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domingo, 8 de junho de 2014

Enfim, chegamos. Mas como vamos nos sair?

Por mais mesquinhas ou hipócritas que possam parecer, as críticas são importantes para que erros sejam corrigidos. Ou, no mínimo, para que as consequências deles não se mostrem danosas. De junho de 2013 para cá, com a ascensão das manifestações populares, virou moda dizer que “não vai ter Copa” (o correto seria “haver”), cobrando-se saúde, educação e segurança “padrão Fifa”. Até há um movimento, que virou hashtag nas redes sociais, com esse nome. Difuso, sem lideranças, muita gente sem saber por que protesta, disfarçada em movimentos sociais, entrou na onda. Puro propósito de ganhar visibilidade para o momento posterior. Agora é só o nome mesmo que está em jogo, tentando viabilizar as futuras lideranças. As reivindicações apresentadas, sim, são autênticas e a mais pura expressão da realidade. A mistura dos interesses que estão por trás delas é que não são confiáveis. Mais quatro dias e o Brasil abre oficialmente a Copa do Mundo de Futebol da Fifa – e não do Brasil – e é a partir daí que se vislumbrará o alcance das manifestações. Vai haver Copa, sim.

O tema da pauta
Nos próximos 40 dias, entre o início e o fim do torneio mundial de seleções, todos os olhos estarão voltados para as 32 seleções, nas 12 cidades-sede e, por tabela, para a demonstração de forças dos manifestantes. Se agirão com racionalidade, ou se partirão para a violência. Mascarados ou não, todos, inclusive aqueles que assistirão aos jogos, devem ter seus direitos respeitados. É constitucional.

Um padrão real
Essa história do “padrão Fifa” não me parece bem dimensionada. Mesmo porque o único padrão que a Fifa conhece é o do desrespeito ao direito de ir e vir do cidadão, no país em que ela aporta. Se cobrado que os valores investidos em estádios – inclusive os particulares, como é o caso do Itaquerão – o sejam também na saúde, educação e segurança, do povo, esse seria um ponto de partida.

Agora não mais
Como já deixei claro em outros comentários que fiz sobre o tema Copa do Mundo, entendo que o tempo de protestar contra a sua realização passou do ponto, a partir do momento em que o País foi anunciado, com pompa, como sede do evento, lá em 2007. Ficaram lá os esforços para o entendimento da real situação do País, e do que representaria a Copa. E refletir até que ponto ela caberia nas dimensões sociais locais.

Para terminar...
O legado social, econômico e político que a Copa vai deixar ainda não dá para prever. Haverá saldos positivos e, com eles, virão os negativos também. Só não acredito num possível efeito eleitoral – nem para a situação e nem para a oposição – seja qual for o desempenho da seleção brasileira. Até porque se o governo está tentando tirar proveito, a oposição não está criticando, para não entrar em conflito com os torcedores-eleitores.

Mais porcentuais
Já que estamos falando em política, mais uma pesquisa do Instituto Datafolha à corrida presidencial mostra nova queda de Dilma. E de Aécio também. Já o socialista-verde Eduardo Campos despencou. É da sexta-feira, 6. Se Dilma cai, os dois principais candidatos oposicionistas caem também. Se ela sobe, ambos sobem juntos. Nem o tucano, e muito menos o ex-governador do Pernambuco, conseguem capitalizar a queda da petista. Um fenômeno a ser estudado.

Cadeia produtiva
A iniciativa privada cobra transparência do poder público. É o óbvio ululante. Aliás, é uma obrigação de quem administra o dinheiro do cidadão. Só que a iniciativa privada também prima pela falta dela. Dentre as mais fechadas está a indústria do suco de laranja. E quem nos deu o exemplo foi o professor da UFSCar, Luís Fernando Guedes Pinto, em palestra sobre as margens de comercialização no sistema agroindustrial do suco de laranja, na última quinta-feira, durante a Semana de Citricultura, em Cordeirópolis. O professor de economia apresentou uma equação de conversão de medidas, para explicar a falta de prestação de contas do setor, que ganha, não divulga quanto e a conta final fica para o produtor – que é mal remunerado – e para os consumidores finais, enquanto a indústria e o varejo ficam com os lucros.

Interesses difusos
É lamentável como as autoridades políticas se deixam influenciar por alguns setores da sociedade, em questões consideradas tabus e de alta sensibilidade. A Anvisa, por exemplo, voltou atrás – após ter autorizado – na liberação da importação de medicamento à base de canabidiol, o princípio ativo da maconha, para tratamento de epilepsia. A agência se deixou levar por interesses eleitorais do Planalto. Um outro retrocesso, também na área da saúde, foi a alteração de uma portaria que modificava a tabela do SUS para abortos legais. Desta vez, sob a influência de setores religiosos – tanto católicos como de várias denominações evangélicas – que se julgam no direito de decidir sobre a vida e a morte. Isso porque estamos no século XXI.

Sob a tutela da fé
É bom lembrar, sempre, que a saúde pública está muito além dos interesses de segmentos religiosos. E muito acima de qualquer grupo, que ao professar um credo, apenas quer tutelar o livre arbítrio. Este é um país laico, e assim deve continuar. A igreja não pode, nunca, se confundir com o estado e vice-versa. Foi-se o tempo em que essa igreja era o centro do universo.

Pergunta rápida
Até que ponto silenciar a imprensa é conveniente para encobrir a improbidade?

Idoso no trânsito
Confesso que fiquei assustado com uma situação que presenciei na última terça-feira, envolvendo o trânsito no Centro da cidade. O risco que pessoas idosas correm de sofrer atropelamentos em cruzamentos, onde há semáforos para pedestres. Um senhor, até com certa dificuldade em andar, foi entrando na faixa de pedestres e atravessando a rua, sem se dar conta de que o sinal estava aberto ao tráfego de veículos e sem mesmo olhar para o semáforo de pedestres. E o que impressiona mais ainda é que a maioria das pessoas idosas age dessa forma. E para completar esse quadro, e também o maior complicador, está o curto período de tempo que esses semáforos ficam abertos para pedestres. 

Nota curtíssima
Águas de Lindoia recebeu a seleção da Costa do Marfim. Limeira, o marfim nas costas.

Frase da semana
“Os protestos são o preço da democracia". Da presidente Dilma Rousseff (PT), durante jantar com correspondentes estrangeiros no Palácio da Alvorada. No UOL Notícias. Quarta-feira, 4.

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