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terça-feira, 17 de junho de 2014

Um triste começo. E com fim imprevisível

Com o início do período legal das convenções partidárias para a escolha dos candidatos aos cargos eletivos que serão disputados no dia 5 de outubro, começou também uma troca de acusações desnecessárias e o destempero de velhos caciques bem conhecidos no cenário político nacional. Em vez de olhar para frente preferem ressaltar o passado. E da pior forma possível, revolvendo o lixo que já deveria ter sido reciclado e reaproveitado em benefício do País em vez de exalar apenas do mau cheiro característico, toda vez que é remexido. Entre as novas e as antigas lideranças, a preocupação não é o aprendizado com os acertos, mas a exaltação ao erro cometido e que, invariavelmente, vai levar a novo erro.
E duas facetas dessa obscuridade, que ao que tudo indica vai permear a campanha eleitoral deste ano, foram dados nas convenções dos dois partidos que vêm polarizando a política nos últimos 20 anos, PSDB, no sábado, e PT, no domingo. Sem a preocupação de mostrar alguma novidade e a possibilidade real de mudança, enroscaram-se na velharia dos discursos de antanho, onde é mais fácil desconstruir o que já foi construído e conquistado, como se fossem pais e mães dos mesmos filhos, disputando a paternidade biológica de todos os avanços. E, cada um a seu modo, antes de se posicionar sobre a necessidade e vontade populares, prefere polir seus próprios egos com autoelogios descarados.
FHC e Lula deram um péssimo exemplo no último final de semana, assimilado por seus pupilos, que não mediram esforços para mostrar quem gritava mais alto e proferia os “melhores” xingamentos contra seu adversário. E em ambos os casos são frutos de uma mesma árvore e se não se preocuparem com a qualidade daquilo que podem oferecer, apodrecerão antes mesmo de serem aproveitados. O protagonismo, que deveria ser essencialmente o debate em torno de ideias e programas políticos, acabou sendo coadjuvante. Os personagens principais apostaram no clima de guerra, quando o momento deveria ser de reflexão, tendo a Nação como objetivo, não seus próprios umbigos. E os discípulos seguiram seus mestres no mesmo tom, dando ao País e aos eleitores uma amostra grátis do que virá pela frente. Que ninguém espere um debate em alto nível, porque a baixaria vem sendo incentivada. E por quem deveria servir de modelo e não de mau exemplo. E nesse caso não há mocinhos e nem bandidos
Tanto Lula e FHC deixaram legados positivos e negativos ao Brasil. Mais positivos que negativos, é bom que se esclareça. Isso não lhes dá, entretanto, o direito de vociferarem um contra o outro. Pois se um ataca, o outro contra-ataca no mesmo nível. E sempre da cintura para baixo. A contaminação das campanhas por esse tipo de veneno, entretanto, reduz as expectativas de os brasileiros saberem em quem podem confiar. Seria conveniente, pelo bem da democracia e dos princípios republicanos que, antes de exporem os defeitos um do outro, ambos deveriam realçar suas próprias qualidades.

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