusive os particulares, como é o caso do Itaquerão – o sejam também na saúde, educação e segurança, do povo, esse seria um ponto de partida.

Agora não mais
Como já deixei claro em outros comentários que fiz sobre o tema Copa do Mundo, entendo que o tempo de protestar contra a sua realização passou do ponto, a partir do momento em que o País foi anunciado, com pompa, como sede do evento, lá em 2007. Ficaram lá os esforços para o entendimento da real situação do País, e do que representaria a Copa. E refletir até que ponto ela caberia nas dimensões sociais locais.

Para terminar...
O legado social, econômico e político que a Copa vai deixar ainda não dá para prever. Haverá saldos positivos e, com eles, virão os negativos também. Só não acredito num possível efeito eleitoral – nem para a situação e nem para a oposição – seja qual for o desempenho da seleção brasileira. Até porque se o governo está tentando tirar proveito, a oposição não está criticando, para não entrar em conflito com os torcedores-eleitores.

Mais porcentuais
Já que estamos falando em política, mais uma pesquisa do Instituto Datafolha à corrida presidencial mostra nova queda de Dilma. E de Aécio também. Já o socialista-verde Eduardo Campos despencou. É da sexta-feira, 6. Se Dilma cai, os dois principais candidatos oposicionistas caem também. Se ela sobe, ambos sobem juntos. Nem o tucano, e muito menos o ex-governador do Pernambuco, conseguem capitalizar a queda da petista. Um fenômeno a ser estudado.

Cadeia produtiva
A iniciativa privada cobra transparência do poder público. É o óbvio ululante. Aliás, é uma obrigação de quem administra o dinheiro do cidadão. Só que a iniciativa privada também prima pela falta dela. Dentre as mais fechadas está a indústria do suco de laranja. E quem nos deu o exemplo foi o professor da UFSCar, Luís Fernando Guedes Pinto, em palestra sobre as margens de comercialização no sistema agroindustrial do suco de laranja, na última quinta-feira, durante a Semana de Citricultura, em Cordeirópolis. O professor de economia apresentou uma equação de conversão de medidas, para explicar a falta de prestação de contas do setor, que ganha, não divulga quanto e a conta final fica para o produtor – que é mal remunerado – e para os consumidores finais, enquanto a indústria e o varejo ficam com os lucros.

Interesses difusos
É lamentável como as autoridades políticas se deixam influenciar por alguns setores da sociedade, em questões consideradas tabus e de alta sensibilidade. A Anvisa, por exemplo, voltou atrás – após ter autorizado – na liberação da importação de medicamento à base de canabidiol, o princípio ativo da maconha, para tratamento de epilepsia. A agência se deixou levar por interesses eleitorais do Planalto. Um outro retrocesso, também na área da saúde, foi a alteração de uma portaria que modificava a tabela do SUS para abortos legais. Desta vez, sob a influência de setores religiosos – tanto católicos como de várias denominações evangélicas – que se julgam no direito de decidir sobre a vida e a morte. Isso porque estamos no século XXI.

Sob a tutela da fé
É bom lembrar, sempre, que a saúde pública está muito além dos interesses de segmentos religiosos. E muito acima de qualquer grupo, que ao professar um credo, apenas quer tutelar o livre arbítrio. Este é um país laico, e assim deve continuar. A igreja não pode, nunca, se confundir com o estado e vice-versa. Foi-se o tempo em que essa igreja era o centro do universo.

Pergunta rápida
Até que ponto silenciar a imprensa é conveniente para encobrir a improbidade?

Idoso no trânsito
Confesso que fiquei assustado com uma situação que presenciei na última terça-feira, envolvendo o trânsito no Centro da cidade. O risco que pessoas idosas correm de sofrer atropelamentos em cruzamentos, onde há semáforos para pedestres. Um senhor, até com certa dificuldade em andar, foi entrando na faixa de pedestres e atravessando a rua, sem se dar conta de que o sinal estava aberto ao tráfego de veículos e sem mesmo olhar para o semáforo de pedestres. E o que impressiona mais ainda é que a maioria das pessoas idosas age dessa forma. E para completar esse quadro, e também o maior complicador, está o curto período de tempo que esses semáforos ficam abertos para pedestres. 

Nota curtíssima
Águas de Lindoia recebeu a seleção da Costa do Marfim. Limeira, o marfim nas costas.

Frase da semana
“Os protestos são o preço da democracia". Da presidente Dilma Rousseff (PT), durante jantar com correspondentes estrangeiros no Palácio da Alvorada. No UOL Notícias. Quarta-feira, 4.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

É inadmissível
Desinformação e alienação são parentes muito próximos. E principais multiplicadores da ignorância política, social, cultural e tudo o que se possa imaginar. É difícil, entretanto, para quem trabalha com comunicação, aceitar que em tempos de redes sociais e acesso fácil e rápido à informação, isso ainda continue acontecendo. É um paradoxo dos tempos atuais.

Primeira lição
Quando entrei para a universidade cursar jornalismo, bem na metade dos anos 1970, uma das primeiras lições que tínhamos era sobre a disseminação do boato. Como ele corre fácil, e chega rápido ao seu destinatário. Quase quatro décadas passaram, e nada mudou. Mesmo com a informação chegando em tempo real.

Exemplo claro
O grave problema de saúde que acometeu ao médico e vereador Raul Nilsen Filho – até este momento internado e sedado na UTI da Medical - é a prova de todas essas teorias. O número de pessoas propagando a morte do político é impressionante e lamentável. Muitos por desinformação, outros por alienação e, boa parte, por má índole mesmo.

O perigo é real
Ações na calada da noite foram, sempre, sinônimo de autoritarismo. É a triste memória de um passado não muito distante. O golpe militar, em 1964, o AI 5, em 1968 e o fechamento do Congresso, em 1977, enquanto Corinthians e Ponte Preta decidiam o Paulistão daquele ano são os exemplos mais conhecidos. A pressão sobre a imprensa é só uma consequência dessa brutalidade. A ânsia pelo poder não mede esforços e não conhece os limites para isso.

Ao nosso lado
É muito triste, em pleno século XXI, ainda ter que conviver com todas essas ameaças. E olha que estou falando sobre Limeira. E não sobre a situação nacional. Espero que todos tenham entendido o recado.

A última de hoje
#Vai ter Copa. Um dado curioso, divulgado ontem: ingressos para os jogos do Brasil e partidas em SP e RJ estão esgotados. E 80% desse total adquiridos por brasileiros. Provavelmente são os mesmos que criticam a realização do torneio e pedem educação e saúde padrão FIFA.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Matemática política não fecha balanço

Para ficar aceitável, o transporte público urbano precisa melhorar muito. Em qualidade, eficiência e comodidade aos usuários, que ainda sofrem com atrasos, ônibus lotados e, principalmente com a falta de abrigos decentes para garantir o mínimo de conforto para quem espera pela condução. E isso ainda está longe de acontecer em Limeira. Embora haja muita discussão, realização de audiências públicas para debater os rumos do setor e as reclamações do segmento mais interessado nessas melhorias, a população, a teoria não avança para a prática. Os serviços prestados pelas duas (?) concessionárias continuam ruins e sem perspectivas positivas. E o que é pior, sob a tutela do poder público, que teima em subsidiar as viações que operam no Município.
Na última sexta-feira, mais um capítulo dessa novela foi escrito e com certeza vai provocar polêmica e muitas críticas junto à opinião pública, pelas três resoluções aprovadas no Conselho Municipal de Desenvolvimento do Transporte Público: aumento nos subsídios às empresas, no valor das tarifas e a aplicação de três níveis tarifários: R$ 3,00 para quem não possui cartão e para o vale transporte; R$ 2,75 para quem tiver cartão do transporte, definido pelo próprio Conselho como “preço promocional” e 1/3 do valor total para estudantes, que passarão a pagar R$ 1,00 e não mais meia-passagem. Esse, talvez, o único ponto positivo dos três apresentados. E que já devem vigorar a partir deste mês, através de decreto do prefeito Paulo Hadich (PSB), mas que ainda está em estudos na Secretaria de Assuntos Jurídicos, para definir a necessidade, ou não, de projeto, a ser aprovado pelos vereadores.
Aumento no preço da passagem é exclusivo do Executivo. A questão do aumento nos subsídios às empresas, entretanto, deverá passar pelo crivo da Câmara Municipal, assim como a própria lei que instituiu o transporte subsidiado pelo poder público. Uma matemática estranha essa, pois o Município custeia parte dos serviços do transporte público, que não repassa à população as melhorias cobradas e há muito tempo reclamadas. E que deveriam ser fiscalizadas de forma eficaz, justamente por quem concede esse subsídio. E o que mais assusta é o valor do dinheiro público que será repassado às viações Limeirense e Rápido Sudeste. De R$ 486 mil para R$ 755 mil mensais, uma alta escandalosa de 55%, para não definir de outra forma. E isso em menos de um ano de a lei do subsídio ser aprovada pelo Legislativo municipal.  
Essa triste prática em subsidiar serviços ou produtos no Brasil é uma herança nefasta – e nesse caso nefasta mesmo – para garantir propaganda positiva e manter as rédeas do poder nas mãos de quem está nele. Não oferece, entretanto, a contrapartida necessária, a tão cobrada redução nos gastos do governo - o chamado custo Brasil - que, por si só, seria saneadora das contas públicas, sem a necessidade de bancar setores da iniciativa privada. Enquanto isso não acontecer, o dinheiro público continuará escoando pelos ralos e o contribuinte pagando por essa conta, através de uma carga tributária extorsiva e surreal. Na matemática política não há denominador comum e quem tenha coragem de praticá-la, nas quatro operações fundamentais. Os números nunca batem. 

domingo, 1 de junho de 2014

Educação ou caso de polícia? Difícil saber...

Depois de algumas semanas longe das páginas dos jornais e do noticiário em geral, a violência na rede pública de ensino volta, e com mais notícias ruins. Só para variar um pouco. Primeiro foi um pai e uma mãe que agrediram uma professora; depois a agressão entre alunas, que rendeu até recolhimento e custódia na Fundação Casa; mais adiante, novamente uma agressão e ameaças de mãe contra professora e, agora, tumulto em uma escola da rede estadual de ensino no final da tarde. Estou falando do tradicional Grupo Brasil, onde, na quarta-feira, um aluno arremessou uma pedra contra viatura da Polícia Militar, da Ronda Escolar, que monitorava a saída de alunos do período vespertino. Por sorte não acertou um policial que estava próximo, e nenhum popular que aguardava no ponto de ônibus. Apenas o veículo. O que mais choca é que tem sido recorrente essa situação, principalmente em razão do uso de entorpecentes. E nunca se consegue identificar os agressores, que se misturam à multidão. Impossível que a direção da escola não conheça tais alunos, a ponto de não identificá-los. Não o fazem por medo de ameaças, e por não terem o devido respaldo do próprio Estado.

Problema insolúvel
E esses casos tanto se repetem que se tornaram corriqueiros no ambiente escolar, onde o professor é desrespeitado, a direção da escola fica de mãos atadas e nas mãos de verdadeiras gangues e nenhuma atitude prática é tomada por quem deveria. Esconde-se, o quanto se pode, esse grave problema, como se debaixo do tapete coubesse tanto lixo. E se tem a impunidade como incentivadora da violência. 

A família e a escola
O mais grave é que, em muitos casos, a própria família prefere passar a mão na cabeça do agressor, empurrando toda a responsabilidade à escola. Se a formação familiar é deficiente ou distorcida, não é a instituição de ensino quem vai dar jeito. Principalmente por que não tem as ferramentas necessárias, nem profissionais especializados e, muito menos, a atenção das autoridades públicas. É fato.

Sem cozinha e fogão
E como se não bastasse a questão da violência, a estrutura precária em instituições de ensino também revela descaso da administração pública. E acaba virando notícia, ou até mesmo manchete na imprensa. Na Vila Piza, em quadra de esportes, sanitário virou cozinha. E, no Parque Hipólito, vazamento de gás e falta de fogão resultaram em apenas pão como merenda. Foram destaques nesta Gazeta.

A mídia que resolve
E o direito sagrado a uma educação de qualidade se transforma em problema, que a gestão pública não consegue enfrentar. Nesses casos comentados, tanto por parte do Estado como do Município. E esperar para resolver todas essas situações quando elas vêm a público é outra faceta negativa dos agentes públicos, que deveriam zelar pela comunidade. Enquanto ninguém denuncia, nada se faz.

Relação tumultuada
Debater educação é apaixonante, pois está na base de toda necessidade humana para o pleno desenvolvimento. Uma pena que os governos – e nesse caso, todos – não dão a ela a atenção que merece. É secundário, sempre.

Barbosa sai de cena
E o polêmico ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), anunciou sua aposentadoria. Amado por muitos e odiado por outros tantos, ele ainda poderia cumprir mais de 11 anos à frente do Supremo, até a compulsória. Esse anúncio, porém, é um claro sintoma de seu apego ao poder máximo, uma vez que ele teria obrigatoriamente que deixar a presidência da corte e, com isso, seria mais um. E ele definitivamente não gosta de ser mais um. E praticamente sedimenta seu futuro na política partidária. Neste ano ele não pode concorrer a mais nada, eleitoralmente falando. E abre as portas aos partidos que o desejam em suas fileiras. E tem, a seu favor, toda a popularidade e visibilidade que a condução do julgamento do mensalão lhe deu.

Está sendo bajulado
E nem bem anunciou que até o final de junho deixa o STF, Joaquim Barbosa já tem para onde ir. Basta escolher quem vai melhor bajulá-lo, se Aécio Neves ou Eduardo Campos. O senador e presidenciável tucano mineiro já entrou na disputa e tem como forte concorrente outro presidenciável, o ex-governador de Pernambuco, também candidato à Presidência. Alguém já escreveu, em algum lugar, que se Aécio for presidente o “Barbosão” será seu ministro da Justiça. Não é de estranhar que isso aconteça mesmo. Por hora, não sei se ele aceitaria o papel de mero coadjuvante...
Será que aceitaria??
Só não se tem notícia se o PT também tem interesse em contar com o apoio de Joaquim Barbosa. Com a palavra a presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição.

Pergunta rápida
Por que Ronaldo, o Fenômeno, resolveu abrir a boca só agora para criticar a Copa?

A tesoura foi afiada
Outro assunto que causou – e ainda vai causar – polêmica foram os cortes anunciados pela Prefeitura em licenças-prêmio e horas extras, além dos dez dias (1/3) das férias, que costuma comprar dos servidores. E essa contenção de despesas (?) tem um motivo: a arrecadação municipal, que não está dentro do esperado. É muito estranho, ainda na metade do ano, a administração acender a luz amarela sobre o orçamento. É muito cedo para fazer um anúncio dessa natureza, pois se o sinal de alerta já foi disparado e nem completamos o primeiro semestre, como será, então, o fechamento do ano? Alguma coisa nessa conta não está batendo. O jeito é esperar para ver.

Nota curtíssima
É assustadora a calmaria registrada nas últimas sessões da Câmara de Limeira.

Frankenstein político
Amarrar alianças para ter acesso a alguns minutos a mais na propaganda eleitoral faz parte do jogo político. E dos princípios republicamos. Agora, quando essas alianças reapresentem o que há de mais espúrio na política, vai contra qualquer princípio moral. Lula fez Fernando Haddad, então candidato à prefeitura paulistana, apertar a mão de Paulo Maluf, e era visível o constrangimento. Agora é a vez de Alexandre Padilha, candidato petista ao governo do Estado, passar pela mesma situação. Com as bênçãos de Lula, essa aliança deveria ser repudiada pelo próprio PT. Como não foi com Haddad, não o será com Padilha. A diferença entre esses dois cenários é que, neste ano, o alcance é estadual. Muitos petistas estão, mais uma vez, torcendo o nariz. É um jogo perigoso. 

Frase da semana
"Qual partido não gostaria de ter Barbosa em seus quadros?" Do presidenciável Eduardo Campos (PSB), sobre a aposentadoria do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Na Folha de S. Paulo. Sexta-feira, 30.