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domingo, 26 de abril de 2015

Desgaste desnecessário ou crise de liderança?



Por unanimidade os vereadores revogam o salário de R$ 12,6 mil dado por eles a eles mesmos. Está na Gazeta da última quinta-feira, 23. Em quem acreditar agora? Naqueles que votaram a favor do aumento, ou nos mesmos que votaram a favor novamente. Só que pela revogação desse aumento. Está instalada, na Câmara Municipal de Limeira uma crise de liderança. E com um recado duro aos vereadores: desgaste da imagem, que já não era e não é das melhores, de um Parlamento já tão desacreditado. A Mesa Diretora, capitaneada pelo presidente Nilton Santos (PRB) jogou suas fichas numa votação às pressas e na calada da noite, mas não contou com a pressão e a revolta populares. O que dá mostras, mais uma vez, da força que tem o povo. Por duas semanas inteiras o assunto é pauta na mídia. Se tivesse seguido o curso natural de uma votação em Plenário, com debates – contrários e favoráveis – e participação de todos é bem provável que hoje ninguém estaria desgastado. Tanto político como moralmente. Como é provável, também, que nesta discussão, o projeto que foi votado em “urgência urgentíssima”, talvez nem tivesse sido aprovado.

Um recuo amargo   
Mas o atropelo revelou essa crise de liderança, que dificilmente será controlada. A lembrança da lambança protagonizada pelos 11 vereadores que votaram a favor não sairá facilmente da memória dos cidadãos e eleitores. Mesmo porque o momento não era para tanto e os argumentos apresentados foram tão frágeis, que não se sustentaram. E deu no que deu. E o sabor amargo de um recuo.

Caminho da dor...
...ou caminho do amor. São as duas formas mais utilizadas, quando se tenta mostrar a direção de uma atitude, que pode levar ao extremo desconforto. E quando essa máxima é desconsiderada, o resultado é esse mesmo. No ímpeto de uma ação deliberada e, sobretudo descabida, o caminho que parecia florido torna-se espinhoso. E põe espinho nisso. Sempre haverá um a lembrar dessa dor.

Vaidade sem fim
Se os vereadores aprenderam essa lição, ótimo. Se não aprenderam já sabem que todos estarão de olhos bem abertos e cobrar-lhes os deslizes. Eu, particularmente, penso que na hora em que a poeira baixar, vem outra ventania. A vaidade esconde a razão.

Novo tiro a esmo
É a Câmara Municipal aqui e a Câmara Federal em Brasília. Os deputados federais aprovaram, na última quarta-feira, 22. O que parece avanço poderá ser um retrocesso.

Ruim para todos
Tão propalada pela cadeia produtiva e pelos empresários como avanço nas relações de trabalho e na desoneração as folhas de pagamento, a terceirização de mão de obra para atividades fins pode representar retrocesso em todos os sentidos. Arrocho salarial ao trabalhador – alguém duvida disso? – risco para o empresário, que pode ser vítima de uma empresa terceirizadora mal-intencionada e baixa qualidade em produtos e serviços.

Quem vai ganhar?
Vou tentar explicar melhor. A empresa que vai fornecer mão de obra precisa lucrar e, com isso, alguém nessa cadeia de custos ganhará menos. E serão os profissionais terceirizados. Afinal de onde ela vai tirar esse lucro? Os custos à empresa contratante serão menores em tese, mas ela continua com suas obrigações legais caso a contratada não o faça. Encargos trabalhistas, sociais, entre outros.

É a lei do Gerson
Como a nossa cultura é a da “vantagem em tudo” surgirão empresas terceirizadoras de mão de obra interessadas apenas em ganhar dinheiro e, a qualquer dificuldade deixará a empresa contratante com os custos e encargos, como está na lei aprovada. E a redução de custos inicial pode se tornar uma bola de neve sem tamanho. Pergunta-se: quem leva vantagem sobre quem? Comemorar antes é um risco que ninguém pensou ainda. 

Pagar... e esperar
Se o governo fizesse a parte dele, desonerasse a folha de pagamentos a níveis civilizados, sem querer lucrar sobre o empresário e o trabalhador, não haveria necessidade de tudo isso. O futuro tratará de provar. Aí o melhor lugar para chorar é a cama, que é quente. Ou, então, sair às ruas com cartazes de protesto.

Sossego à dengue
Pelos últimos números apresentados e pela ausência de discussão nas redes sociais, parece que a dengue está dando uma trégua. Pelo menos está deixando de ser destaque na mídia, como vinha acontecendo desde o início do ano, quando estourou a epidemia. Não que os quase oito mil casos e 14 mortes – além das outras investigadas – não sejam notícia suficiente. Mas parece que as medidas preventivas começam a funcionar. Méritos a todos os profissionais envolvidos nesse combate incansável.

Cuidado. Sempre!
Uma coisa, porém, é certa. Ninguém pode esmorecer e deixar de seguir as medidas básicas para que não voltem a ocorrer novos casos e com a intensidade notada até agora. Atenção para se eliminar possíveis criadouros e vigilância constante do poder público, com a fiscalização e com as próprias ações preventivas. Foram quase quatro meses de sustos e preocupação.

Reaprender a lição
Daqui para frente, as autoridades da saúde precisam ficar bem atentas e já programar novas ações de controle de criadouros e também larvário, para que essa situação não volte a se repetir. Prevenir para não remediar. Essa é a deixa.

Pergunta rápida
Por que a revogação do aumento salarial dos vereadores foi aprovada por unanimidade?

Uma saia bem justa
A jornalista Érica Samara da Silva, em sua coluna da última sexta-feira, adiantou que o secretário Tércio Garcia pode ser o próximo a deixar a administração Hadich. Ex-prefeito de São Vicente, pelo PSB, ele pode ir para engrossar as fileiras do governo do Estado, através do vice-governador, o também socialista Marcio França. Muito criticado pelos tucanos limeirenses, ele agora pode fazer parte do próprio governo tucano. São as idas e vindas da política. Será que emplaca mesmo?

Nota curtíssima
Itália autoriza extradição de Henrique Pizzolato. Notícia ruim. Muito ruim para o PT.
 
Frase da semana
“Com o voto distrital, fica mais fácil o eleitor distinguir os eleitos e cobrar suas propostas”. Do presidente da executiva provisória do PSDB limeirense, Leandro Consentino, sobre proposta aprovada no Senado para o sistema de eleições às Câmara Municipais. Na Gazeta de Limeira. Sexta-feira, 24.

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