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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Será que tem mais caroço nesse angu?

"O mensalão é muito maior, muito mais amplo, do que aquilo que acabou sendo objeto da denúncia".  Foi "A Frase da Semana", na coluna Texto&Contexto de domingo, extraída de uma entrevista do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que resolvi publicar para ter argumetnos para uma análise um pouco mais objetiva, porém, dentro do espaço que disponho, no artigo que escrevo hoje. A afirmação de Gurgel foi pinçada de matéria publicada pela Folha de S. Paulo, na última quinta-feira, dia 10, e passou a ser explorada, inclusive pelos já condenados na ação penal 470, o chamado mensalão do PT, que querem tirar proveito da indiscrição do chefe do Ministério Público Federal (MPF), argumentando que então ele não teria razão ou provas suficientes para o fundamentar o processo e, dessa forma, pedir a condenação - e prisão - de políticos e operadores do esquema de propinagem, que funcionou entre 2003 e 2005, durante o primeiro governo Lula.
Quem mais se indignou com a afirmação foi o ex-ministro e homem forte do presidente, naquele período, José Dirceu, que "foi obrigado" a deixar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. O segundo mais importante na estrutura de poder da Presidência da República. Dirceu, assim como outros políticos já condenados à prisão tentam, a todo custo, dela escapar e qualquer frase mal colocada ou que possa gerar dúvidas na imparcialidade do MPF vai, com certeza, ser utilizada por aqueles que, mais à frente, verão o "sol nascer quadrado", como se diz na gíria policial. Defensores e advogados dos mensaleiros estão de prontidão e vão, com certeza, se utilizar de tudo o que for possível, dentro do direito de defesa e do contraditório, para livrar seus clientes da prisão. Se possível, até uma revisão da condenação.
Entendo que Roberto Gurgel, a partir dessa frase, que pode ser considerada como indiscreta, sim, justamente por abastecer a todos aqueles que desde o princípio foram contra o julgamento e suas implicações, tem obrigação de vir a público explicar o seu sentido. E a que tipo de amplitude está se referindo, quando insinua que a denúncia pode ter ficado pela metade. Ou incompleta. Se houve indícios dessa proporção, de tudo o que acabou sendo objeto da denúncia, como afirmou na entrevista, é preciso que se esclareça, para que não pairem dúvidas sobre nada e o caminho trilhado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que é um marco no combate à impunidade no Brasil, fique também pela metade.
Se Gurgel deu seu parecer, no "que foi possível provar, com elementos razoáveis para dar a base à própria denúncia", são sob essas mesmas circunstâncias que ele afirma, agora, ao apontar o tamanho do esquema, que deveria ter se apronfudado. Caminhando na busca de novas provas, para desmontar por completo o esquema "chefiado" por José Dirceu e "operado" por Marcos Valério. Nesse desmonte, provavelmente, e que dá a entender nas afirmações de Gurgel, se chegaria a outros esquemas anteriores e não menos perniciosos ao País, desencorajando ações futuras no sentido de cooptar políticos e funcionários públicos.  Vale a pena insistir nisso.

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