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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Sem o equilíbrio necessário

A Câmara Municipal de Limeira inciou ontem, com a primeira sessão ordinária do ano, uma nova legislatura. Nova porque abre, e pela perspectiva da grande renovação que houve nos seus quadros, os trabalhos que ditarão os rumos da política limeirense nos próximos quatro anos. Os dois primeiros sob o comando do petista Ronei Martins, avalizado por seus mais de 12 mil votos e eleito presidente da Casa por seus pares, e é sempre bom lembrar, com ampla maioria e composições até então impensadas ou previstas pelos analistas. E por jornalistas, que cobrem o dia a dia do Poder Legislativo. Composições que ainda serão temas de análises.
Compor, em política, significa agregar força a um ideal e trazer, para a concretização desse ideal, o maior número de simpatizantes possível. E aliados também. Em que pese o custo que isso represente (como cargos e outros benefícios aos recém-chegados), faz parte do jogo democrático e, principalmente, de quem quer governar sem efeitos colaterais, espantando até as marolinhas, comuns a quem disputa esse jogo. E, nesse início, as águas se apresentam de uma calmaria impressionante para o Poder Executivo, que hoje conta com uma maioria, até então inimaginável, no Palácio Tatuybi. Em números, significa ter os votos favoráveis de 18 dos 21 vereadores. Ou seja, uma oposição composta por apenas três, dos eleitos em outubro. Até onde essa situação vai persistir é uma incógnita. E imagino que somente um desvio de rota colossal - ou uma bala de prata de grosso calibre - pode abalar essa tranquilidade, que o prefeito Paulo Hadich (PSB) terá para governar. Como nada é afirmativo, mas supositivo, por enquanto é assim que é. E deverá ser, neste início da nova administração.
Esse desequilíbrio de forças, entrentanto, não é nada saudável. A inexistência de debates - e embates também - pressupõe acerto de 100% em todas as decisões, o que, sabemos, nem sempre pode representar uma decisão certa. Eu, particularmente, gostaria de ver uma Câmara Municipal mais equilibrada, forçando as necessárias e imprescindíveis discussões e fomentando uma fiscalização mais incisiva ao próprio Executivo. Quando se navega sobre águas calmas, pode-se comprometer ajustes necessários a qualquer avaria na embarcação, por mínima que seja, que, ao enfrentar sua primeira tormenta, simplesmente vai a pique.
Essa maioria tranquila compromete, sim, a avaliação de erros, para que os acertos sejam duradouros. Prefeitos, governadores e presidente da República têm verdadeiro fascínio por controlar os poderes legislativos, que lhes fazem frente. Essa subserviência, infelizmente, cega o administrador público, que acaba fechando os olhos a tudo que está a seu redor, pois sabe ele que os obstáculos serão transpostos sem qualquer esbarrão. Neste caso, cabe aos próprios aliados impor o limite para que repetidos erros não virem acertos forçados. Resta saber se terão independência para entender isso. E, quando for preciso, frearem esse rolo compressor.

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