Dia desses encontrei um velho amigo, de outros tempos de
política, mas que anda meio entediado com o assunto. Já foi vereador,
participou em cúpulas de outros governos e, com largo sorriso, escancarou o que
eu já, de fato, percebia, mas faltava uma opinião mais avalizada, que é a
fraqueza de seus membros e a falta de condução do Poder Legislativo limeirense,
que vai aos trancos e barrancos. E a afirmação desse velho amigo veio na lata:
“Câmara ruim, essa!” Foi de fato uma exclamação tão espontânea, que não tive outra
opção a não ser a concordância. E a situação se complica a cada polêmica que a
envolve e aos seus integrantes, desde a Presidência até os parlamentares.
Inclusive os mais experientes e, portanto, supostamente melhores preparados
para o exercício do cargo ao qual foram eleitos. Ledo engano. Pois foram,
talvez, esses com credenciais mais significativas, que acabaram derrapando numa
curva infinita, que agora está levando o caos ao parlamento municipal. E não
tem outra palavra para definir o que se passa por lá, a não ser o caos. E pelo
visto não deve ficar só nisso.
Voltando a esse velho amigo, ele me descreveu - e também fui
obrigado a concordar - a conduta de cada um deles, sem, não entanto, faltar com
o devido respeito que uma pessoa merece. A análise foi pontual, política e
estritamente funcional, ou seja, ao exercício da função que ora desempenham. De
“a” a “z”, conforme manda a ordem alfabética na chamada às sessões ordinárias,
não há nada a destacar, senão trapalhadas e discussões desnecessárias e de
pouco interesse da população, essa sim, que deveria ser prioridade na
preocupação de cada um deles, fica às margens de tudo, assistindo a uma disputa
de poder sem nenhum sentido, à falta de capacidade em levar uma discussão do
começo ao fim, sem que a política partidária (o que é regra também nas outras
esferas dos poderes legislativos) não seja o ponto final dos debates. Ou os
interesses de grupos políticos na disputa pelo poder, que jogam a obrigação
primeira de cada um deles, a fiscalização dos atos do Poder Executivo, a um
plano quase invisível. Os que a fazem, titubeiam e também se perdem nos atos e
palavras, dando conotação estritamente populista aos seus atos. E populismo,
todos nós sabemos, não leva a lugar nenhum. Perdem-se nas próprias ações.
Se os primeiros dois anos dessa legislatura foram de apoio
total e irrestrito ao Poder Executivo, que atuou como um rolo compressor em
todas as decisões importantes, fragilizando a independência entre os poderes,
inclusive nas investigações de irregularidades, esses dois últimos serão de
apego pessoal ao cargo. E de embates ainda mais distantes do povo, pautados no
egocentrismo e no pouco apreço à opinião pública. O que é mais pernicioso
ainda, pois alimenta essa cadeia do populismo à atividade política. Com algumas
exceções. Mas como me lembrou o amigo com quem tive essa conversa, nesse caso
faltam regras e não há exceções. É um barco literalmente à deriva, sem mastro,
vela ou leme que lhe dê uma direção para retomada de rota. O porto mais próximo
é outubro do ano que vem. Há tempo para correção. Basta usar a bússola do bom
senso.
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