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terça-feira, 10 de setembro de 2013

A intolerância que leva ao ódio

O Brasil assistiu, recentemente, com a chegada dos médicos estrangeiros para compor o Programa Mais Médicos do governo federal, a uma reação descabida e selvagem dos “doutores” brasileiros, com altos índices de xenofobia e racismo. O que não se espera, nunca, de uma categoria bem formada, de educação sólida e cujo objetivo é o de salvar vidas e não impedir que isso aconteça. Enfim aconteceu. Os reflexos dessa intolerância ainda emitem sinais de boicote, quando o médico – brasileiro - aprovado no programa falta e não quer cumprir o horário a ele determinado. Enfim, é uma questão a ser resolvida pelos gestores do Programa e, caso necessário, com medidas disciplinares.
Ainda mais recente, e outra demonstração de intolerância, e nesse caso com a própria democracia, que deu visíveis sinais de amadurecimento desde os protestos de junho, foi a atitude de manifestantes, no Sete de Setembro, terem promovido atritos desnecessários em ataques gratuitos a jornalistas e a algumas corporações da mídia. Mais precisamente com a Rede Globo de Televisão, que tem sido obrigada a assumir erros do passado, para não ver seu império – que ainda é enorme – de audiência despencar ainda mais. É mais um exemplo do desprezo contra o direito de expressão e com a liberdade de imprensa, do que o protesto contra as ações de manipulação, que os considerados grandes meios de comunicação exercem em suas coberturas.
Nesse caso a própria Globo reviu sua postura já nos primeiros dias de sua cobertura dos atos públicos, separando “baderneiros e vândalos” dos verdadeiros manifestantes, tamanha a proporção que o movimento encabeçado pelo Movimento Passe Livre estava tomando a partir de São Paulo, estendendo-se a outros estados. O mea-culpa, entretanto, não foi o suficiente para aliviar a fúria dos manifestantes contra jornalistas da mídia impressa e emissoras de TVs e rádios, que chegaram a destruiu veículos dessas empresas, contrariando a própria luta de todos, que acabou por se transformar em ódio. E equipes inteiras tiveram que deixar o local escoltadas por carros da PM ou dentro deles. O que não é nada bom.
Ainda no mês de junho, quando a força dos protestos também chegou a Limeira, grupos tentavam impedir – e até conseguiram num primeiro momento - o trabalho da imprensa e não deixavam seus integrantes passar informações a jornalistas. É preciso lembrar a esses manifestantes, entretanto, quem sem a divulgação de seus atos e publicação de suas reivindicações, não alcançariam a visibilidade que tiveram e, também, não experimentariam tamanha dimensão de suas reivindicações e muito menos que chegassem aos seus objetivos.
Agora, nos atos do 7 de Setembro, que não teve a repercussão que muitos esperavam – principalmente de grupos políticos, que acabaram se frustrando - e nem a grandeza das primeiras incursões de há três meses, provas de intolerância contra aqueles que garantem a visibilidade do movimento ficaram em evidência. Aqui em Limeira, com o encolhimento das adesões, desta vez não houve incidentes. Fica, porém, a lição da necessária convivência entre as opiniões contrárias e do uso da inteligência, para que cada um possa defender as suas ideias, sem desrespeitar as dos outros. Pois toda vez que a intolerância  sobrepõe o bom senso, alguém sai perdendo. No caso dos médicos, foi a própria categoria quem se enfraqueceu. E no assédio violento à imprensa, quem perde é a democracia. 

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