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domingo, 9 de novembro de 2014

Mesma história de sempre. Explicações, idem

Reportagem publicada por esta Gazeta na última quinta-feira, de autoria da jornalista Érica Samara da Silva, transformada na manchete da edição, dá-nos um “exemplo” daquilo que não é um “bom exemplo”. A deterioração do Palacete Tatuibi, que abrigou a Câmara Municipal por mais de três décadas e, posteriormente, alguns órgãos públicos, é tão visível como inaceitável é a explicação do poder público para tamanho descaso. Não foi a primeira e nem será a última abordagem sobre aquele imóvel, que já foi residência da família de Trajano de Barros Camargo, o dr. Trajano, pioneiro na industrialização do Município, com esse conteúdo. A casa, outrora símbolo político, abrigou também a primeira mulher prefeita do Brasil, justamente a esposa do dr. Trajano, Maria Tereza de Barros Camargo, hoje não passa de um amontoado de lixo, sujeira, pichações e trincas pelas paredes. Um cenário que remonta a filmes de gangues que brigam por domínio de território. Cada um fazendo uma marcação diferente. E, mais uma vez, as explicações não convencem. São repetições do que já sabemos.

É preciso insistir
Não é possível que as autoridades públicas, aquelas que têm a obrigação de zelar pelo próprio patrimônio, ainda mais quando tem caráter histórico comprovado (se eu estiver enganado que me corrijam), fiquem omissas e amparadas em desculpas recorrentes. Se há dificuldades em enfrentar o problema – e acredito que elas existam mesmo – a busca por soluções práticas é o melhor caminho. É preciso respostas.

Não sai do lugar
Mais triste ainda – pelo menos de cruel sinceridade – é a Prefeitura reconhecer a falta de ações, no sentido de evitar a deterioração do prédio. Admitir que a atual administração nada fez é um bom começo. Foge da lengalenga do “estamos buscando soluções; há dificuldades burocráticas”, mas não a exime das responsabilidades. A situação só piora. E, com certeza, maiores serão os obstáculos para corrigi-la.

Está. Não está??
As contradições nas explicações que a própria Prefeitura deu à jornalista são visíveis. E demonstram a total falta de sensibilidade para com o problema. “O prédio não está em risco e está sendo monitorado”, afirmou o Executivo, por meio de nota. Mas as rachaduras, portas e janelas quebradas e até mesmo a sujeira no interior do “palacete” demonstram justamente o contrário. É preciso agir logo.

Imagens fortes
Outra contradição. Se não há riscos estruturais e mesmo funcionais, por que então insistir que o prédio não está em condições, no momento, de receber novamente qualquer serviço público? E tome abandono. Quanto às pichações e ações de vandalismo, a informação é de que ronda da Guarda Civil Municipal pode ser acionada. Fotografias mostram justamente o contrário.

Repetir e repetir
Quanto às questões que envolvem andarilhos e usuários de drogas, a informação da nota oficial é de que o local está no cronograma de abordagem do Ceprosom. Porém, acho que já ouvi isso antes. Em outras matérias de igual teor. “Será feita a abordagem esta semana”, diz. E quantas semanas já se passaram desde as reportagens anteriores. Colchões, cobertores, etc., continuam por lá. 

E vem de longe...
É preciso, entretanto, fazer justiça e reconhecer que o problema não é da atual administração do ponto de vista do seu início, ou seja, as que passaram também nada fizeram. Trata-se de uma herança que vem sendo dividida entre essas gestões públicas, sem que haja uma ação efetiva para resolver o problema. Empurrar com a barriga virou prática política. Independentemente de quem esteja no poder.

A cereja do bolo
Só para fechar esse raciocínio, mais uma informação interessante. Enquanto prédios públicos se deterioram ou são subutilizados (como o novo da biblioteca), a Prefeitura vai pagar, até o fim do ano, R$ 4,3 milhões em alugueis para terceiros.

Falta cidadania
Se na maioria das vezes o poder público não cumpre com o seu papel e ignora suas responsabilidades, a população – ou boa parcela dela – também não dá exemplos concretos ao exercício da cidadania. A crise hídrica tem sido um bom teste. Muitos simplesmente empurram, literalmente, com um rodinho, a água pelo ralo. Não sei se por ignorância mesmo, ou por pura falta de consciência. Mesmo com as denúncias, multas e campanhas explicativas, tem gente que ainda continua desperdiçando. E são os mesmos que irão, posteriormente, criticar o próprio poder público pelo problema. Que é grave, e não há indícios de resolução a curto prazo. A chuva chega, espera-se que ela fique, mas acaba indo embora para mais um período de estiagem. Por isso é preciso que todos se engajem nessa batalha, com a utilização racional e controlada da água.

Outros exemplos
As ruas de Limeira também entram no mapa da falta de consciência do cidadão. Não é raro ouvir reclamações sobre veículos abandonados – ou deixados – pelas ruas da cidade, muitas vezes dificultando a passagem de outros veículos e até mesmo causando riscos a motoristas e pedestres.

Espaço de todos
Vale lembrar que ruas são espaços públicos. Não são depósito ou garagem. Só para constar: na Avenida Araras, que apesar de ser chamada como tal é bem estreita, há uma carroceria de carreta, sem o cavalo, deixada há meses quase na esquina com a Praça Adão Duarte. A via é de grande movimento, inclusive de ônibus, e aquele mostrengo é um transtorno onde se encontra. Não é peça velha, mas está lá. Os fiscais do Município bem que poderiam dar uma passadinha por lá. E remover aquele estorvo.

Sem reclamações
Está funcionando, e bem, o sistema semafórico na rotatória do Viaduto Antônio Feres, conhecido como Viaduto da Ford. Motoristas e pedestres, que reclamaram e criticaram muito, abriram mão da zona de conforto e entenderam a importância daquele controle. Disciplina é bom. E prática. 

O velho problema
Já nas ruas centrais, parece que está distante o sincronismo dos semáforos. Faz tempo que não comento nada por aqui, mas sempre é bom dar uma relembrada às autoridades do trânsito. Com exceção dos corredores das ruas Boa Morte e Dr. Trajano – e às vezes na Barão de Campinas também – que têm quase uma “onda verde”, as demais ainda dão muita dor de cabeça aos motoristas. Somando também a imprudência, a falta de educação e o desleixo dos motoristas e pedestres, a situação fica ainda mais complicada. Como escrevi acima, se o poder público falha em muitos setores, muitos cidadãos também dão sua contribuição para o agravamento de certos problemas.

Pergunta rápida
Se Maomé não vai à montanha, a montanha vem mesmo até Maomé?

Espírito cidadão
Hoje a Gazeta de Limeira abre mais uma Copa Gazeta, na categoria Menores. Um incentivo à formação de crianças e jovens, que procuram no esporte a base para seu futuro. É mais um exemplo positivo e uma contribuição efetiva deste jornal à cidadania. Assim como foi – e vem sendo há mais de duas décadas – o Prêmio Gazeta de Literatura, encerrado no último dia 21 de outubro com a premiação dos vencedores. E que trouxe, justamente, um tema relativo ao futebol (“Resumo da Copa – as lições que ficaram”), incentivando o despertar de um pensamento crítico sobre uma situação real vivida pelo País, que foi a Copa do Mundo da Fifa. Essa feliz união entre educação, cultura e esporte fortalece ainda mais a participação deste veículo de comunicação na formação da sociedade limeirense. 

Nota curtíssima
Nenhum eleitor pode ter seu voto menosprezado. Independentemente de quem ele tenha votado.

Frase da semana
"Aqui tem muita coisa que estimo". Da idosa da Vila Queiroz, de cuja residência a Prefeitura retirou, através de mandado judicial, mais de 100 toneladas de coisas que ela guardava. Na Gazeta de Limeira. Sexta-feira, 7.

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