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domingo, 5 de abril de 2015

Uma pauta conservadora. Retrocesso à vista



O Congresso Nacional, pela sua composição, está encaminhando seus trabalhos através de uma pauta extremamente conservadora e fora da realidade atual e do desenvolvimento e da evolução humanas e seus conhecimentos. Com forte bancada religiosa – não vou dizer evangélica, para não ferir suscetibilidades – os indícios são os piores possíveis em avanços com as questões polêmicas já tratadas, mas que podem sofrer algum tipo de revés. Tem cheiro de idade média, principalmente pela bancada da bíblia assumindo o controle de algumas comissões importantes. Corre-se o risco, inclusive, de que discussões científicas, como o caso da utilização de células tronco embrionárias para pesquisas e cura de doenças, caminhem para o lado do criacionismo, para que a força e a influência das crenças religiosas não percam o controle sobre a identidade do homem. Conquistas sociais como o casamento entre pessoas do mesmo sexo – a é opção individual – e adoção de crianças por casais dessa natureza, estão passando pelo fio da navalha da hipocrisia. Em nome de Deus.   

Reflexão a ser feita
Outras questões como a legalização do aborto, por exemplo, devem passar batidas e relegadas a segundo plano, enquanto milhares de clínicas clandestinas, dirigidas por assassinos de jaleco, são um problema à saúde pública. E da mulher. Tudo em nome de um falso poder divino, que deve nos conduzir em nossas decisões, para que não caiamos em pecado. Balela. É o domínio da razão pelo medo.

Fim do preconceito
E essa perniciosa influência, da religião sobre a individualidade, quase chegou por aqui também. A lei que proíbe o empregador indagar do candidato sua religião aprovada na Câmara de Limeira foi um avanço e meio a tanto retrocesso. Como se competência dependesse da fé que o trabalhador professa. Nesses casos embutem-se, também, outros preconceitos. Inclusive os racistas.

Competência. E só!
Se o profissional reúne todas as competências necessárias ao exercício do cargo ao qual concorre, não importa se ele é evangélico, católico, muçulmano ou outra denominação religiosa qualquer. Conviver com a diversidade de crença também é um ato de amor ao próximo. É que muitas correntes cristãs não aceitam essa multiplicidade de opções. Não enxergam e não aceitam a individualidade do homem.

O vendedor e a fé
A lei em questão, conforme esta Gazeta publicou, é de autoria do vereador Wilson Cerqueira (PT), mas não foi aprovada por unanimidade. O vereador Sidney Pascotto, o Lemão da Jeová Rafá (PSC), votou contra. Argumento: proibir é uma prática do tempo da ditadura. E para vender CD gospel não serve qualquer cristão. Mais uma que vai para os anais do folclore político limeirense.

Folclore e política
Aliás, só para registro, essa Legislatura, que se encerra no próximo ano, foi pródiga em criar pérolas. Teve o dia do alpinista (que suscitou discussões acaloradas), o dia da oração, a obrigatoriedade de troco de um centavo, quando o valor da compra terminar em R$ 0,99, entre outras curiosidades. Só para lembrar algumas delas.

Porcentual elevado
E se continuar nesse ritmo, mesmo a despeito das boas proposituras, é provável que essa Câmara Municipal tenha uma das maiores renovações nas eleições de 2016. O que deve estar preocupando muito vereador. Desde o escárnio com a opinião pública até a mudança drástica de comportamento pesarão nesse processo.

É chumbo grosso...
Já para as disputas ao Executivo, para tentar barrar a reeleição de Paulo Hadich (PSB), tarefa até simples, dadas as condições atuais da administração pública, três nomes quase carimbaram suas candidaturas: Lusenrique Quintal (PSD), o eterno; Mário Botion (PEN), o preferido nas redes sociais e Eliseu Daniel dos Santos (PSDB), que voltou ao ninho para tentar devolver o poder aos tucanos.

Ao mestre, sempre
E com muito carinho. O desrespeito com que o governo do Estado trata a educação é uma grandiosidade. Ainda há os que defendem essa política absurda e que desvaloriza uma das profissões mais importantes em nossas vidas: o professor. Mais triste ainda é ver a Secretaria da Educação tentando justificar o injustificável. Beira ao ridículo.

Mais fácil prender
Pior ainda, e mais repugnante, é ouvir pessoas inteligentes e com cultura elevada, por simples questões partidárias ou por pura ignorância mesmo, defender esse tipo de atitude. É mais fácil construir presídios, defender a redução da maioridade penal, do que investir na educação, que é um dos pilares do desenvolvimento social. É mais fácil varrer o lixo para debaixo do tapete em vez de limpar a casa toda.

Pérolas da internet
A quem interessar possa. Postagens em perfis pessoais nas redes sociais dizem respeito e é responsabilidade, única e exclusivamente, do proprietário do perfil. Confundir o trabalho de jornalista em empresa de comunicação, com publicações no Facebook pessoal do profissional é de fazer rir. E isso, garanto a vocês, acontece em Limeira.

Para fazer rir. Muito
Estou contando o milagre, mas não vou identificar o santo. A única coisa que posso fazer é, com a linguagem das redes sociais, dar uma profunda gargalhada: kkkkkkk.   

Pergunta rápida
Qual é o limite para a idiotice nas redes sociais?

E cadê a malha fina?
Na semana passada li, com pesar, que 26 profissionais renomados do direito estão na lista do HSBC, que ficou conhecido como “SwissLeaks”. Inclusive desembargadores do TJ-SP. Aquela lista de figurões com contas secretas no banco suíço, que traz, também, jornalistas e conhecidos empresários da comunicação. Ainda não fiz minha prestação de contas com a Receita Federal, a declaração de imposto de renda, mas sei que, se errar numa vírgula, serei notificado. Enquanto isso....

Nota curtíssima
Como diria minha saudosa avó, quem não tem o que fazer procura sarna para se coçar.

Frase da semana
“Fico preocupado quando a política interfere na religião”. Sidney Pascotto, o Lemão da Jeová Rafá (PSC), sobre a aprovação da lei do vereador Wilson Cerqueira (PT) que proíbe ao empregador de perguntar qual é a religião de um candidato à vaga de empreso. Na Gazeta de Limeira. Quinta-feira, 2.

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