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domingo, 2 de setembro de 2012

O que dá para aproveitar. E a descrença

Quem pôde acompanhar, de terça a sexta-feira, aqui nas páginas da Gazeta, a entrevista especial com cada candidato a prefeito, percebeu que os discursos estão afinados com os anseios dos cidadãos. Que as promessas são - e continuam sendo - além do que o eleito poderá cumprir, pelas próprias limitações legais do cargo. O propósito, entretanto, com a publicação das ideias de Eliseu Daniel dos Santos (DEM), Lusenrique Quintal (PSD), Kléber Leite (PTB) e Paulo Hadich (nesta sequência, feita mediante sorteio com os assessores dos candidatos), é trazer à luz o que cada um deles tem a oferecer em propostas e quais delas podem virar compromisso. Compromisso, alías, que deveria substituir definitivamente a palavra promessa, o que ainda não ocorre. O primeiro (compromisso), tem uma direção; e a segunda (promessa) se dissipa como fumaça. Não pretendo me ater às falas dos entrevistados. Às respostas que deram a cada pergunta feita, que são coerentes, mostram o grau de conhecimento ou não, que eles têm do cargo que estão disputando. O que fica no ar, ainda, é se estão se compromentendo a isso.

Desencantos reais
O fato é que, de Fernando Collor para cá - primeiro presidente civil eleito diretamente pelo povo, que não terminou o mandato - apesar de alguns avanços na política nacional, o eleitor, a população de uma maneira geral, viu sua descrença aumentar. Do esquema PC, à compra de votos para reeleição de FHC e a privataria tucana, até mais recente, com o mensalão do PT, o poço continua sem fundo.

Obrigação ir-re-al
Essa descrença - desencanto, mesmo - só não é maior, porque no Brasil o voto é obrigatório. E essa obrigatoriedade dá uma falsa impressão de participação maciça no processo eleitoral, quando se dá a devida dimenção aos  números de abstenções, votos brancos ou nulos. O volto facultativo levaria às urnas, os eleitores que têm interesse nessa participação e, portanto, aptos a uma escolha correta.

Uma contribuição
O propósito de um trabalho como esse, realizado pela Gazeta, é de levar luz e promover um amplo debate, deixando para o cidadão, que é eleitor, tirar suas próprias conclusões. Nós, que fazemos opinião através da mídia, também fazemos parte desse processo de formação. Porém, é apenas uma parte de um conjunto, que precisa de uma mudança estrutural. De conceito mesmo.

Sugestões claras
Saúde, Educação, Segurança, Desenvolvimento, Habitação são os temas mais lembrados pelos candidatos. Tanto os quatro à eleição majoritária como os tantos outros às proporcionais. Dois setores, entretanto, merecem e devem ter a maior atenção do futuro prefeito. Quem se sentar na cadeira principal do Edifício Prada, no dia primeiro de janeiro de 2013, terá que arregaçar as mangas e trazer um técnico especialista para resolver, definitivamente e com competência, o problema do trânsito e, principalmente, do transporte público urbano. Os cidadãos que dependem dos ônibus não podem mais ser tratados como bichos enjaulados.

Muitas dúvidas
Fala-se em derrubar o muro do Edifício Prada para alargamento da Rua Alfredo Ferreira. Hoje, passando pelo local, prestei bem atenção e pensei que será preciso comer um pedação do estacionamento do Semprevale e parte do McDonalds também, além dos imóveis na outra extremidade, onde se encontram imóveis construídos junto à calçada e o estacionamento de uma lanchonete. Foi pensado nisso?

Mudança urgente
Enquanto o voto continuar sendo uma obrigação, que aborrece muita gente, a possibilidade de mudança no panorama político e nos políticos está distante. Aquele que vai a uma seção eleitoral de forma compulsória, vai evidentemente protestar com as armas que tem: os votos brancos ou nulos. Ou então o que é pior e mais constrangedor ainda, vai acabar produzindo verdadeiras aberrações políticas. Isso, que para muitos seria um voto de protesto, acaba se tornando um empecilho maior ainda a qualquer renovação. Nem mesmo os votos em branco ou nulos são protestos contra o establishment. São falta de opção mesmo. E falta de opção não é protesto.

Volta às origens
Antonio Braz do Nascimento, o Piuí, vereador sem partido e que não tem legenda neste ano. Carlos Rossler (PRP), que tenta a reeleição e Almir Pedro dos Santos (PSDB), que está em última legislatura. Esses três vereadores foram os responsáveis pela dispensa de uma testemunha chave na CPI da Merenda, Benedito Rosada. Voltaram-se, novamente, contra o interesse público da informação e da transparência sobre o processo político administrativo de Limeira, que vem passando por uma depuração. Piuí e Rossler, que votaram pela mudança, agora voltam-se com ela, nessa deliberação interna da comissão.

Hilário, hilário e...
...hilário. O depoimento do advogado Sérgio Baptistella, ex-secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura deu o tom de comédia nos depoimentos da quinta-feira à CPI da Merenda. Principalmente quando se referiu ao também ex-secretário municipal, Sérgio Sterzo, sobre suas reações quando se falava o nome de Messias lá na Prefeitura. O carioca diria que "deu piriri...."

Pergunta rápida
Quem tem medo de Benedito Rosada?

A carruagem vai
Últimas pesquisas para a prefeitura na capital de todos os paulistas. O petista Fernando Haddad encosta e está em empate técnico com o tucano José Serra. Russomano continua à frente. O poder da aparição de Lula na TV e nos programas de rádio é impressionante. Em duas semanas o clima no ninho esquentou.

Frase da semana
"Sei que eram [ameaças] físicas contra o Sterzo. Um dia, quando soube que o Messias o aguardava no gabinete, ele teve desarranjo intestinal". Sérgio Baptistella, ex-secretário Jurídico da Prefeitura, falando à CPI da Merenda, na quinta-feira. Sexta-feira, 31, na Gazeta.

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