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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Uma crônica sobre cabeças e carapuças

A mediocridade política tomou conta de Limeira. E uma casta encastelada nas torres do poder se julga no direito de se tornar acusadora, juíza e jurada, ao mesmo tempo. Como se a sociedade devesse favores àqueles que hoje comandam os destinos do Município, que prometeram a mudança e o progresso, mas continuam estacionados na mesma vaga de onde saiu a última trupe. Se não conseguem ir para frente, dão nítidos sinais de retrocesso, principalmente no trato com a opinião pública.
A decepção que hoje toma conta deste colunista, há muito está nas ruas. Nas conversas entre grupos - os mais variados - e formadores de opinião, que também não entendem o que está acontecendo. E, principalmente, na atitude de alguns, que são pagos com o dinheiro do contribuinte, mas não enxergam que diante do nariz têm uma imensidão de ar a se respirar e, por vezes, costumam cortar esse ar, essa brisa chamada democracia, cujo sopro é uma dádiva às relações humanas. E estamos entrando pelo nono mês dessa troca de comando.
Ainda assim, há um núcleo oculto nas hordas palacianas, que insiste em teimar na necessidade de um pensamento único, para guiar todos os cidadãos por uma mão preferencial, sem atalhos ou derivações. Sem a possibilidade de buscar outra alternativa que não caia na monotonia de sempre. Que beira a infâmia. Aos mais temidos exemplos das tiranias, que se tem conhecimento na história da humanidade. Nenhum dever de Estado pode invadir a privacidade e o direito de qualquer pessoa, naquilo que ela tem de mais sagrado, de expressar-se livremente através de seus pensamentos e ideologias. Ainda falta um aprendizado a esses tutores da opinião pública: o importante é conhecer e ter sempre à frente o adversário e suas ideias. E não barrá-los na tentativa em divulgá-las.
No contraponto a esse estado de coisas e a uma situação política, que logo mais deve desaguar num oceano de questionamentos e egos feridos, os opositores se mostram fragilizados e incapazes, porque também não têm eles, uma liderança, que possa se apresentar como tal. Estão amparados em algumas figuras decorativas, tão ou mais envolvidas com o retrocesso, demonstrado pela ordem política em curso. Com tudo o que há de mais indesejável à condução dos destinos de uma sociedade, rumo à maior aspiração coletiva, que é o respeito às garantias e liberdades individuais.
Com retórica fácil e palavras de ordem que beiram o idealismo, antigos combatentes, que destronaram ímprobos, agora cedem ao doce sabor do mel que verte das colmeias à profusão e nele vão se lambuzando, cada vez mais. Merecedores da confiança popular, ignoram agora suas próprias raízes, na defesa de um modelo que tanto combateram.
Discurso e prática devem sempre seguir na mesma direção. E quando isso não acontece, o descontentamento é a reação mais lógica. Uma ameaça, que expõe a pequenez de espíritos despreparados ao exercício de conduzir seus próprios seguidores. E ficar à mercê dessas vontades é compactuar – até mesmo reverenciar – o autoritarismo, afeito às pequenas cabeças, que insistem no direito exclusivo à disseminação dessas ideias. Que não podem, em hipótese alguma, ser contestadas. São os tiranos de consciências.

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