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terça-feira, 21 de abril de 2015

Uma bússola chamada bom senso



Dia desses encontrei um velho amigo, de outros tempos de política, mas que anda meio entediado com o assunto. Já foi vereador, participou em cúpulas de outros governos e, com largo sorriso, escancarou o que eu já, de fato, percebia, mas faltava uma opinião mais avalizada, que é a fraqueza de seus membros e a falta de condução do Poder Legislativo limeirense, que vai aos trancos e barrancos. E a afirmação desse velho amigo veio na lata: “Câmara ruim, essa!” Foi de fato uma exclamação tão espontânea, que não tive outra opção a não ser a concordância. E a situação se complica a cada polêmica que a envolve e aos seus integrantes, desde a Presidência até os parlamentares. Inclusive os mais experientes e, portanto, supostamente melhores preparados para o exercício do cargo ao qual foram eleitos. Ledo engano. Pois foram, talvez, esses com credenciais mais significativas, que acabaram derrapando numa curva infinita, que agora está levando o caos ao parlamento municipal. E não tem outra palavra para definir o que se passa por lá, a não ser o caos. E pelo visto não deve ficar só nisso.
Voltando a esse velho amigo, ele me descreveu - e também fui obrigado a concordar - a conduta de cada um deles, sem, não entanto, faltar com o devido respeito que uma pessoa merece. A análise foi pontual, política e estritamente funcional, ou seja, ao exercício da função que ora desempenham. De “a” a “z”, conforme manda a ordem alfabética na chamada às sessões ordinárias, não há nada a destacar, senão trapalhadas e discussões desnecessárias e de pouco interesse da população, essa sim, que deveria ser prioridade na preocupação de cada um deles, fica às margens de tudo, assistindo a uma disputa de poder sem nenhum sentido, à falta de capacidade em levar uma discussão do começo ao fim, sem que a política partidária (o que é regra também nas outras esferas dos poderes legislativos) não seja o ponto final dos debates. Ou os interesses de grupos políticos na disputa pelo poder, que jogam a obrigação primeira de cada um deles, a fiscalização dos atos do Poder Executivo, a um plano quase invisível. Os que a fazem, titubeiam e também se perdem nos atos e palavras, dando conotação estritamente populista aos seus atos. E populismo, todos nós sabemos, não leva a lugar nenhum. Perdem-se nas próprias ações.
Se os primeiros dois anos dessa legislatura foram de apoio total e irrestrito ao Poder Executivo, que atuou como um rolo compressor em todas as decisões importantes, fragilizando a independência entre os poderes, inclusive nas investigações de irregularidades, esses dois últimos serão de apego pessoal ao cargo. E de embates ainda mais distantes do povo, pautados no egocentrismo e no pouco apreço à opinião pública. O que é mais pernicioso ainda, pois alimenta essa cadeia do populismo à atividade política. Com algumas exceções. Mas como me lembrou o amigo com quem tive essa conversa, nesse caso faltam regras e não há exceções. É um barco literalmente à deriva, sem mastro, vela ou leme que lhe dê uma direção para retomada de rota. O porto mais próximo é outubro do ano que vem. Há tempo para correção. Basta usar a bússola do bom senso.

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