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domingo, 27 de janeiro de 2013

É preciso agir. Não é hora de discurso político

O embate sobre a questão da energia elétrica no Brasil está chegando a um ponto perigoso, de se tornar apenas retórica de campanha entre o Partido dos Trabalhadores, que controla o governo federal, e o PSDB, que controla vários Estados - entre eles São Paulo e Minas Gerais - e faz, hoje, a vez de principal partido de oposição no País. De um lado, um discurso otimista. Do outro, o caos. A depressão. Como costumo dizer, a política partidária é a arte do confronto de discursos e, mesmo quando as ações são acertadas, serão sempre criticadas. Por ambos os lados. Nunca reconhecidas. É um confronto sem ganhadores, e quem perde normalmente é a sociedade. Já passamos por uma experiência, lá atrás, no governo de FHC, de apagões e racionamento obrigatório, porque faltavam linhas de transmissão de energia para levar esse precioso bem das usinas às companhias de energia, até chegar ao consumidor final. Hoje as linhas de transmissão ainda são deficitárias, e não há razão para tanto otimismo. A situação, porém, é um pouco mais confortável e também não vejo o caos como resultado final disso tudo.

Não brinco mais
A ideia da redução do custo final da energia elétrica para os consumidores residenciais e empresariais, com a revisão antecipada nos contratos das concessões, foi logo rejeitada em São Paulo e Minas, governados pelo PSDB, que viram um perigo imediato, não aos interesses da população, mas ao projeto político que defendem. Se funcionar, a oposição perde mais um mote de campanha para 2014.

A bola é minha...
Também não vejo nenhum interesse para o próprio País, em o Tesouro Nacional acabar bancando uma redução nesses custos, por pura birra política, que de uma forma ou de outra acabará pesando, novamente e de alguma outra maneira, no próprio custo Brasil. Novamente é o discurso de campanha que vem à tona, porque não há um interesse coletivo premente, que não a sobrevivência político-partidária.

Dos dois lados
Nesta semana, o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra, em nota após o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff (PT), em que anunciava a redução nos preços da energia elétrica, disse que o conceito de República foi abandonado em prol da politização da medida. É um direito dele, se manifestar contrário a tudo isso. Mas fica uma pergunta: e quando, lá em 1994, o então ministro Rubens Ricúpero soltou a pérola "eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura; o que é ruim, a gente esconde", sem saber que o som estava sendo captado, antes de sua entrevista à Globo, também não foi um total desrespeito ao conceito de República? O discurso é bonito, mas me parece que ninguém pode atirar a primeira pedra, por ser livre de pecados. 

Está fora também
A completar 42 anos como servidor público municipal no próximo mês de abril, Milton Janoski, um dos mais competentes na sua área de atuação, está ganhando de presente a exoneração do cargo que ocupava, até agora, o de superintendente. Ele deve voltar a fazer revisões de IPTU, trabalho de quando entrou na Prefeitura como patrulheiro mirim.

Mais apadrinhados
A interlocutores, Janoski teria dito que seu cargo foi pedido para acomodação política. Independentemente das cores partidárias, ele vem, há mais de 20 anos, exercendo cargos comissionados, como diretor, superintendente, tendo assumido inclusive a Secretaria de Planejamento.

Diagnóstico falho
Assessores de imprensa e empresas que prestam esse tipo de serviço - sejam de instituições públicas ou privadas - têm muito a aprender ainda. Conflitos ou crises, envolvendo assessorados, não se resolvem, quando se tenta acultar algum problema. Nem mesmo com pressão sobre meios de comunicação.

Não à bajulação
Tive longa experiência como assessor de imprensa, nos setores público e privado e aprendi, com alguma teoria e principalmente na prática, que os conflitos e crises que citei acima se reolvem com informação. Informação segura e assumindo que há problemas a serem solucionados. Nunca escondendo essa informação. Não se pode confundir o que é assessoria de imprensa com bajulação ao assessorado. Isso é o assessor quem deve mostrar ao assessorado.

Plano importante
Para nós, jornalistas de redação na mídia impressa - ou qualquer outra - a assessoria de imprensa é sempre um complemento. Muitas vezes o outro lado da história, mas que merece respeito e tem seu porcentual de importância na produção da informação. Só que o assessor de imprensa tem obrigação, também, de garantir total abertura a essa informação, sem qualquer vestígio de maquiagem. E se nada tiver a acrescentar, que faça isso. Às vezes um "não temos nada a informar no momento" é preferível a uma informação maquiada. Ou negada.

Pergunta rápida
O que acontece quando se coloca uma raposa dentro de um galinheiro?

Nota curtíssima
Quando a gente pensa que já viu e ouviu tudo, vem um passarinho e desafina no seu próprio canto.

A frase da semana

"Nosso maior desafio é tornar a Índia livre de defecação ao ar livre". Jairam Ramesh, ministro do Desenvolvimento Rural da Índia, sobre a necessidade de o país construir 15 milhões de privadas por ano. Na Folha de S. Paulo, sexta-feira, 25.  

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