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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

É de consciência
Atribuir ao acaso alguns fatos trágicos da vida cotidiana é o mesmo que se calar perante a injustiça. É irresponsabilidade. E o que poderia ser evitado, de tão previsível que é, acaba causando espanto e comoção coletivos. Mais que nossas próprias atribulações, é preciso que saibamos curar nossas feridas internas, para que não aflorem à pele.

Uma triste lógica
A tragédia que envolveu Priscila Munhoz e seu ex-namorado, Nelson Santos, é só mais uma estatística da irracionalidade humana, que é o sentimento de posse. “É meu, é meu. Se não for, não será de mais ninguém”. Nelson atirou em Priscila, na frente de uma colega de trabalho, e depois atirou na própria cabeça. Priscila morreu momentos depois; Nelson, no final da noite.

Estado é omisso
E apesar de todos os avanços conquistados com a Lei Maria da Penha, ainda é (mas não deveria ser) bastante comum esse tipo de agressão – seja emocional ou mesmo fatal – de homens contra mulheres. A mídia é frequentemente assolada por fatos dessa natureza. E a proteção, que deveria vir do Estado, transforma-se em omissão. Das autoridades e da própria sociedade.

A crônica de…
...uma morte anunciada. Há casos de registros de ocorrências policiais por perseguição, que simplesmente são ignorados. Uma, duas, três vezes ou mais, que invariavelmente terão o mesmo resultado do ocorrido com Priscila. Em momentos como este, ninguém quer ser responsabilizado por essas omissões. É uma história bastante conhecida.

Vida aos cacos
O respeito à dignidade humana parece ter caído de moda. Seja em que circunstância for, virou artigo de luxo. Do mendigo que enxotamos e viramos as costas aos seus pedidos ao doente mal atendido pela saúde pública, não há diferença. Invariavelmente traçamos um perfil de quem não conhecemos, nem a sua sua história de vida. É isso.  

A última de hoje
Precisava deixar um pouco a política – ou seria politicagem? – de lado para esse exame de consciência-desabafo, sobre o que está ao nosso redor e não conseguimos enxergar. Escuridão muito bem descrita em “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago. Vale a leitura.

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