Para muitos, a única oportunidade de estar na mídia e tornar rosto e nome conhecidos para futuras incursões políticas. Para outros, uma tentativa de alavancar candidaturas ou reverter uma situação incômoda, perante o eleitorado. E para a maioria, ou seja, nós eleitores, quase três meses de suplício - diante da telinha ou nas ondas do rádio - observando uma metamorfose digna de Kafka. Não teremos, não, nenhum Gregor Samsa se transformando em barata, como propõe a inigualável obra do escritor tcheco, mas assistiremos ao desfile de verdadeiros santos, em altares purificados por currículos bem elaborados e realizações invejáveis, pedindo-nos um voto de confiança. E um sim na urna eletrônica, para canonizar de vez o milagre dessa transformação. Esses filhos do precioso marketing.
Ao analisar as preliminares do resultado da enquete no site da Gazeta (www.gazetadelimeira.com.br) no ar desde o último sábado, que trata da audiência do horário eleitoral gratuito, as perspectivas para quem espera contar apenas com essa mídia - ou dela tirar melhor proveito - não são das melhores. O porcentual de quem não vai assistir à propaganda eleitoral tem oscilado entre 73% e 77%. Nunca abaixo de 70%. É óbvio que essa enquete não tem valor científico, mas pode estar indicando o hábito do eleitor e dar um diagnóstico interessante àqueles que têm suas pretensões amarradas à opinião pública.
Como não acredito que haja quem não “dê uma espiadinha” marota - só para lembrar o slogan do grande irmão global - na apresentação dos candidatos, também não acredito numa influência direta - pela própria indiferença - desse tipo de propaganda. Sem desmerecer seu poder de persuasão, pois existe uma fatia do eleitorado pronta a receber tais divindades de braços e portas abertas, mas há regras e exageros verbais serão punidos. Ou pelo próprio TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ou mesmo com o tradicional direito de reposta. Então também não acredito em fatos novos e relevantes, porque ninguém vai querer perder o já escasso tempo, ou dele abrir mão, para ver adversários invadindo suas próprias trincheiras. Até porque propaganda difamatória volta-se sempre contra o difamador...
Então o que fazer? Dar à mídia eletrônica o mesmo tratamento ao que se dá à impressa, na qual quem tem dinheiro compra espaço. Quem não tem... Sem que emissoras de rádio e TV tenham que abrir mão de tempo e faturamento preciosos. É muito mais democrático que minutos a mais ou menos para cada candidato.
Antonio Claudio Bontorim
terça-feira, 17 de agosto de 2010
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