A quatro dias do encerramento no prazo para a regularização dos novos partidos, em tempo hábil para concorrer às eleições de 2014, um frenesi tomou conta da agenda política nacional, a ponto de as trocas de farpas entre situação e oposição ficarem em segundo plano. Todos de olho nos dividendos que cada uma dessas legendas possa agregar ao tempo no horário eleitoral gratuito, entre os dois principais adversários: PT e PSDB. Uma pulverização partidária, que eleva de 30 para 32 o número de partidos políticos no Brasil e pode ganhar mais um, caso o Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, consiga seu registro até o próximo dia 5, a data-limite para a legalização e habilitação às disputas do ano que vem.
Dos dois novos que já estão aptos a participar do pleito eleitoral, o Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (ex-PDT), vai desembarcar no porto do PSDB, de Aécio Neves. E o Partido Republicano da Ordem Social, o PROS, se me permitem um trocadilho, será pró-PT, de Dilma Rousseff. Já nasceu com essa função.
Ambos, entretanto, não deixam de ser dois novos partidos de aluguel, que nascem para dar casa a políticos descontentes com suas siglas de origem ou delas excluídos por disputas internas, em que sobram caciques e pajés. E se somam aos demais, que se contentam em ser meros coadjuvantes nesse cenário, desde que lá na frente tenham seus interesses atendidos. Que a cada dia reforçam o fisiológico em detrimento ao ideológico.
Mais uma vez é a conveniência política e o interesse pessoal que determinam a composição de um quadro eleitoral difuso, que não prioriza o debate sobre as prioridades nacionais, mas sim o personalismo de suas lideranças, que buscam apenas o alinhamento com o poder. Ou com aqueles que desejam retomá-lo. Quem dá (oferece) mais, leva a preciosa mercadoria, num leilão aberto e descarado, no qual se sobressai a língua do “p”. De partidos. De políticos.
E salvo extraordinário acontecimento, que abale as estruturas vigentes, a polarização entre petistas e tucanos deve prevalecer. Só não dá para cravar todas as fichas nessa aposta porque há o efeito Marina Silva, que vem desde 2010 e pode atrapalhar os planos, nesse caso, tanto de Aécio quanto de Dilma. Isso, caso ela consiga viabilizar legalmente o seu partido, que, diferente dos dois primeiros, nasce para sustentar a própria candidatura da ex-senadora e com viés ideológico mais forte que os outros. Não que seja um partido ideológico por natureza, como já foi o PT, mas pelo ao seu objetivo inicial: dar o necessário palanque às aspirações de Marina, na corrida à sucessão presidencial, que há muito está nas ruas.
A dúvida, agora, é saber quem mais se fortalece com esse hipermercado partidário, que tem em suas gôndolas duas novas ofertas. Uma coisa, porém, é certa, não é a política. Nesse caso, é a lógica do mercado que determina a ética: se há um produto à venda, há compradores interessados.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
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