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domingo, 6 de janeiro de 2013

Da história política à degeneração partidária

A política, como ciência e na visão do filósofo Aristóteles, tem por objeto a felicidade humana, dividindo-se entre a ética e a política propriamente dita, que se  definie na forma corrente e simplificada como "a arte de bem governar os povos". O que se assiste, entretanto, são ações inversamente proporcionais a essa expectativa de mundo, levadas ao extremo pelo partidarismo desenfreado, na busca incessante pelo poder e a qualquer custo. O homem é por natureza reticente e tem aversão por mudanças e transformações. Mesmo que isso signifique a busca de seu próprio benefício. A acomodação é mais confortável. Apesar de tudo isso, ele acredita e traz sempre consigo a esperança em novos tempos. E acaba sempre sendo forjado na frustração. Não é a política, entretanto, que provoca esse sentimento de descrédito, como muitos pensam. São os homens transformados em agentes políticos, que buscam abrigo nas agremiações partidárias, fazem delas uma trincheira segura e, em nome desse ideal praticam a filosofia do poder acima de tudo e de todos. A utopia ainda é a nossa arma contra esse tipo de frustração.

Moldar ferro frio
Um bom ferreiro nunca tenta moldar o ferro frio. É preciso aquecê-lo, para torná-lo maleável. Parece-me, dessa forma, que o calor que procuramos passar aos políticos não tem sido suficiente para sensibilizá-los e, dessa forma, evitar que caiam na mesmice de sempre. O discurso da mudança e da transparência não vem garantindo, na prática, a efetivação dessas ações, quando se faz escambo pelo poder.

Por uma escolha
Servir a dois senhores é o mesmo que colocar um pé em cada canoa. Chega o momento em que será preciso optar pelo mais conveniente. E nem sempre essa conveniência representa correção de rumos necessária. Torna aqueles que estão descrentes mais descrentes ainda, porém, não o suficiente para matar a esperança. Lições sempre e rapidamente esquecidas pela máxima de que "na prática a teoria é outra".  

Pactos e vacilos
E quem assina contrato com o diabo, a qualquer momento será obrigado a entregar sua alma a ele. O cidadão que confiou seu voto espera sempre reciprocidade. Compromisso. Não promessa que se esvai com o vento. Nada filosófico, não, e nem tão ingênuo quanto se parece. É a mais pura realidade do momento em que estamos vivendo hoje. E essa história de que o povo não sabe votar é retórica ultrapassada. É o político quem não sabe corresponder a esse voto, preferindo enfiar a mão na lama e lavá-la depois. Pode até limpá-la, mas o cheiro já ficou impregnado no ar e em nossos narizes.

Um contraponto
Não se pode, também, deixar o discurso fácil e destruidor das pedras impregnar nossas almas, sem antes buscar saber de onde partem as palavras mais afiadas. É preciso deixar a hipocrisia de lado e perceber, também, que sempre haverá, na política, o embate entre situação e oposição, cujos princípios estão definidos nos próprios significados dessas duas palavras. A situação é o status do momento e a oposição tem que empurrar seu discurso na direção contrária. Mesmo que essa direção contrarie a realidade. O povo já amadureceu o suficiente para entender o que é discurso e o que é prática.

Hora de encerrar
Peço, agora, que cada leitor leia com atenção tudo o que escrevi acima e interprete o texto pela  sua ótica de mundo. Não sou pessimista. Prefiro navegar entre o otimismo e a realidade e entendo que as pessoas devem se despir de suas paixões e interesses e atentar para fatos, separando, conforme naquela conhecida parábola bíblica, "o joio do trigo".

Retratação oficial
Na última sexta-feira, o prefeito Paulo Hadich (PSB), fez circular uma nota de desagravo em nome do povo limeirense e de Limeira, contra as palavras "inoportunas e ofensivas", do prefeito de São Vicente, Luís Cláudio Bili Lins da Silva(PP). Eu particularmente, considerei o discurso desse tal Bili ofensivo, odioso e de conotação política. Sugeriria até ao prefeito Hadich que exigisse um pedido público de desculpas em nome dos limeirenses. E aqueles que estão se utilizando do discurso do prefeito vicentino, para alcançar seus objetivos políticos, também desrespeitam Limeira e o povo limeirense.

A chuva. De novo
Agora mudando radicalmente de assunto, não dá para aceitar o que está acontecendo, novamente, no Rio de Janeiro, sem fazer algum comentário. Período chuvoso por excelência, o mês de janeiro começa a fazer suas primeiras vítimas das enchentes, que acontecem todo ano e nada é feito. 2009, 2010, 2011, 2012 e agora 2013, as cenas se repetem quase num videoteipe desses anos anteriores. E a cada ano, nesse mesmo videoteipe, os discursos oficiais se repetem. E a população vai continuar perdendo o que tem e também vidas.

Exemplo da seca
A impressão é de que, assim como na indústria da seca no Nordeste, que tem seus empresários, há uma indústria da chuva em estados como Rio de Janeiro e até mesmo São Paulo. Falam-se, prometem-se, fazem-se projetos antienchentes, que nunca saem do papel e das mesas dos administradores públicos. É o lucro fácil sobre toda desgraça alheia.

Pergunta rápida
A quem interessa o caos?

Nota curtíssima
Limeira necessita, com urgência, de uma coleta seletiva de lixo. Dica para o secretário Alquermes Valvasori.

A frase da semana
"Dá nojo de político". Do músico, compositor e cantor, Zeca Pagodinho, sobre as enchentes desta semana no Rio de Janeiro. Na sexta-feira, dia 4, no UOL-Notícias Cotidiano.

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