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domingo, 27 de julho de 2014

Sem debate programático, sobram as acusações

Quando lá nos primeiros meses do ano estouraram as primeiras denúncias sobre a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras e a oposição se arvorou em criar CPIs e se aproveitou bem da situação, foi dada a largada para o que deve ser a campanha – pelo menos a presidencial – para as eleições 2014. Jogo de cena à parte e o aproveitamento midiático do assunto, é evidente que a situação (hoje representada pelo PT, que quando era oposição sabia muito bem se utilizar dessas manobras com denúncias) não deixaria por menos e o primeiro deslize do PSDB e aliados daria o mote da campanha petista também. E esse deslize veio na semana que passou com a revelação da construção de um aeroporto na cidade de Claudio, em área da família de Aécio Neves – mais propriamente um tio do candidato – e, justamente, quando o presidenciável era o governador mineiro. E mais, a construtora foi uma das doadoras da campanha tucana naquele ano. Assim como Pasadena, o “aeroporto de Aécio” vem tomando espaço na mídia também, o que garante farta munição ao PT.

É chumbo trocado
Tudo isso, ou seja, a utilização política tanto de Pasadena como do aeroporto de Cláudio-MG, nada acrescenta à campanha eleitoral dos dois principais concorrentes ao Palácio do Planalto. Joga a disputa ladeira abaixo e, mais uma vez, tomará conta dos debates políticos e, com certeza, da propaganda de cada um deles. Já se transformaram em dois escândalos distintos com objetivo definido.

Desconstruir é fácil
Infelizmente essa é uma velha – e põe velha nisso – mania incorporada à política brasileira. Em vez de debater ideias e programas de governo, para construir a própria imagem e, dessa forma, traçar um perfil de governo, optam-se pelas facilidades de desconstruir o que está em curso. E isso não é exclusividade de partido político nenhum. Depende de que lado cada um deles vai estar.

O discurso é difuso
E essa análise é fácil de ser comprovada. Basta perguntar se alguém sabe o que Dilma pretende para um próximo governo; qual é a proposta do tucano Aécio Neves para os setores mais criticados do governo petista; o que o socialista Eduardo Campos quer dizer, quando fala em “mais e melhor”. É tudo de uma subjetividade tão escancarada, que deixa o eleitor indeciso e o País sem rumo.

A total indefinição
O reflexo dessa falta de propostas concretas e de afirmativas, em vez de evasivas, é o alto índice que as pesquisas apresentam entre votos brancos, nulos e abstenções. Quase um terço do eleitorado indeciso, sem saber para que lado ir. E essa indefinição só tende a aumentar à medida que as campanhas ganharem as ruas, com as promessas de sempre e os já conhecidos ataques e contra-ataques, transformando o debate em lama pura.

Mudança nenhuma
Pelos exemplos aqui apresentados – Pasadena e o aeroporto mineiro – muitos outros devem surgir daqui para frente, direcionando a campanha apenas à troca de acusações entre situação e oposição. Apenas isso.

Uma nova paisagem
Em Limeira, agora de forma um pouco mais ostensiva, os candidatos estão colocando seus blocos nas ruas. Bandeiras nos cruzamentos, cavaletes com cartazes espalhados pelos quatro cantos da cidade, adesivos nos vidros traseiros dos carros e lançamentos de comitês eleitorais com visitas ilustres – o presidenciável Eduardo Campos e o deputado Paulo Maluf já estiveram por aqui – dão o tom desse início do ano eleitoral. E essas aparições vão se tornar cada vez mais ostensivas à medida que o tempo avança. O espaço mais importante, entretanto, é o do eleitor, que deve ser o protagonista desse enredo, que com certeza será confuso. Haverá quantidade, mas sem qualidade comprovada. E isso não é bom. Nem para o candidato e menos ainda para o eleitor.

Um problema sério
Já que o assunto é política, que vai cada vez mais tomar conta do nosso dia a dia, cabe-nos cobrar de cada candidato a necessária transparência, para que a confiança seja retribuída nas urnas. E esse é um dos itens que mais faltam ao político: transparência no discurso de na prática. Não é novidade para ninguém, mas é sempre bom bater nessa tecla. Em São Paulo, por exemplo, o tucano Geraldo Alckmin caminha fácil para a reeleição. Só que ele não está sabendo retribuir essa confiança, ao esconder o grave problema com o abastecimento de água na capital dos paulistas e em cidades que têm a Sabesp como distribuidora. O governador está escondendo a real situação, que pode ser catastrófica após as eleições. Está na hora de apostar na honestidade da informação.

Ingerência inócua
O banco espanhol Santander – aquele que comprou o Banespa – distribuiu na semana passada um comunicado junto com o extrato de seus clientes mais ricos, dizendo que se Dilma Rousseff (PT) melhorar nas pesquisas a economia brasileira piora. Esses arroubos políticos são conhecidos em período pré-eleitoral. Só que o banco não se deu conta que nesse extrato social – pessoas com renda acima de R$ 10 mil mensais – se encontram justamente os não eleitores da petista. Uma ingerência que ficou sem alvo.

Pergunta rápida

Por que as salas de cinemas em Limeira só exibem filmes dublados?

Ainda o trânsito...
Na quinta-feira à tarde, 16 horas, enquanto me dirigia ao trabalho, perdi um tempo no trânsito da área central de Limeira de quase 30 minutos. Meia hora amarrado por um caminhão baú, em horário proibido, circulando pelas ruas e fazendo manobras nas conversões – era muito grande – que travavam o fluxo de tráfego. Nesse tempo todo, descendo pela Rua Boa Morte e, posteriormente, pela Carlos Gomes, fiquei atrás do veículo e, em nenhum momento sequer, um agente de trânsito apareceu para resolver a situação. Ou para conversar com o motorista, explicando-lhe que ele não poderia trafegar naquele horário e, se fosse o caso, até multá-lo pelo descumprimento da lei. Estamos mesmo abandonados, sem fiscalização e sem autoridades competentes.

Nota curtíssima
Morte de mulheres e crianças não pode ser tratada como efeito colateral de um conflito.

Frase da semana
“Israel perdeu a guerra da opinião pública internacional’. Da jornalista Eliane Cantanhêde, em artigo publicado na sexta-feira, 25, em sua coluna. Na Página 2 da Folha de S. Paulo.

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