Se o poder público não consegue suprir de forma satisfatória as necessidades da população em alguns setores, a iniciativa privada acaba por fazer as vezes do Estado e dos municípios. Um dos melhores exemplos dessa atenção, principalmente na questão cultural, é a iniciativa do Sesc (Serviço Social do Comércio), com eventos que englobam shows de grandes artistas a apresentações literárias e artes visuais. E leva toda essa infraestrutura a várias cidades do interior de SP, atraindo aqueles que, ávidos por esse tipo de programação, não recebem a devida atenção das chamadas autoridades constituídas. Só constituídas mesmo no papel que o eleitor recebe após apertar o sim na urna eletrônica, e nada mais. Satisfeitas suas necessidades políticas, voltam as costas ao povo, que fica na dependência da boa vontade de quem não tem obrigação nenhuma, mas se esmera para levar um pouco de cultura, lazer e diversão, que também são, sim, necessidades fundamentais do cidadão.
O melhor exemplo de tudo isso que escrevi acima pôde ser visto no Parque Cidade, no último domingo, com o Circuito Sesc de Artes. Com várias apresentações de palco e fechando com o show do rapper Emicida, o evento movimentou aquela conhecida área de lazer do Município, atraindo um grande público, jovens, adolescentes, crianças e até famílias, que quando têm as devidas opções culturais respondem com a presença, para o sucesso desses espetáculos. Enquanto nos gabinetes se discutem e criminalizam os “rolezinhos” e os “points” em shoppings, sem apresentar políticas públicas com projetos de inclusão, principalmente de jovens e adolescentes nos próprios bairros onde moram. Incentiva-se a segregação e a formação de guetos, onde então se buscam outras possibilidades de entretenimentos, nem sempre saudáveis. E a simples diversão transforma-se em perigo, quando o “Estado paralelo” toma conta dessas “tribos”.
O que se viu no domingo, no Parque Cidade, nada mais foi do que uma resposta justa da população ao incentivo proporcionado pelo Sesc, que é uma entidade gerida pela iniciativa privada. Um verdadeiro tapa na cara do poder público, que apareceu bem na foto e pôs sua marca no circuito, apenas como apoio. E não poderia ser diferente. Se não faz, o mínimo que se espera é um apoio incondicional a quem pode de fato realizar e promover alguma coisa sem qualquer interesse político. Nesse horário eu estava fazendo uma caminhada pelas pistas do parque em companhia de minha mulher, mas era impossível não se deixar contaminar com a felicidade da juventude que por lá circulava, aguardando o show. Pessoas que provavelmente poucas opções dessa natureza – e com a frequência necessária - têm e que merecem um cuidado especial dos administradores públicos. Afinal das contas, eles foram eleitos para garantir o bem-estar dos cidadãos, sem discriminar quem quer que seja. E nessas garantias deveria estar uma oferta maior de oportunidades de lazer a todas as idades, em especial aos jovens, para tirá-los das ruas onde se concentram, quando não têm o que fazer, e são tratados como delinquentes, sem o serem. Tirá-los - também e principalmente - do alcance dos traficantes, que vendem um outro “barato”, que depois vai custar muito caro ao próprio Município. Quem quiser vestir a carapuça, que fique à vontade. Tem para todos os tamanhos de incompetência.
terça-feira, 13 de maio de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário