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domingo, 11 de maio de 2014

O valor da integridade de um mau profissional

Um dos setores mais criticados no Brasil, a saúde pública poderia ser um exemplo de eficiência, através do Sistema Único de Saúde (SUS). E, caso funcionasse como deveria, os planos privados de saúde seriam obrigados a demonstrar muito mais competitividade e não penalizariam tanto assim o usuário, que fica desprotegido perante a ganância do setor. Mas não é o que acontece. A falta de investimento e a má gestão dos recursos públicos transformam a deficiência em desespero da população, que se vê obrigada a mendigar um bom atendimento médico. Ao mesmo tempo, práticas extremamente lesivas – criminosas mesmo - mostram como o comércio da medicina é exercido abertamente, sem se importar com suas consequências. E, em vez da consulta, apenas se cobra por um atestado médico, como mostrou levantamento feito pelas jornalistas Renata Reis e Érica Samara da Silva, e que foi manchete desta Gazeta na última quinta-feira: “Sem consulta, atestado médico custa R$ 50”. Denunciada, e com comprovante e tudo mais, essa prática deve ser mais comum do que se imagina.

Cúmplice no crime  
E quem vai pagar mais essa conta? A população e o sistema público de saúde brasileiros. E a própria economia do País, pelo alcance do atestado, comprado “in loco” num consultório da área central. Nesse caso específico, quem comprou o “documento” estaria com o final de semana abonado também, a propósito de uma falsa doença. O crime desse comércio ilegal vale para ambos os lados.

Farsa desmontada
Foi primoroso o trabalho das duas jornalistas, que se valeram de uma denúncia feita por empresária limeirense, lesada pela ausência de funcionário, que portava o documento comprado. A própria empresária foi quem levantou o problema e decidiu denunciar. Enquanto muitos aguardam nas filas do SUS, para garantir uma consulta, outros se valem da profissão e da má fé alheia para seus lucros.

A “lei de Gerson”
O que mais assusta em tudo isso é que não deve ser um caso isolado. De um único profissional da medicina – no caso, a médica denunciada – a utilizar suas prerrogativas técnicas e legais para obter vantagens financeiras. Sempre sobre a irresponsável conduta de pessoas de mau caráter, que não medem esforços para também levar vantagem em tudo. Mesmo que isso signifique prejuízos de outros.

Investigar e punir
Esclarecedora e assustadora, a reportagem assinada por Renata e Érica esmiúça a ilegalidade da comercialização de atestados médicos, que incorre em três responsabilidades (ou seriam irresponsabilidades?): fere o Código de Ética Médico, o Código Penal e a legislação sanitária. Impossível fechar os olhos para isso. E que o corporativismo da categoria não ofusque uma investigação séria sobre isso.

Cidadania é assim
Discursar contra a corrupção e seus tentáculos é fácil. Difícil é o exercício da cidadania, que obriga que cada um tome posição sobre determinado assunto. Como fez a empresária que denunciou o caso.

E quem deve falar
Os médicos cubanos começaram a atender a população na última quinta-feira. Antes que qualquer resquício de política partidária empane nosso pensamento, vamos observar o trabalho dos profissionais e ouvir a opinião daqueles que estão sendo atendidos.

Serviço deficiente
O trânsito em Limeira – e não só na região central – está cada vez mais difícil. Reflexo claro do aumento do número de veículos nas ruas e, principalmente, de um transporte público de qualidade, e que atenda às necessidades dos usuários. O que ainda não acontece. Não adiantam audiências públicas para debater o tema, se as concessionárias dos serviços não se conscientizarem que têm responsabilidades, que vão muito além dos lucros. Enquanto isso, quem poderia usufruir melhor do sistema acaba optando por tirar o carro da garagem, comprometendo ainda mais o tráfego nos horários de pico. E não dá para culpar a população, que quer agilidade e comodidade.

Segurança precária
Outro segmento extremamente precário no Município é a segurança pública. E cito um exemplo, que envolve também o trânsito. Moro e trabalho na região central. Poderia deixar o carro na garagem, e ir à pé. Não dá. Meu expediente começa às 16h, encerrando entre 22h e 23h. Na ida o tráfego é intenso e, na volta, não há sequer uma viatura, da Polícia Militar ou da GCM, patrulhando as ruas e praças da cidade. Nesse caso, meu carro compõe esse cenário caótico do trânsito em horário de pico e a falta de segurança me impede de voltar a pé para meu apartamento.

Sem perspectivas
Não vejo, a curto prazo, nenhuma perspectiva de mudança nesse quadro. Tanto do trânsito como da segurança pública. Serviços públicos essenciais. E mal geridos.

Pergunta rápida
Alguém sabe aonde a CPI da Petrobras vai chegar?

“Um dia de fúria”
Longe do glamour do filme protagonizado por Michael Douglas e Robert Duvall, o caso da mulher linchada em Guarujá no último dia 3, por suspeita de sequestro de crianças para rituais de magia negra, extrapola a raiva coletiva e a intolerância. Sentimentos que fazem de boatos e postagens nas redes sociais motivos para se decretar sentenças de morte. A justiça pelas próprias mãos é deplorável. E o mau uso da internet mostra que há muito o que fazer para transformá-la em ferramenta pela vida, e não arma letal. Quem participou desse crime está no mesmo patamar do criminoso comum. Assim como aqueles que incentivam, publicamente ou não, esse tipo de ação. Chega.

Nota curtíssima
A lua de mel entre Aécio Neves e Eduardo Campos não resistiu à noite de núpcias.

Chegou ao limite?
Nova rodada de pesquisas do Datafolha da corrida presidencial, publicada na última sexta-feira, merece duas considerações técnicas, se comparadas com os levantamentos anteriores. A primeira indica, aparentemente, um estancamento na queda da presidente Dilma Rousseff (PT). E a segunda, que os candidatos da oposição tiveram um ganho no porcentual de crescimento, o que pode levar, definitivamente, a eleição para um segundo turno. Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) têm muito o que comemorar com esses novos números. Dilma, porém, precisa ficar mais atenta aos recados das pesquisas e fazer uma leitura crítica dos erros e acertos de seu governo. Ainda é cedo para uma definição. Vislumbra-se, entretanto, que será uma contenda com sangue nos olhos.

Frase da semana
"Não achem que o Brasil é a Alemanha". Do secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, alertando os torcedores europeus como se comportarem durante a Copa no Brasil. Sexta-feira, 9. No UOL Copa.

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