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terça-feira, 24 de junho de 2014

A insatisfação medida em números

O País corre um grande risco de ter seu próximo – ou próxima - presidente da República e governadores de Estado com altos índices de votos brancos ou nulos. E até mesmo de rejeição. Fruto do descontentamento da população, que dá mostras de que está cansada de discurso e de promessas, as pesquisas eleitorais vêm apresentando características desse estresse eleitoral, que atingiu o cidadão. Os índices contidos nas últimas pesquisas, que apontam 30%, ou mais, de indecisos – ou seriam incrédulos? - que não estão dispostos a votar em nenhum dos candidatos até agora apresentados, é um sinal claro de insatisfação, que já não escolhe ideologia ou partido político. Aponta para uma única direção: a da mudança na tradicional forma de se fazer política. Acentue-se, neste caso, é na forma como a ciência política é tratada pelos políticos, que têm abusado dos benefícios (pessoais e de seus grupos), facilitados pelos cargos que ocupam.
Parece-me, num primeiro momento, que não há volta possível para essa onda crescente de descontentamento, que já não aflige mais as diferenças sociais, de classe mesmo, mas a sociedade como um todo. As manifestações e protestos se fecham de fora para dentro, encurralando os interesses partidários, o que é um dado bastante positivo e uma forma, até então pouco estimulada, de dizer chega aos convencionalismos e ao status quo que tomou conta da classe política nacional. Como não se trata de uma ciência exata, essas impressões são um retrato do momento e podem mudar.
E são os próprios políticos, que se transformaram em profissionais do engodo, em vez de servidores do povo, que dão todos os motivos para que isso aconteça. Antes de debater ideias, abusam da troca de acusações e da disseminação do ódio, como forma de desconstrução de imagens. Não há mais preocupação em arrumar a própria casa, mas simplesmente desarrumar a alheia. Troca-se a discussão programática pelo ataque pessoal (e até moral), sem o mínimo pudor ou respeito à opinião pública. E é essa mesma opinião pública quem começa, de forma tímida, a estancar a enxurrada de baixarias, na qual se transformou o embate político-partidário e ideológico. Não é por acaso que os índices de popularidade medidos pelas recentes pesquisas vêm caindo assustadoramente sem que haja reação lógica daqueles que se apresentam como alternativas às mudanças necessárias e almejadas, porque também não o são. Não apresentam diferenciais que levem à confiança do eleitorado. O que é extremamente preocupante, porque essa divisão é ruim ao próprio processo democrático em questão, ao propiciar o surgimento de aproveitadores disfarçados em lideranças, despreparados ou sem nenhuma sintonia com a realidade. O roto e o rasgado se revezam com o chapéu na mão para manter seus domínios ou conquistar a trincheira adversária.
O País está prestes a eleger – ou reeleger – governantes, que deverão, quando muito, atingir cerca de 40% do eleitorado. Não chegarão nem perto de ter a opinião pública como termômetro para medir o grau de confiança a partir do resultado das eleições. É preciso refletir, e muito, sobre isso. Talvez, assim, se proponham a virar o jogo, que até agora está com o placar desfavorável a todos os candidatos. 

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