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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Indignação, apenas!

Três casos distintos. Três cidades diferentes. Todos, entretanto, envolvendo alunos de escolas públicas, que em situações adversas fazem da violência apenas um propósito, depredam o patrimônio público mantido pelos próprios pais e destroem sonhos e esperanças de educadores, com ameaças de agressões e, no extremo do descontrole, acabam por cometer atos de vandalismo contra a propriedade particular. Entre eles, um curto espaço de tempo, não mais que 11 dias.O primeiro caso veio a público no dia 16 de setembro, através de um vídeo, que mostra uma mãe incentivando sua filha, de 15 anos, a chutar e bater na colega, que estaria disputando a atenção de um rapaz de 23 anos. A mãe, em questão, é monitora de transporte escolar. Trabalha na área da Educação. O fato ocorreu na saída das aulas, no município paulista de Araçariguama. O segundo, também mostrado em vídeo e divulgado no último dia 22 deste mês, vem da cidade gaúcha de Viamão, onde uma professora repreendeu um aluno de 14 anos, que pichou a parede da classe, obrigando-o a repintar o local. Detalhe: a escola havia acabado de ser pintada em um mutirão de pais e professores, com dinheiro arrecadado durante meses. Apesar dos excessos e criticada pela família do menor, a professora foi apoiada.E o terceiro, não menos grave, foi mostrado por esta Gazeta, no último sábado. Uma professora teve seu carro destruído. Suspeita-se de um jovem de 14 anos, que foi repreendido por ela e teve até registrado contra si, em vezes anteriores, boletins de ocorrências por ameaças. A primeira coincidência dessas histórias: todas as situações envolveram adolescentes. A segunda: em nenhuma delas a direção dos estabelecimentos quiseram se manifestar. No caso de Limeira, além da omissão, que é muito mais perigosa que a violência, a imprensa quase foi impedida de divulgar o caso, não fosse a insistência da vítima, que não voltará mais à escola. Ela denunciou outro caso na mesma unidade, quando um grupo de estudantes - entre eles o mesmo rapaz de quem suspeita - incendiou o carro de um pastor, que ia regularmente até lá para conversar com alunos e professores. Segundo a professora, o caso foi abafado pela direção.O que falar de tudo isso? Como analisar fatos de extrema gravidade como estes, que têm como palco escolas, que deveriam educar; e não se sentir acuadas? Quase impensável, para quem não convive com tal realidade. E sofrido para quem vive o seu dia a dia. Os hipócritas diriam que é caso de polícia. Muitos, que é fruto da exclusão social e má distribuição de rendas e falta de oportunidades. Eu acrescentaria: são as duas coisas juntas, alimentadas pela impunidade, decorrente de nossas leis brandas. E pela desagregação familiar, causada pela falta de regras de convivência. Pela permissividade. A indignação é o sentimento mais frequente, mas gera distorções de avaliação. Procurar culpados é fácil. Difícil mesmo é apontar soluções! No momento, confesso, estou apenas indignado!

Antonio Claudio Bontorim

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