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domingo, 19 de abril de 2015

Ainda falta muito para um diálogo razoável



Não acredito em pacto político pela governabilidade. Nunca acreditei. Uma proposta inócua que se ouve falar pelos bastidores. Timidamente, é claro, mas algumas vozes, mesmo que apagadas pelo barulho da disputa pelo poder – e do ressentimento de derrotados contra os vencedores – tentam ganhar os microfones. E explico por que: um pacto só é possível quando há intenções claras de se alcançar um objetivo comum. Nesse caso a recuperação da autoestima nacional com medidas concretas partindo do governo e com ressonância nas casas legislativas, que são o suporte da política nacional. Primeiro, não há medidas concretas e nem acenos da situação para um entendimento e pela retomada do diálogo. Segundo, a oposição está pouco se lixando para isso e torce para que tudo continue como está, gabando-se, através de frases preconceituosas e hipócritas como “não votei ... e etc. e tal”, de com ela no poder seria diferente. Não seria, porque a disputa continuaria e ninguém abriria mão dessa identidade partidária tacanha e obtusa. Assim é e continuará sendo.    

Tudo como antes
Não sou alarmista e muito menos pessimista. Apenas realista. E tudo a que estamos assistindo hoje é uma reprise do que aconteceu ontem, anteontem e outrora. Não há espaço para a razão, quando a vaidade e o egoísmo são maiores que o interesse pelo bem comum. Já assisti a tudo isso há duas décadas e meia atrás e posso garantir que a história não mudou. Mudaram-se os personagens.

Um melado doce
As moscas que foram embora agora estão querendo voltar e pousar no melado do poder. É o ciclo que se repete de tempos em tempos. Porque é sempre assim que acontece. Os projetos de governo se transformam em projetos de poder e ninguém quer largar o filé-mignon. E se alguém disser que tem boas intenções, até respeito, mas não acredito. E os fatos estão aí para aumentar ainda mais esse descrédito.

Limite por um fio
A política, principalmente a partidária, transformou-se num grande negócio. Virou profissão – só não sei se com carteira assinada – e vemos, a cada dia, o nível baixar mais um pouco. E quando se pensa que já baixou o suficiente, há sempre um buraquinho a mais, para novas tentativas. Acho que atingi o meu limite de complacência e está cada vez mais difícil pensar de forma diferente.

Falência do Estado
A frustração de ver um projeto que poderia ser um grande fator de transformação social – e até foi em princípio – sucumbir a interesses meramente partidários, é imensurável. É inaceitável e nivela o lixo pelo lixo. A escória. Que habita também do outro lado da rua, com a devida postura ética daqueles que não fazem o que falam. As profecias de Mikhail Bakunin, parecem, não estavam tão erradas assim.   

Revendo conceitos
Para lembrar, Bakunin é um filósofo russo, que viveu no século XIX e conhecido como um dos pais do anarquismo. Contemporâneo de Karl Marx, de quem discordava das ideias, ele dizia que o Estado era a negação da humanidade e que o poder transformava as pessoas, quando investidas dele. Qualquer semelhança com os dias de hoje é muito mais que mera coincidência.

Criador e criatura
O poder é assim, você dá, você tira. Depois de quatro derrotas seguidas nas eleições presidenciais, o PSDB já fala em fim da reeleição. É o dr. Jekill querendo matar o mr. Hyde. E como na história do médico e do monstro, a criação é a mesma. Ideia fundamentada, para satisfazer a vaidade pessoal de Fernando Henrique Cardoso. Que depois se voltou contra ele e seus correligionários.

Profissão? Político!

Eu, particularmente, sou contra a reeleição em qualquer nível. Sempre fui. E especialmente da forma como foi concebida. E torço para que isso de fato acabe. Assim como o voto obrigatório.

Mudando de tema
Agora, trocando gato por lebre, impressionante a situação em que foi encontrada uma lanchonete no Centro de Limeira, com mais de 170 kg de comida imprópria e carne de coelho, conforme mostrou esta Gazeta, em sua manchete da última sexta-feira.

Falta fiscalização
Assim como esta lanchonete interditada, e por acaso, dá para imaginar quantas outras estão nas mesmas condições. E seria muito interessante uma força-tarefa da Vigilância Sanitária para fiscalizar cada um dos estabelecimentos comerciais que operam com alimentação. Sem discriminação, do boteco de bairro ao mais sofisticado restaurante. Poucos passariam no teste. Demanda tempo, pessoal, vontade política e coragem. Mas a saúde pública agradeceria profundamente um esforço dessa natureza.

E para encerrarem...
...as discussões, finalmente baixou a bola pelos lados da Câmara Municipal. Pelo visto tudo vai se encaixando e os tapinhas nas costas estão voltando. A pisada na bola e as decisões atropeladas do presidente da Casa, vereador pastor Nilton Santos (PRB), com certeza, vão pesar na sua popularidade junto aos eleitores. Menos é evidente, pelos fieis da sua igreja.

Eu, eu mesmo e eu
Aliás, alguns analistas estão dizendo que o maior beneficiado pelo aumento seria o próprio presidente da Câmara. O único, no entender de especialistas, com reeleição garantida, pela sua igreja, se não alçar voos mais altos. É para se pensar.

Pergunta rápida
Por que a Operação Lava Jato é mais interessante que a Operação Zelotes?

Arrecadação zero
Desde quarta-feira Limeira está sem a fiscalização eletrônica por radares fixos. Contrato vencido, licitação atrasada, ou seja, a mais profunda falta de planejamento, que ainda é típica na atual administração. Assim como foi a licitação para a empresa que cuidaria do parque de iluminação pública da cidade. Há situações em que requerem agilidade e não podem ser tocadas ao piano. Os dias, as semanas, meses e anos passam e, logo mais, em 2016, teremos eleições municipais.

Nota curtíssima
Confesso que estou propenso a estudar o anarquismo mais a fundo. E como solução.

Frase da semana
“A aula hoje é aqui. O tema? Cidadania”. De cartaz de um professor da rede estadual de ensino, durante a greve da categoria que já dura mais de um mês. No UOL-Educação. Sexta-feira, 17.

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