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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Utopia? Vamos chamar de agenda positiva

Não se tem conhecimento, neste país, de qualquer tipo de aliança entre políticos de partidos adversários que possa traçar um caminho onde situação e oposição sigam juntas pelo bem comum. O que é muito mais complexo ainda em se tratando de política, uma vez que as lideranças de maior expressão de cada segmento envolvido não aceitam negociar, senão sob seus próprios argumentos. E ninguém abre mão de uma vírgula sequer, em seus manuais, que possa proporcionar ou direcionar um entendimento. Não significa aceitação e muito menos adesão de um grupo ao outro, mas pontos comuns de seus programas que poderiam se complementar em benefício de todos. E do crescimento do País. O debate, diferentemente de outros países com maior grau de desenvolvimento, não sai do entorno do umbigo dos caciques partidários, que veem em qualquer tipo de aproximação uma negação à própria condição de seu status. Ou de situação ou de oposição. Os discursos podem até confundir a opinião pública, mas a prática desmente qualquer boa intenção, da qual, como se diz no popular, o inferno está cheio.
Ceder em questões pontuais e reconhecer que ambos os lados têm soluções viáveis e até parecidas para os graves problemas que o Brasil enfrenta neste momento, não significa capitular. Muito menos abrir mão dos princípios elementares que regem cada partido político. Afinal, são apenas adversários e não inimigos (penso...). Nem deve ser encarado como fraqueza do governo ao admitir que enfrenta dificuldades e menos ainda soberba da oposição, como se só ela tivesse as respostas a todas as perguntas ou o direito a arrestar par si a única forma de conduta ética possível. Trata-se de um preceito básico à garantida da civilidade. Arrefecer os ânimos e pensar na cidadania como esteio a qualquer governo seria oportuno neste momento em que a insatisfação toma conta da nação, mas mesmo assim optou pela manutenção do atual modelo de governo. Seria, talvez, um voto de confiança que traz embutido em seu significado a expressão que marcou aquele junho de 2013: mudança. E urgente. Não há senhores da verdade nesse processo, mas a responsabilidade para arejar o sistema político nacional. Sem que ninguém perca sua identidade.
É possível partir dessa premissa para chegar a um denominador comum? Sim. Resposta curta e grossa, que passa pelo alinhamento de ideias – não de poder – para espantar o tradicional “nós vencemos” sobre o “vocês perderam”. Posso até parecer utópico, mas se PT e PSDB abrissem mão da beligerância instalada a cada processo eleitoral em favor de um protagonismo maior – e não seria aliança incondicional – estariam dando um grande passo para erradicar o fisiologismo, que ainda continua sendo o grande entrave a qualquer reforma que se faça necessária. E nada melhor para essa configuração do que a elaboração de uma agenda positiva e propositiva, visando ao presente e futuro do País. O que só será possível se as vaidades forem deixadas de lado. Não é pedir muito, acredito.

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