Exercitar a opinião na mídia, seja ela qual for - das tradicionais, como a impressa, a eletrônica ou a internet com as redes sociais - requer, além do conhecimento necessário sobre o assunto que vai discorrer, uma grande dose de compreensão, entendimento e aceitação às teses contrárias, que inevitavelmente se seguirão. Esse é o princípio básico da liberdade de expressão, que contempla uma prática no direito do cidadão em emitir sua própria opinião. Seja ela desagradável ou não. Esteja ou não em comunhão com o senso comum, que nem sempre é tão comum assim. Não há, portanto, nesse sentido, conceito entre o certo ou o errado, pois se trata de um julgamento pessoal. Grosso modo, é como escolher o time do coração, a cor preferida, a religião ou seita que vai seguir, a ideologia política, e daí por diante.
Sempre que for tratar desse tema, é inevitável aquela utilizada expressão (e muitas vezes tratada com desprezo por muitos) cunhada pelo filósofo iluminista francês, François-Marie Arouet, mais conhecido quando se escreve com seu pseudônimo: Voltaire. "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las". Não é um exercício fácil e tão pouco confortável, porém continua sendo atualíssimo e também a mais pura prática da democraia de que se tem conhecimento. O advento da internet e mais recentemente das redes sociais, nas quais há intensa interação e troca de opiniões, é para além do pensamento de Voltaire, que se deve mirar ao entendimento dessa questão. Melhor e de mais fácil compreensão ainda, quando se afirma que é através dessa interação e troca de opiniões instantâneas, que é preciso uma melhor assimilação da defesa do direito em opinar. Mesmo quando há discordância. Ou seja, o direito ao contraditório, uma garantia à opinião alheia. E o engraçado nesse processo, e apesar do avanço tecnológico, muitos dos mais ferrenhos defensores da diversidade opinativa, do confronto entre as ideias, ainda se sentem incomodados, quando são desafiados nessa guerra de informação.
Tenho acompanhado, principalmente através do Facebook, uma troca de gentilezas não tão sutil, em que rola até palavrões e expressões nada republicanas. E percebo que a democracia na rede não é tão exercitada assim. E às vezes é estraçalhada por ferrenhos defensores das liberdades individuais, que valem apenas aos que comungam de seus pensamentos e ideias. Ora, isso é a mais pura expressão do autoritarismo, que tanto - ou pelo menos da boca para fora - criticam. Assim como tenho opção em mudar de canal, quando a programação não me atende, as redes sociais têm opções de bloqueios para amigos indesejáveis. Defendo esse instrumento, para contornar ataques e ofensas pessoais. Jamais por confrontar opiniões contrárias às minhas. Gosto de lê-las e ouvi-las. Gosto de refutá-las, também, quando sinto que há espaço e condição para o bom debate. É desconfortável, às vezes, porém não podemos cair na tentação de menosprezar a opinião alheia.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
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