Deputados
que se sentem ameaçados nas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia
Federal, já se movimentam para barrar – ou pelo menos tentar – um segundo
mandato do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Acuados e insuflados
pelo presidente da Câmara Federal, o peemedebista Eduardo Cunha (um dos
citados), parlamentares, liderados pelo deputado Paulo Pereira (SDD), o
Paulinho da Força, autor da proposta, já estão recolhendo assinaturas para uma
emenda nesse sentido, que se aprovada evitaria a recondução de Janot ao cargo e
as investigações poderiam ganhar um novo rumo. Tão esdrúxula quanto a proposta,
é a argumentação de Paulinho da Força, de que “o Ministério Público Federal
(MPF) precisa de uma oxigenação, porque o procurador-geral já estaria
viciado”. Viciado em quê? Em ter a
coragem de citar nomes de parlamentares implicados em documentos do escândalo?
Se há um interesse tão grande em investigar todos os políticos envolvidos, até
ex-presidentes e a atual presidente, Dilma Rousseff (PT), deputados e senadores
não estão imunes a isso. E também devem ser punidos, caso se comprovem as
denúncias, que ainda têm um longo caminho pela frente para chegar às
necessárias condenações dos culpados.
A proposta, me parece, tem um vício, sim, mas de origem. Parte de um Parlamento desgastado pelas próprias atitudes de seus integrantes, que têm sede de imputar crimes aos outros, mas não aceitam que se julguem seus próprios. E quem mais, além do próprio Cunha, não estaria por trás dessa indecência? Paulinho é só um mensageiro de luxo, um leva-e-traz, que defende os interesses de seu patrão, o presidente da Câmara, e seus próprios. Mesmo porque de inocente, ou coerente, ele não tem nada. Além desse vício na origem, a conduta duvidosa do proponente é muito conhecida nos meios políticos e fica difícil entender essa preocupação, que não seja com o próprio umbigo. Se fosse um Parlamento sério, interessado em chegar à verdade necessária e tão esperada, não se importaria com as investidas de Janot contra seus integrantes. Pelo contrário, chamaria para si o exemplo de que – como ficou conhecida e desgastada essa frase – seria preciso “cortar da própria carne”. Pelo bem dos interesses nacionais. Só que não é o que parece.
A proposta, me parece, tem um vício, sim, mas de origem. Parte de um Parlamento desgastado pelas próprias atitudes de seus integrantes, que têm sede de imputar crimes aos outros, mas não aceitam que se julguem seus próprios. E quem mais, além do próprio Cunha, não estaria por trás dessa indecência? Paulinho é só um mensageiro de luxo, um leva-e-traz, que defende os interesses de seu patrão, o presidente da Câmara, e seus próprios. Mesmo porque de inocente, ou coerente, ele não tem nada. Além desse vício na origem, a conduta duvidosa do proponente é muito conhecida nos meios políticos e fica difícil entender essa preocupação, que não seja com o próprio umbigo. Se fosse um Parlamento sério, interessado em chegar à verdade necessária e tão esperada, não se importaria com as investidas de Janot contra seus integrantes. Pelo contrário, chamaria para si o exemplo de que – como ficou conhecida e desgastada essa frase – seria preciso “cortar da própria carne”. Pelo bem dos interesses nacionais. Só que não é o que parece.
Até
onde pode prosperar essa iniciativa, ridícula e corporativista, vai depender, é
evidente, deles próprios, os deputados. Que gostam de legislar apenas em causa
própria, quando são envolvidos em denúncias. Se há políticos isentos dessa
compreensão de autoproteção e que estão dispostos a dar continuidade nas
investigações, sem se amedrontar por suas consequências, é preciso que se
manifestem de imediato. Ou então simplesmente assinem a proposta, cuja lista já
corre pela Câmara. E o mais triste e chocante de tudo isso são esses senhores,
que estarão à frente de uma reforma política. Se ela acontecer. É o caráter que
deve moldar o homem, para que o homem não molde o próprio caráter às suas
conveniências.
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