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domingo, 26 de outubro de 2014

Ação do poder público e consciência popular

Com as primeiras medidas anunciadas pelo prefeito Paulo Hadich (PSB), no último dia 17, pela sua conta particular no Facebook e pela imprensa no dia seguinte, sobre a crise hídrica e os primeiros decretos assinados no início da semana que passou, assume-se a gravidade que a situação realmente exige. Depois de todas as tentativas de garantir a “normalidade” a qualquer custo, e que não seriam necessárias ações mais contundentes, o poder público toma para si o controle da situação. Talvez com certo atraso, mas a tempo de rever conceitos e chamar a população a participar, de fato, nas decisões sobre economia e uso racional da água e busca por soluções que possam evitar o desabastecimento. Mesmo com toda a eficiência do mundo, a concessionária Odebrecht Ambiental também precisou se enquadrar e optar pela reserva técnica. Agora é preciso que o cidadão cumpra também o seu papel, de forma consciente e como o momento exige. O futuro não está tão longe assim, e o risco de um racionamento não pode ser descartado. Acertou o prefeito na receita, e se espera que todos sigam as indicações, para que não venhamos a ter efeitos colaterais danosos.

Uma luta de todos
Além de envolver a população nessa cruzada para que a escassez de água não seja tão sentida, o Município começa a chamar segmentos empresariais e lideranças locais à luta, impondo-lhes regras pontuais. E assim é preciso agir. Afinal, se minha torneira secar, com a do meu vizinho também acontecerá a mesma coisa. E se o uso for racional e equilibrado, todos poderemos usufruir dos bons resultados.

Egoísmo nefasssto
Apesar disso, ainda se percebe que nem todos acreditam na extrema gravidade que o momento nos apresenta. Que essa condição climática atípica possa, de fato, trazer algum tipo de efeito indesejado. Vale lembrar que já estamos vivendo sob esses efeitos, e que podem ser ainda mais drásticos, caso não compartilhemos dessas ações. Somos nós, humanos, nossos piores inimigos. Egoístas por natureza.

Mão no bolso dói
Embora defensor de um racionamento, mesmo que em pequenas doses, sou obrigado a concordar que a mão no bolso do contribuinte também vai doer, caso haja descumprimento das medidas contidas no decreto municipal. E deve ser uma investida rigorosa mesmo. Para que isso ocorra, entretanto, será preciso a ajuda dos limeirenses, com as devidas denúncias na presença de desperdício.

O fato e a notícia
E essas denúncias vêm acontecendo, porém, há um dado novo mostrado por esta Gazeta, em manchete da última sexta-feira: o aumento no consumo de água em Limeira, a partir do anúncio das medidas restritivas. A Odebrecht Ambiental registrou 8% de acréscimo no consumo de água, o que pode provocar medidas mais drásticas, como o racionamento, assumido agora pela própria concessionária.

Questão de saúde
A impressão que esse novo dado nos mostra é que já há gente armazenando água, daí o consumo mais elevado registrado nos últimos dias. E isso, muito mais que uma atitude egoísta, é perigosa. O armazenamento de forma indevida pode piorar a qualidade da água e, se em recipientes mal fechados, pode acelerar o processo de criação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. Esse é um risco sério, caso seja comprovado essa atitude de parte da população, preocupada com a falta de água.

Todos pela água
Mais uma vez, é o apelo ao uso consciente e racional da água que deve mover as ações da população neste momento. Neste caso, o poder público e a concessionária que opera o serviço de captação, tratamento e distribuição estão fazendo a sua parte – de forma bem feita, diga-se – e cabe ao cidadão fazer a sua. Nunca é tarde lembrar que são as ações do próprio homem as responsáveis pela situação que vivemos hoje.

E que chova logo
Há uma expectativa de que a chuva chegue o mais rápido possível. As previsões apontam para isso. Mesmo assim, e isso é importante destacar, a recuperação dos mananciais será demorada. E o mínimo que façamos já é uma contribuição.

É a hora do voto
Se a chuva está chegando, a hora do voto já chegou. Hoje todos nós, brasileiros, cidadãos e eleitores, estaremos voltando às urnas para decidir quem será o próximo presidente da República. Se teremos uma reeleita ou um eleito. Em alguns Estados, governadores também. Mais que uma simples ação de escolher entre um e outro - ou nenhum dos dois – e preciso pensar no que temos hoje e no que queremos para o depois. Analisar as propostas (que foram poucas, de ambos os lados) e ter a percepção de quem está melhor preparado ou até mesmo tem mais poder político para enfrentar os próximos anos, que prometem ser difíceis. E isso seja quem for o escolhido. O fato é que mais uma vez ficou a polarização entre duas correntes, que se repete há 20 anos. As lideranças envelheceram, mas ainda são a preferência do eleitorado.

Quase plebiscito
Muito se fala, e as críticas sobre essa polarização entre PT e PSDB são contundentes. O que não se tem, entretanto, é uma força capaz, ainda, de enfrentar essa situação e mostrar que é preciso mudar. Quem sabe em 2018. Por enquanto, a escolha é essa.

Sem derrotados
Hoje, quase 144 milhões de eleitores devem sacramentar o destino político da nação para os próximos quatro anos. E que o resultado, independentemente de quem favorecer, seja respeitado e aplaudido por todos. Afinal, numa democracia, é a maioria que vence.

O “não”, de novo
Outro reflexo aguardado no pós-eleição é o que diz respeito à crise hídrica no Estado de São Paulo. Não é questão de ser repetitivo, mas de chamar à realidade os envolvidos no problema, em especial o governador reeleito – e com larga margem - Geraldo Alckmin (PSDB). Infelizmente sua atuação, até aqui, tem sido um desastre e de uma irresponsabilidade memoráveis. Suas repetidas negações dessa crise, e seu discurso e preocupação em desmentir os técnicos envolvidos no assunto, são lastimáveis. Não dá para entender tamanha obsessão em negar o óbvio. Mesmo com tudo e todos – inclusive a Sabesp, que opera o sistema de água – mostrando que a situação é crítica. Nem mesmo a disputa eleitoral é motivo para isso. A própria Sabesp reconheceu ingerência política.

Pergunta rápida
Será que amanhã o governador Geraldo Alckmin decreta racionamento de água?

E de volta à casa

Amanhã deve ser um dia conturbado na Câmara de Limeira. Entre os assuntos a serem discutidos, uma bomba prestes a explodir: a situação do vereador André Henrique da Silva (PMDB), o Tigrão, e a instalação de uma possível comissão, que pode apenas advertir, suspender temporariamente e até mesmo cassá-lo, devido às suas indiscrições e ações intempestivas. Uma verdadeira “sinuca de bico” para todos os integrantes da Casa. E pelos interesses políticos que representa à própria divisão de poder, uma vez que hoje ele faz parte da bancada governista e seu suplente imediato, Bruno Bortolan (PMDB), deve acompanhar a oposição. Promete.

Nota curtíssima
Como nos mostra a sabedoria popular: se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.

Frase da semana
“Não retiro nada do que falei”. Catarina Albuquerque, relatora da ONU sobre a crise da água, que foi criticada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), após cobrar investimentos para o setor. Na Folha de S. Paulo. Sexta-feira, 23.

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