Não se tem conhecimento, neste país, de qualquer tipo de aliança entre políticos de partidos adversários que possa traçar um caminho onde situação e oposição sigam juntas pelo bem comum. O que é muito mais complexo ainda em se tratando de política, uma vez que as lideranças de maior expressão de cada segmento envolvido não aceitam negociar, senão sob seus próprios argumentos. E ninguém abre mão de uma vírgula sequer, em seus manuais, que possa proporcionar ou direcionar um entendimento. Não significa aceitação e muito menos adesão de um grupo ao outro, mas pontos comuns de seus programas que poderiam se complementar em benefício de todos. E do crescimento do País. O debate, diferentemente de outros países com maior grau de desenvolvimento, não sai do entorno do umbigo dos caciques partidários, que veem em qualquer tipo de aproximação uma negação à própria condição de seu status. Ou de situação ou de oposição. Os discursos podem até confundir a opinião pública, mas a prática desmente qualquer boa intenção, da qual, como se diz no popular, o inferno está cheio.
Ceder em questões pontuais e reconhecer que ambos os lados têm soluções viáveis e até parecidas para os graves problemas que o Brasil enfrenta neste momento, não significa capitular. Muito menos abrir mão dos princípios elementares que regem cada partido político. Afinal, são apenas adversários e não inimigos (penso...). Nem deve ser encarado como fraqueza do governo ao admitir que enfrenta dificuldades e menos ainda soberba da oposição, como se só ela tivesse as respostas a todas as perguntas ou o direito a arrestar par si a única forma de conduta ética possível. Trata-se de um preceito básico à garantida da civilidade. Arrefecer os ânimos e pensar na cidadania como esteio a qualquer governo seria oportuno neste momento em que a insatisfação toma conta da nação, mas mesmo assim optou pela manutenção do atual modelo de governo. Seria, talvez, um voto de confiança que traz embutido em seu significado a expressão que marcou aquele junho de 2013: mudança. E urgente. Não há senhores da verdade nesse processo, mas a responsabilidade para arejar o sistema político nacional. Sem que ninguém perca sua identidade.
É possível partir dessa premissa para chegar a um denominador comum? Sim. Resposta curta e grossa, que passa pelo alinhamento de ideias – não de poder – para espantar o tradicional “nós vencemos” sobre o “vocês perderam”. Posso até parecer utópico, mas se PT e PSDB abrissem mão da beligerância instalada a cada processo eleitoral em favor de um protagonismo maior – e não seria aliança incondicional – estariam dando um grande passo para erradicar o fisiologismo, que ainda continua sendo o grande entrave a qualquer reforma que se faça necessária. E nada melhor para essa configuração do que a elaboração de uma agenda positiva e propositiva, visando ao presente e futuro do País. O que só será possível se as vaidades forem deixadas de lado. Não é pedir muito, acredito.
terça-feira, 4 de novembro de 2014
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