Não sou patriota de vestir verde-amarelo apenas em período de Copa do Mundo como se vê por aí. Muito menos de expor esse patriotismo com bandeirinha no carro ou nas sacadas dos apartamentos e muros das casas. E que na primeira derrota voltará para o armário e lá ficará empoeirando por mais quatro anos, até que uma próxima seja realizada e lá esteja, novamente, a seleção brasileira, despertando esse “amor” de apenas 30 dias ou enquanto durar sua participação na competição. Amo o meu País e a ele me disponho sem restrições. E, principalmente, livre de qualquer culpa ou de complexos. Principalmente aquele que foi descrito por Nelson Rodrigues e que é o pior e mais doentio de todos: o complexo de vira-latas, que nos leva a enxergar tudo de bom fora das nossas fronteiras e tudo o que não presta aqui dentro. Costumo, também, sugerir o “aeroporto” como porta de saída àqueles que assim pensam ou agem. Embora eles nunca encontrem coragem para sair.
Entendo o patriotismo como respeito mútuo. Do cidadão para com o País e do País para com o cidadão, embora muitas vezes não haja essa recíproca. Então é preciso lutar para que isso aconteça de forma incondicional. Cada um de nós deve vestir a Nação como traje de gala, ao mesmo tempo em que a Nação nos dê conforto nessa vestimenta. Isso não é ufanismo. Deveria refletir de forma concreta a relação entre Estado e povo, naquilo que a democracia tem de mais atrativo, o direito e as garantias individuais ao livre-arbítrio. Ao aplauso e à vaia, como manifestação de descontentamento com determinada situação ou pessoa, como vimos recentemente acontecer com a presidente Dilma Rousseff (PT), na abertura da Copa, em São Paulo na Arena Corinthians, popularmente conhecida como Itaquerão. Nesse caso falo, particularmente, do apupo. Jamais de ofensas pessoais, como aconteceu na sequência, por parte daqueles que deveriam dar o exemplo da boa educação, mas acabaram mostrando uma imagem de incivilidade ao resto do mundo. De desvio de caráter mesmo. Um cartão de visitas manchado por ódio e intolerância.
Uma pendenga caseira, que antes de se parecer com protesto por uma justa causa, acabou por fortalecer o próprio alvo dessa hostilidade. Já passou, mas a mancha ficou. Como vai ficar, também, a do último sábado, no Mineirão, quando os torcedores brasileiros vaiaram insistentemente a execução do hino nacional chileno, antes do primeiro jogo pelas oitavas de final do torneio, envolvendo as duas seleções. Uma irracionalidade que contraria a hospitalidade brasileira e, acima de tudo, confirma o mau exemplo apresentado na abertura oficial da Copa. A reverência ao símbolo nacional de qualquer povo é a maior prova de uma convivência harmoniosa e congraçamento entre diferentes culturas, que um evento dessa natureza propicia.
Uma pena que tudo isso tenha acontecido. E se fora dos estádios não há ressalvas a serem feitas e o caos prognosticado não vem se confirmando, dentro deles, especificamente nos casos de São Paulo e Minas, que deveriam ser modelos de boa conduta, isso não aconteceu. E se hoje somos a vitrine do mundo, é preciso mostrar que dentro dela há um produto de qualidade: a educação de um povo.
terça-feira, 1 de julho de 2014
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