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domingo, 19 de outubro de 2014

Promessa sem compromisso. Falta de conteúdo

Mais uma semana se fecha e se abre a última, antes do segundo turno da eleição presidencial. E em dez dias de propaganda eleitoral gratuita, entre a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, e o candidato tucano (que quer tomar o Palácio do Planalto de volta para o PSDB), o senador mineiro Aécio Neves, ninguém conhece o programa de governo de nenhum dos dois. Além das acusações – e defesas – de ambos os lados, com Petrobras daqui, aeroporto de Cláudio dali, defesa de uma ética que só os dois mesmos conhecem, mas dão de costas para ela, o que mais imperou foi o “eu vou fazer”, “eu vou mudar”, “eu vou continuar” e etc., mas sem falar como conseguirão levar adiante tanta promessa sem compromisso. A briga pela manutenção e retomada do poder são os únicos discursos que o tucano e a petista desfilam pelas telas das TVs e alardeiam pelas emissoras de rádio. O resto é vácuo. Somente isso pode explicar os números das duas primeiras pesquisas eleitorais, tanto do Datafolha como do Ibope, em que ambos aparecem em empate técnico, pela margem de erro. Aécio está dois pontos numericamente à frente de Dilma.

Expectativa fria
Com a virada histórica do tucano no primeiro turno, exaltada em opiniões e análises, era de se esperar um arranque maior de Aécio entre uma pesquisa e outra, pelo próprio momento que o País atravessa. O que não aconteceu. E está, aliás, provocando um silêncio estranho entre seus partidários, que não estão comemorando nem mesmo pelas redes sociais. Aliás, a bola baixou para os dois lados.

Ponto por ponto
Esses números, pelo contrário, acentuam uma divisão sem precedentes nas campanhas eleitorais, desde que as eleições diretas foram retomadas. Até 2010 havia folga entre primeiro e segundo colocados. Parece que todos prenderam a respiração, à espera do próximo dia 26. E ninguém sabe quem vai gritar mais alto assim que os dados da última urna forem descarregados. Daí o silêncio desses dias.

FHC errou feio
A divisão está quase sacramentada. E não é entre classes sociais (ricos e pobres, como querem fazer valer nas peças publicitárias), regiões do País, e níveis de escolaridade. Atinge a todos indistintamente. O preconceito, que tratei nesta mesmo coluna no último domingo, está apenas na cabeça de alguns. E esses nem merecem atenção. E não é ele quem está proporcionando essa divisão. É a política partidária.

Os indecisos fiéis
Será, salvo acontecimento extraordinário que desestabilize qualquer uma das candidaturas, uma eleição decidida no dia. Os 6% de indecisos detectados na pesquisa Datafolha serão os responsáveis para apontar quem governará o Brasil pelos próximos quatro anos a partir de 2015. E pelas viradas ocorridas no primeiro turno, não captadas pelas próprias pesquisas, exercício de futurologia, nem pensar.

Reflexos por aqui
Para o Município, ganhe Dilma ou Aécio, a perspectiva é de pouca mudança. Não vou dizer “nenhuma” mudança, pois Limeira conseguiu eleger seu próprio deputado federal: Miguel Lombardi (PR). Também não dá para jogar toda a responsabilidade sobre sua atuação na Câmara Federal, pois, como colegiado, a Casa tem outros 512 mais, também ávidos por conquistar ganhos para seu reduto eleitoral.

O lado de Miguel
Ao iniciar a nova Legislatura, em janeiro do ano que vem, é preciso ver para que lado vai Lombardi. Se vai compor com a bancada da situação – e neste caso não importa o vencedor do pleito presidencial – ou vai estar na oposição. O mais provável, dada sua conduta na Câmara Municipal de sempre estar na bancada majoritária, é que ele venha compor com a ala governista. Isso se houver uma, com ampla maioria.

Guinada à direita
Sem perder o raciocínio sobre apoios políticos, o governo de Paulo Hadich (PSB) já sente a diferença com o atendimento do Estado, governado pelo PSDB, a Limeira. Sua adesão ao tucano Geraldo Alckmin, com direito a outdoor e tudo mais, reflete na vinda do Poupatempo – já em funcionamento – e do Bom Prato, cujas obras de reforma do prédio onde vai funcionar tiveram início. O engraçado – ou curioso – dessa situação é justamente ser de tucanos limeirenses os maiores e mais virulentos ataques à administração de Hadich. A explicação para isso pode ser entendida como inoperância do PSDB local, que pouco fez – ou faz – para conseguir benefícios a Limeira. Por óbvios motivos políticos. Carlos Sampaio foi bem votado em Limeira. Thame não foi eleito...

Adesão perigosa
Outra questão política: Hadich foi eleito tendo como vice o petista Lima, e amparado por uma bancada forte do PT. Se ele “tucanou” de fato, vai ser difícil a convivência. A docilidade do Legislativo está por um fio. Vêm aí dois anos difíceis para o socialista.

A missão literária
Estaremos todos juntos, na terça-feira, 21, para celebrar as letras e o desenvolvimento do senso crítico. Serão conhecidos, às 20h, no Teatro Vitória, os vencedores do 24º Prêmio Gazeta de Limeira de Literatura.

O poder ausente

O problema da agressão a professores da rede pública de ensino, lembrado por esta Gazeta na última quarta-feira, 15, justamente o Dia do Professor, está praticamente incontrolável. É a dignidade dos mestres que está em jogo. E a integridade física e mental daqueles que assumiram a difícil tarefa de ensinar – educação é responsabilidade da família – por vocação e pensando no desenvolvimento sociocultural de crianças, jovens e adolescentes. A questão é que os professores não têm o devido respaldo do poder público, que prefere negar ou relativizar o problema. Em alguns casos, nem mesmo a direção das escolas apoia e prefere esconder o problema, convencendo as vítimas a não procurarem a polícia. Ou até mesmo a imprensa.  O problema é grave.

Pergunta rápida
Qual é a real situação da crise hídrica no Estado de São Paulo?

Alta voltagem...
...e choque de interesses. O trocadilho é proposital. De um lado o prefeito Paulo Hadich, que insiste na cobrança da Contribuição para Iluminação Pública (CIP) e, do outro, a população e entidades classistas totalmente contrárias a mais esse tipo de imposto. Abaixo-assinados e movimentos de protesto estão sendo preparados pela oposição, que deverá ter adesão popular irrestrita. E amanhã deve chegar à Câmara o projeto que cria CIP e mais uma divisão à vista. Entre os próprios vereadores, como mostrou a Gazeta na última sexta-feira. Está praticamente meio a meio a intenção de votos para o projeto do Executivo. Até a base governista está rachada e há situacionistas convictos, sinalizando pela reprovação. Se a questão política pesar...

Nota curtíssima
No quesito agressão, há um rigoroso empate técnico entre Dilma e Aécio.

Frase da semana
“Presidencialismo é assim, é canelada. Mas acho que eles estão exagerando". Do governador Geraldo Alckmin (PSDB), sobre o debate entre Dilma e Aécio. Na Folha de S. Paulo, coluna Painel. Sexta-feira, 17.

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