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domingo, 6 de julho de 2014

O poder da mídia e a insensatez da burocracia

A semana que já acabou vai ficar marcada por uma cena impressionante causada pelo desespero de uma mãe, que quer internação compulsória de filho de 33 anos, usuário de drogas e com problemas mentais. A foto publicada na primeira página desta Gazeta, da jornalista Renata Reis, que também é autora da matéria, mostra Ana Maria Alfredo segurando um cartaz em frente do Fórum, onde pede “Socorro! Preciso internar meu filho!”. Trata-se da chamada internação compulsória, oferecida pelo poder público,  que esbarra na falta de leitos e clínicas especializadas. E na burocracia, que faz a ação aberta por ela na Justiça, caminhar de forma lenta e de mão em mão, por salas e salas de tribunais desde 2011. Em primeira instância, a Vara da Fazenda suscitou conflito de interesse. O processo foi para o Tribunal de Justiça para decidir competências e voltou para Limeira, onde teve que partir do zero. No final da tarde, o secretário municipal da Saúde, Luiz Antonio da Silva, informou que a vaga para a internação do rapaz estava assegurada e uma clínica iria buscá-lo.

Corrente quebrada
Problema aparentemente resolvido (vamos aguardar e torcer por um desfecho positivo) é preciso fazer algumas considerações. Com a tutela antecipada para a internação compulsória do rapaz desde 2012, alguém nessa sucessão de entraves burocráticos não fez o papel que lhe cabia. E mais uma vez a mídia, que deu vez e voz a essa mãe, foi quem tirou o coelho da cartola, para garantir um direito. 

Chutando traseiros
Essa atuação dos órgãos de comunicação tem sido vital para que os olhos desse poder público se abram à realidade. Mais que isso, acaba desencadeando soluções rápidas para problemas até então dormentes sobre as mesas da burocracia oficial. Ora, se desde 2012 há essa “tutela antecipada”, fica difícil de compreender por que só agora as “autoridades competentes” deram agilidade ao processo. Olho nelas. 

É falta de vontade
Apesar de ser essa uma das funções da imprensa, é inaceitável que agentes políticos, em cargos públicos, só se movam quando pressionados por matérias jornalísticas, que fomentam a opinião pública à crítica. A verdade é que a burocracia estatal (e esse parece ser caso aqui discutido) caminha a passos de tartaruga. Assim como há um desinteresse latente em acabar com ela junto à máquina administrativa. Falta interesse político.

A hora de fiscalizar
Por falar em interesse político, a partir de hoje os partidos e candidatos já podem dar início à propaganda eleitoral com carros de som ou aparelhagem fixa e, também, pela internet, além da organização de comícios. Ainda é vedada qualquer propaganda paga. A partir de hoje o eleitor precisa estar atento e cobrar dos candidatos compromissos e não promessas. E, com calma e consciência, analisar prós e contras de cada nome.

Atenção redobrada
Apesar de ser tema recorrente, nunca é demais lembrar as recomendações desse período eleitoral com a opinião pública: o olhar atento e crítico a tudo o que for divulgado, pois nem sempre aquilo que parece é.

Termômetro certo
Com a intensificação e a fixação do período eleitoral oficial - e legal - as pesquisas continuam sendo o carro-chefe dos candidatos, que dessa forma podem medir desempenho e capacidade de arrebanhar o eleitorado às suas propostas. E como são feitas por institutos independentes a interesses políticos (espera-se, no mínimo, esse comportamento de todos eles), são a representação da realidade, já comprovada em eleições passadas. A variação que existe entre cada instituto é devido à metodologia empregada. Os resultados indicam sempre na mesma direção, tanto quantitativa como qualitativamente falando. Se podem influir diretamente, ou não, o eleitorado, é uma outra análise. Por isso, o eleitor precisa estar consciente, sempre.

Leitura de pesquisas
É importante salientar, também, que cada pesquisa reflete o momento político. E nem sempre significa que aquele será o resultado final de uma eleição. Pela própria dinâmica das campanhas. A variação, de uma para outra, é normal de deve ser interpretada como o humor do eleitor, quando foi inquirido. E se se fizer uma leitura isenta dos números, fica fácil identificar como está esse humor. Fatores externos à política podem, sim, ter influência no momento da confirmação do voto. Não se pode, entretanto, entendê-los como decisivos. E é a assimilação de cada candidato a seus resultados e como ele se comportará é que pode, sim, ter um grande peso na hora da decisão do cidadão por esse ou aquele nome. Não é uma conta fechada.

Tem influência sim
Para quem não acredita, a propaganda eleitoral tem sim influência direta sobre os eleitores. Sua estratégia e condução podem garantir melhor ou pior desempenho de cada um. É esperar as próximas pesquisas e conferir já na esteira das primeiras propagandas.

Pergunta rápida
O que falta para que Aécio Neves (PSDB) consiga empolgar o eleitorado brasileiro?

E já está nas ruas
Repetindo o que aconteceu com a campanha presidencial de 2006 (o “Fora Lula”), já se vê em vidros de carros adesivos de “fora Dillma”. Isso mesmo, com os dois “eles” coloridos, numa associação à campanha de Fernando Color, como já fizeram como “Lula” também. Se todos se lembrarem, o efeito foi zero, assim como esse tipo de material publicitário só serve para engordar cofres de gráficas e de quem confecciona adesivos. Particularmente não endosso as campanhas que antes de exaltar as qualidades do concorrente, denigrem a imagem do adversário. Mesmo por que há como se gastar esse dinheiro de forma mais útil. Essa falta de coerência é que faz a diferença lá na reta final de campanha. O eleitor quer, hoje, o debate e não o estímulo à intolerância.

Nota curtíssima
No torpor da Copa do Mundo no Brasil, as tarifas públicas vão sendo reajustadas.

Frase da semana
“Socorro! Preciso internar meu filho!”. Escrito em cartaz de Ana Maria Alfredo, a mãe que pedia, em manifestação em frente do Fórum, uma solução para o caso do filho viciado. Na Gazeta de Limeira. Quinta-feira, 3.

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