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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A segurança na berlinda? Nunca saiu...

A morte violenta do investigador Luiz Carlos Nascimento, o Luizão, como era conhecido entre os amigos e colegas de profissão, expõe um ferida crônica no seio da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Não por conta da atuação da própria polícia, mas por desapego do governo estadual, do tucano Geraldo Alckmin e de tantos outros atrás, com a categoria. A falta de estrutura e de profissionais para completar os quadros da categoria é visível. E a remuneração, muito aquém do que esses homens – investigadores, agentes penitenciários e delegados – precisam para conduzir essa nobre missão, que é a da proteção à sociedade. Não é à toa que algumas paralisações têm sido feitas ao longo das últimas semanas, como forma de protesto contra o descaso de quem comanda o setor em nível hierárquico fora da instituição. O comando político mesmo, que vem da Secretaria de Segurança Pública e, por tabela e de cima para baixo, do próprio governador. A ida sozinho do investigador para cumprir suposto mandado de prisão, segundo o que ainda está sendo apurado, é um grande risco e, se comprovado, um desrespeito para com o profissional.

História surreal
É no mínimo estranha essa atuação solitária do investigador, mas é preciso expor a situação ao extremo, para mostrar à sociedade como é o trabalho desses policiais, em especial daqueles que dão a vida pela corporação e à proteção do cidadão. Não foi o primeiro e, infelizmente, não será o último a tombar dessa forma, que mostra o estado de abandono­ – sem exagero algum - de todo o sistema.

Falta de atenção
As autoridades políticas precisam acordar. E a falha que levou Luizão à morte é pura consequência desse sono em “berço esplêndido” em que dormem os administradores públicos. Não é de hoje que se expõe essa situação de penúria, material e pessoal, em que vivem os policiais no Estado de SP. Vez ou outra a categoria se mobiliza, mas não consegue ter os olhos governamentais voltados para si. 

Retrato sem cor
Na elaboração da matéria jornalística e na própria cobertura do jornalista Denis Martins, desta Gazeta, os principais detalhes que mostram esse descaso foram apresentados de forma dura, porém, realista, da vida desses homens que saem para o trabalho sem saber se voltam. Como não voltou Luizão, que tinha mais de 35 anos de profissão e já poderia estar se aposentando. O relato dos companheiros foi cruel. Ele não tinha parceiro, porque este precisou ser deslocado para outro local, para cobrir ausência de outro colega, que havia sido deslocado para Cordeirópolis. Até delegados são obrigados a escoltar presos e detidos. 

Nunca sozinho
Outra constatação feita pelo jornalista, junto a policiais presentes ao local, é que há uma portaria que impede o trabalho sozinho, mas a escassez de recursos humanos impossibilita que essa norma seja cumprida. 

Falta bom senso
O aumento da criminalidade, que os órgãos de segurança registram em estatísticas e que sempre assusta pelos seus índices de crescimento (alguns até chegam a cair), é o primeiro reflexo dessa situação. A sobrecarga de trabalho e, em muitos casos, a falta de uma estrutura adequada, fazem com que muitos casos e investigações, que poderiam ser rápidas, se prolonguem. Enquanto a sociedade convive com a violência, que pode, sim, ser controlada, falta uma condução segura por parte de quem, de fato, deveria agir: o próprio Estado. Agora, é esperar pelo esclarecimento da morte do investigador Luizão. Mais um triste exemplo de má gestão política.

Para quem não...
...acredita, aqui vai mais um exemplo da inoperância do Estado, que desta vez tem como causa a corrupção. Enquanto autoridades e altos funcionários do governo paulista são cada vez mais associados ao “propinoduto” dos trens do Metrô e da CPTM, os usuários é que sofrem as consequências dessa má gestão. Na manhã de sexta-feira completava-se o terceiro dia consecutivo de falhas em várias linhas do Metrô, prejudicando milhares de pessoas. O dinheiro deveria estar nos trilhos e trens, mas deve estar em algum bolso... 

Ninguém escapa
Essas situações vão se encaixando de tal forma e, como peças de um quebra-cabeças, emoldurando um quadro escuro, que não deixa muita razão para otimismos. O que indica que se deva fazer uma limpeza ética urgente na política. Escrever sobre isso é bater num ferro frio, que não se consegue moldar. E parece que, quanto mais se fala, mais as situações se repetem. Porém, apodreceram. Todos eles.  

Velhas notícias
Por aqui nada de novo, que não seja velho ou requentado. Depois de uma composição puramente governista para uma CPI, que vai investigar justamente atos da própria administração municipal, não sobra muita esperança de uma apuração isenta. É preciso, entretanto, dar um voto de confiança aos integrantes da comissão que vai investigar possíveis irregularidades na contratação de empresas para nebulização de criadouros do mosquito da dengue. Nunca é tarde para uma redenção política. É aguardar para ver. 

Fora a timidez
Não sei se é apenas uma impressão minha, mas venho percebendo que os integrantes da atual administração municipal começam a se soltar um pouco mais com a imprensa. Não estão tão escondidos como no início da gestão Paulo Hadich (PSB), mas ainda há quem prefira a nota oficial à chamada "conversa ao pé do ouvido”. Mas essa aproximação deixa um saldo positivo nas relações poder público-imprensa. Quanto mais transparência, melhor. 

Pergunta rápida
Qual será a influência, em Limeira, do voo do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB), rumo a Aécio Neves?

Muito engraçado
Vai ser bastante divertido acompanhar essa mudança de lado. E, principalmente, ver a reação do tucanato limeirense em relação ao prefeito Paulo Hadich, do mesmo partido de Campos. Opositores e críticos ferrenhos da atual administração, até mesmo por conta da aliança com o PT, os tucanos locais ficarão numa saia justa se a aliança se confirmar, embora de primeiro momento e, como o próprio Campos e Aécio enfatizaram, seria uma aliança estratégica contra a presidente Dilma Rousseff. E trará, por tabela, muito incômodo também aos petistas, que estão hoje ao lado do prefeito, com o vice Antônio Carlos Lima. Os próximos capítulos desse pastelão político serão, com certeza, emocionantes.  

Nota curtíssima
Políticos, que pedem “pelamor” de Deus para não serem identificados, a lua de mel PT-PSB está por um fio.

Tem livro novo
Faz tempo de que não dou dicas para uma boa leitura. E hoje vai uma excepcional. “O Príncipe da Privataria – A história secreta de como o Brasil perdeu seu patrimônio e Fernando Henrique Cardoso ganhou sua reeleição”. Muito dessa história eu conhecia. Os bastidores, porém, desconstroem o mito FHC. Do jornalista Mário Palmério, lançado há duas semanas. Geração Editorial. 

Frase da semana
"A cadeia não tem como me segurar". Do pastor evangélico Marcos Pereira, que é acusado de estuprar fiéis e está preso no complexo de Gericinó, em Bangu, em entrevista ao SBT Brasil. Na segunda-feira, dia 2

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