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segunda-feira, 23 de junho de 2014

Um projeto eleitoral e os interesses da população

A eficiência da gestão do PSDB no Estado de São Paulo é uma bela teoria defendida pelos tucanos de alta plumagem e seus filhotes de ninho. Na prática, nem sempre é condizente com os rasgados autoelogios que saem das bocas dos principais caciques da sigla. E a prova concreta está no Ambulatório Médico de Especialidade (AME) de Limeira, carro-chefe da então campanha do governador José Serra à Presidência da República, em 2010. Inaugurado com pompa, após ter se apropriado de uma propriedade do Município, o AME atendeu, e muito bem, a quem dele precisava. Até passar os interesses de Serra e sua trupe, após a derrota para a petista Dilma Rousseff. Consultas e exames de primeiro mundo foram o mote do ambulatório, que tinha um convênio com a Santa Casa. E todos estavam felizes. Até um ano após a derrota nas urnas, quando o convênio foi rompido, conforme mostrou esta Gazeta. E as dificuldades dos pacientes se transformaram em drama mesmo. Muitos ficaram sem os exames e outros  só são feitos em São Paulo.

Acabou-se o doce
A introdução feita acima vem no sentido de embasar uma nova análise entre interesses eleitorais e as reais necessidades da coletividade. Na última quinta-feira, em nova matéria, a Gazeta mostrou que o Município pretende absorver os exames do AME - cuja obrigação é do governo estadual - que não mais são feitos em Limeira, obrigando esses pacientes a se deslocarem até a capital paulista.

Ações corretivas
E neste caso, a ação que a Secretaria Municipal da Saúde pretende colocar em prática é uma conta simples: fazer o levantamento dos custos dos deslocamentos a São Paulo com os custos dos exames para, então, banca-los aqui mesmo. É a chamada operação entre custo e benefício que, se concretizada, vai favorecer os limeirenses que dependem da saúde pública. Uma atitude que merece ser elogiada.

Gestão indigesta
Mais que uma simples equação matemática é preciso pensar, também, no conforto daqueles que precisam sair de Limeira para fazer um exame, muitas vezes desgastante. Hoje, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde, são 80 pessoas transportadas mensalmente e que poderiam estar sendo atendidas sem sair da cidade. O governo estadual deu com uma mão e tirou com a outra. E agora quem banca é o Município.

Falta autocrítica
Eis o grande paradoxo. As maiores críticas à administração municipal, hoje, saem das bases tucanas limeirenses. Essas mesmas bases que nada fizeram para sensibilizar o governo do qual fazem parte, a manter os serviços prestados pelo AME da forma como foram inicialmente concebidos. É curiosa essa relação entre política e interesses públicos. Infelizmente é o povo que fica sempre à mercê dessas práticas eleitorais.

Tudo muito igual
Esse toma-lá-dá-cá político não é prática exclusiva dessa ou daquela agremiação partidária. Quando o assunto é eleição todos se igualam entre suas promessas mirabolantes e muitas rasteiras inevitáveis.

Todos fisiológicos
Aos poucos o ciclo eleitoral vai se fechando e as definições tomam forma e das mais inacreditáveis possíveis. De conveniência mesmo. E disputas internas não cessam, mesmo quando se tenta manter aparências de unicidade em torno de uma proposta e de candidatos. Para não perder de vista os interesses de continuidade. Em qualquer situação. O governo federal, por exemplo, se submete ao PMDB para manter seus preciosos minutos de propaganda política no rádio e na TV. Aqui, no Estado de São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin anuncia que o vice de sua chapa será do PSB, de Eduardo Campos, concorrente direto do senador Aécio Neve, que como Alckmin é também tucano. Ao que tudo indica SP terá palanque duplo em outubro.

O ninho remexido
Essa união entre o PSB e o PSDB em São Paulo, que serão protagonistas da chapa para as disputas ao governo do Estado, fragmenta ambos os partidos. Pelos lados do PSB, quem sai perdendo é Marina Silva, que será vice na candidatura presidencial de Campos e contrária, desde o início, a uma aproximação com os tucanos. E Luíza Erundina. É visível o desconforto. E no PSDB fica uma grande dúvida em torno de sua própria unicidade, pois terá que, no mínimo, dividir o palanque presidencial entre seu próprio candidato, Aécio, e o socialista. Um verdadeiro malabarismo eleitoral que expõe dúvidas sobre a unanimidade em torno do senador mineiro à Presidência.

Tem ferida aberta
Sabe-se, e isso não é novidade, que há uma cicatriz ainda não curada dentro do próprio PSDB, que envolve vaidades arranhadas. Pode ser contestada, mas não desmentida.

Pergunta rápida
Marina Silva concordará em subir ao palanque com Geraldo Alckmin?

Luz avermelhada
Se as vaidades tucanas ainda teimam e “dividir” suas lideranças – mesmo que todos neguem, ninguém consegue esconder – o Palácio do Planalto acedeu de vez à luz vermelha para a reeleição de Dilma Rousseff. E o que parecia ser céu de brigadeiro, transformou-se em nuvens carregadas para o staff petista, que até antes dos manifestos de junho do ano passado, comemoravam a disputa encerrada já em primeiro turno. Apesar de voltas e reviravoltas políticas serem imprevisíveis, o marqueteiro João Santana terá muito trabalho pela frente, mesmo com as candidaturas de Aécio Neves e Eduardo Campos não empolgando o eleitorado. A verdade é que será uma eleição muito dividida, com um terço do eleitorado descontente.

Nota curtíssima
A mobilidade urbana em Limeira é um constante sinal fechado para todos os lados.

Frase da semana
“O governador Geraldo Alckmin vai fazer campanha com Aécio Neves, candidato de seu partido”. Do secretário da Casa Civil de SP, Edson Aparecido, sobre aliança com o PSB, de Eduardo Campos.  Na Folha de S. Paulo. Sexta-feira, 20.

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