Quando
as primeiras manifestações (desde o impeachment de Collor) começaram a levar
multidões às ruas, lá em junho de 2013, e não foi permitida a tutela
partidária, o que seria comum em se tratando de movimentos sociais alinhados a
partidos de esquerda, muitos caciques chiaram. Queriam estampar suas bandeiras
e símbolos em meio aos manifestantes, que não permitiram, para não contaminar o
movimento e dar palanque a políticos. Os protestos se estenderam por cerca de
um mês, avançaram durante a realização da Copa das Confederações, naquele ano,
e do Mundo, no ano passado. Em menor intensidade, porém, não menos barulhentos.
Contidos pelas barricadas das forças de segurança, ninguém chegou próximo aos
estádios, mas o barulho era insistente e levou o governo, timidamente – e põe
timidamente, nisso – a anunciar algumas propostas, logo engavetadas. E não
debatidas com a sociedade, como deveriam, ou pela classe política.
Chega
2015, três meses do segundo mandato do governo Dilma Rousseff, e o PT a iniciar
sua quarta gestão seguida na Presidência da República, um novo tipo de protesto
é convocado e leva às ruas mais de um milhão de participantes – quase dois, nas
contas da PM – e muito menos, segundo o Instituto Datafolha, que também mediu
as passeatas. Desta vez não foram os movimentos sociais a convocar os
manifestantes. Movidos pela intolerância e pelo ódio que destilaram durante
toda a campanha eleitoral, em 2014, os novos “caras-pintadas” saíram às ruas, a
brandir o “Fora Dilma” e “impeachment já”. E que ninguém venha me dizer que é
protesto popular, por que não é. Presenciei o ocorrido em Limeira, no domingo
passado, e é fácil perceber - e distinguir - quem o está conduzindo. E,
principalmente, quem está dele participando. Tão óbvio quanto estampado em cada
rosto. Não que isso tire o mérito do movimento e o torne menos justo, muito
pelo contrário, é um direito assegurado – o da manifestação e da livre
expressão do pensamento – por preceito constitucional. Apenas é fato. E contra
o qual, não há argumento.
E isso não tem nada a ver com divisão de classes, como gostam de enfatizar alguns analistas, mas com a finalidade objetiva dos pedidos contidos nas palavras de ordem, que não trazem propostas. Daí a baixa adesão já na segunda edição dos manifestos convocados, que nem chegou a um terço do primeiro. O que já era previsível. Confesso que não pretendia escrever nada sobre o tema, mas a inconsistência e o desalinhamento entre os vários movimentos que buscam a paternidade do “Fora Dilma” me levaram a essa necessidade. Principalmente porque já se fala em partidarização nas próximas manifestações, quando elas ocorrerem. Que vão acontecer não há dúvidas. E o que tem de partido político querendo tutelar essas marchas, mas que até agora não teve coragem, bem como seus líderes, é um caso à parte. Hoje, os partidos políticos não são mais os portadores das necessidades da população. Viraram alvos da insatisfação popular. Todos eles. O PT é o bode expiatório nessa cadeia de acontecimentos, por questões que todos nós conhecemos. O recado é mais direto do que parece. A bandeira correta a ser hasteada, entretanto, é a da reforma política. Mas sem tutela exclusiva.
E isso não tem nada a ver com divisão de classes, como gostam de enfatizar alguns analistas, mas com a finalidade objetiva dos pedidos contidos nas palavras de ordem, que não trazem propostas. Daí a baixa adesão já na segunda edição dos manifestos convocados, que nem chegou a um terço do primeiro. O que já era previsível. Confesso que não pretendia escrever nada sobre o tema, mas a inconsistência e o desalinhamento entre os vários movimentos que buscam a paternidade do “Fora Dilma” me levaram a essa necessidade. Principalmente porque já se fala em partidarização nas próximas manifestações, quando elas ocorrerem. Que vão acontecer não há dúvidas. E o que tem de partido político querendo tutelar essas marchas, mas que até agora não teve coragem, bem como seus líderes, é um caso à parte. Hoje, os partidos políticos não são mais os portadores das necessidades da população. Viraram alvos da insatisfação popular. Todos eles. O PT é o bode expiatório nessa cadeia de acontecimentos, por questões que todos nós conhecemos. O recado é mais direto do que parece. A bandeira correta a ser hasteada, entretanto, é a da reforma política. Mas sem tutela exclusiva.
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