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domingo, 1 de setembro de 2013

Vergonhosa lição de corporativismo

Depois dos mensalões - dos tucanos mineiros e do PT - e do “trensalão”, como está sendo chamado o propinoduto do PSDB paulista, ninguém poderia esperar por mais uma vergonha nacional, patrocinada pela classe política. E o mau exemplo vem, mais uma vez, da Câmara Federal, dos deputados que não cassaram o mandato do "colega" Natan Donadon (sem partido), que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 13 anos de prisão (e está preso há dois meses em Brasília) pelos crimes de formação de quadrilha e peculato. Seria cômico, se não fosse trágico, pois Donadon chegou à Câmara em camburão e algemado, para se defender perante seus pares e, pela complacência de seus “amigos - 131 que votaram contra a cassação, 41 abstenções e outros 104 faltantes - que não garantiram assim os 257 votos necessários à sua cassação. Apenas 233 deputados votaram pela perda de mandato do político rondoniense. Uma prova de que muitos ainda não aprenderam as lições que as ruas ensinaram no último mês de junho ao “absolver”, sem constrangimento, um condenado. Um presidiário que cumpre pena.

Colarinhos sujos
A situação é, por si só, vergonhosa, grotesca e nos remete à existência de uma verdadeira camarinha política, que como já disse certa vez um deputado “não está nem aí para a opinião pública”, desde que consigam seus escusos objetivos. Pois assim que fez seu discurso inflamado e ouviu o que queria ouvir, Natan Donadon foi reconduzido à penitenciária da Papuda de camburão.

Inimigos ocultos
A sensação de impunidade se acentua, quando se percebe que os nomes dos responsáveis por essa opera bufa jamais serão conhecidos. A votação secreta, excremento fétido, dá a verdadeira dimensão ao protecionismo e ao corporativismo que toma conta da corrupção no Brasil e garante o oportunismo desses 131 quadrilheiros, de outros 41 que se abstiveram e dos 104 covardes que faltaram à sessão.

Bandidos federais
Mais uma vez o Brasil assiste, estupefato, a tamanha barbárie política. Tão odiosa vocação para a impunidade, perpetrada pela “bancada da penitenciária”. Não há outra forma de definir esse grupo de parlamentares, que mesmo sabendo da condenação pelo STF, e do cumprimento de pena de Donadon em regime fechado, ter avalizado tal conduta. Porque não entendo de outra forma, quando 276 homens públicos, eleitos pelo povo, optam por fechar os olhos – são cegos morais – e manter no cargo um deputado-presidiário. Farinha do mesmo saco.

Amigos de cadeia
Daqui a pouco assistiremos a uma reprise desse seriado de horror. Se não cassaram um presidiário, por certo não deverão cassar os que estão prestes a fazer companhia a Donadon na cela: os deputados mensaleiros.

Mas não é só lá
Outra lição que fica desse tema, que envolve os legislativos, é que há um descrédito generalizado na atuação dos parlamentares nas três esferas de poder. Desde as Câmaras Municipais, passando pelas Assembleias Legislativas até a Câmara Federal, que foi o palco desse desastre político, envolvendo o presidiário, que continua deputado, Natan Donadon. E que mais contribui para esse descrédito é justamente o corporativismo e a blindagem. Exemplos locais não faltam. Há um descompasso entre o trato com vereadores da situação e os da oposição. A Câmara Municipal de Limeira foi primorosa em alguns momentos. Em outros, nem tanto.  

Para fazer justiça
Nem só de notícia ruim (envolvendo ou não a política) vive o homem. A Prefeitura e a Secretaria dos Transportes acabam de apresentar 18 novos ônibus, que integrarão a frota da Viação Limeirense. Em meio a tantos dissabores, quando o assunto é o transporte público urbano de Limeira, enfim uma grande notícia. Esses novos veículos devem estar em circulação pelas ruas a partir desta semana e as linhas que os receberão serão definidas entre o setor de transportes e a Limeirense. Que sejam contempladas as mais problemáticas.

Melhorias, sempre
É preciso que nesse embalo, os problemas estruturais também sejam resolvidos. Em especial aqueles que dizem respeito ao tempo de espera do usuário no ponto do ônibus e, principalmente, às quebras apresentadas nos últimos tempos. É importante que essa renovação não pare nesses 18 novos carros. E que a fiscalização às concessionárias seja eficiente e rigorosa. Pois lá se vão quase 30 anos de marasmo e inoperância do poder público nesse setor. Se deixar de empurrar os problemas com a barriga, tudo fica melhor.

O caminho da dor
Como havia alertado em outras ocasiões e como está sendo o assunto da semana, parece-me que o bom senso começa a prevalecer entre as associações de classe dos médicos. Depois dos tristes episódios dominados pela arrogância, intolerância e preconceito e repercussão negativa na opinião pública era preciso mudar. Mesmo porque o Programa Mais Médicos não é impositivo. É de adesão espontânea. E se os médicos brasileiros não querem atender nas regiões mais carentes no interior do País, que se dê oportunidade a quem quer.

Pergunta rápida
Quem realmente tem medo de um possível sucesso do Programa Mais Médicos do Governo Federal?

É a prova de fogo
Situação estranha essa história da contratação de empresa para nebulização de criadouros do mosquito da dengue. Um contrato emergencial, que está se encaminhando rapidamente pelas vias judiciais. O levantamento feito pelo vereador José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), parece-me extremamente grave no seu conteúdo e a própria sequência de matérias, que esta Gazeta vem desenvolvendo, apontam para problemas que podem tirar o sono de muita gente. Como o tema envolve diretamente o Poder Executivo e a Secretaria da Saúde, na gestão de Raul Nilsen Filho, será preciso uma atenção especial ao desenrolar da CPI da Dengue. Uma ótima oportunidade para os vereadores situacionistas provar isenção.

Nota curtíssima
Caos. Hoje, de longe, é a melhor definição para o sistema de semáforos de Limeira. Quanta paciência...

Perigo constante
Ainda paira no ar, e deve ser preocupação para jornalistas e usuários das mídias sociais, o descontrole de alguns agentes públicos, que não entendem o que significa - e teimam em desdenhar - a liberdade de expressão. Mais que uma declaração pública de incompetência e arrogância, esses agentes assinam, também, um atestado de ignorância em relação aos direitos e garantias do cidadão.

Frase da semana
 “Aqui não, Caiman Latirostris [jacaré]”. Do vereador Raul Nilsen Filho (PMDB) ao se defender das acusações de irregularidades na contratação emergencial para nebulização do mosquito da dengue. Segunda-feira, 26, na sessão da Câmara.

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