Pages

domingo, 25 de agosto de 2013

Preocupa, assusta e é um desrespeito

O problema estava bem escondido e era tratado – “foi’, para ser mais exato – como um tabu em Limeira. Vem de administrações lá do século passado e início do novo, e continuou até estes tempos atuais. Como não há mal que sempre dure, começou em ritmo de conta-gotas e agora vem na correnteza. Estou falando da situação da frota do transporte público urbano, muito bem retratada em matéria da jornalista Érica Samara da Silva e que foi manchete desta Gazeta na última quinta-feira, 21, com o título “Frota vencida tem até ônibus de 2001”. Ou seja, com mais de 12 anos de uso ininterrupto e reforça a premissa da urgência no trato de tão preocupante e assustador assunto. E é fácil comprovar essa obsolescência, quando regularmente há notícias de quebras e acidentes com os veículos das duas empresas, que operam em Limeira, que seriam uma só, mas com nomes diferentes. Percebe-se, nessas notícias, que há fadiga de material e, portanto, isso coloca em risco a integridade física de seus usuários. E é muito grave, com dolo compartilhado com o poder público, pois está em desacordo com as regras contratuais.

Na ordem do dia
Se os fatos ganharam, de um tempo para cá, status de graves denúncias e se a Limeirense e a Rápido Sudeste não estão cumprindo sua parte na concessão, é porque houve evidente aquiescência do chamado poder concedente, ou seja, a Prefeitura de Limeira. E não é de agora, não. Vem de longe. Das administrações passadas, que sempre empurraram o problema com a barriga, prorrogando contratos.

Poço sem fundo
Como nunca é tarde para uma faxina geral e colocar ordem na casa, que assim seja feito. Os vereadores vêm discutindo a questão desde o ano passado, mediante denúncias da população que utiliza os ônibus e é, sem dúvida, a mais prejudicada. O último e mais frágil elo dessa corrente. É preciso, sim, discutir o tamanho desse buraco, que há muito tempo engole e abafa todas as reclamações.

Omissão geral
E nesse caso, a atual administração, de Paulo Hadich (PSB), que tem forte base aliada e esmagadora maioria na Câmara, por enquanto não pode ser criticada. É preciso retroceder muito mais e voltar às administrações de Paulo D’Andréa e Jurandyr Paixão, passando por Pedrinho Kuhl e José Carlos Pejon, além da última, Félix-Zovico. D’Andréa ainda trouxe, em seu último mandato, certa concorrência com a vinda de uma nova empresa, situação que nas administrações posteriores foi se acomodando com prorrogações de contratos, que deu no que está dando.

Precisa acelerar

Hadich tem nas mãos – e com uma Câmara favorável e a população implorando por melhorias nos serviços – uma grande oportunidade de solucionar o problema. Condições para isso ele tem. E com sobras.

Para quem tem...
...dúvidas sobre a seriedade dos problemas que o transporte público urbano enfrenta em Limeira, esta Gazeta trouxe, em sua edição da última sexta-feira, um novo relato envolvendo um ônibus. Desta vez da Viação Sudeste, quando o motorista da linha 8C avisou aos passageiros que o veículo estava com problemas no freio. O coletivo estava lotado, o que deixa o usuário, que precisa do transporte para chegar ao trabalho, ainda mais indignado. A linha 12, da Viação Limeirense, não teve condições de receber os usuários, porque o ônibus também estava lotado. E isso não é mera crítica. É relato dos próprios usuários.

Dor de cabeça
E para completar mais uma semana cheia de surpresas no cenário político-administrativo, eis que surgem novas denúncias, envolvendo o alto escalão do governo de Paulo Hadich (PSB). As bolas da vez são as secretarias da Educação e da Saúde. A primeira, com a contratação da mulher do secretário Zezo, para palestras, e a segunda, por suspeitas de irregularidades em contratos para nebulização do Aedes aegypti, o popular mosquito transmissor da dengue, na gestão de Raul Nilsen. Antes foram os casos Tércio e Zeuri.

Mosquito chato
Trata-se de uma sequência de acontecimentos, que não podem deixar de serem noticiados e analisados. Afinal das contas há dinheiro público, de todos nós, portanto, envolvido nisso. E vereadores, capitaneados pelo oposicionista José Roberto Bernardo, o Zé da Mix (PSD), já estão propondo uma nova CPI, desta vez a da dengue. Resumindo a papelada, o caso é mais ou menos parecido com os problemas do SAAE da era Renê Soares. Todos se lembram qual foi o resultado: a cassação do vereador Edmilson Gonçalves (PSDC).

E está infectado
Ainda é cedo para pensar numa possibilidade de cassação política, desta vez do vereador Raul Nilsen Filho (PMDB), que ocupava a pasta da Saúde e foi afastado do cargo a mando da Justiça. As comparações, entretanto, são inevitáveis. Principalmente entre os próprios vereadores. Ao analisar a matéria da jornalista Érica Samara da Silva, publicada na última sexta-feira por esta Gazeta, dá para fazer uma analogia entre as duas situações e perceber muitos pontos coincidentes. Se assim está, então que se apurem todas as responsabilidades.  

Pergunta rápida
Exímio investigador, por que o PSDB paulista tem tanto medo de CPI para investigar ações do governo de SP?

Debate ríspido
Fica meio no ar, e quase evidente, o cunho político-eleitoral nas ações do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira, quando o assunto é o Programa Mais Médicos, do governo federal. A posição de desconforto que essas duas entidades da categoria demonstram, quando se pronunciam através da mídia, é flagrante. Ou será que o temor maior é de que o programa funcione de fato? Fica difícil entender. Pois a saúde pública não pode se transformar em palanque eleitoral de ninguém. Nem da oposição, e menos ainda da situação. Cada cidadão tem o direito de se expressar sobre suas convicções políticas da forma que lhe convier, mas não pode transformar debate em guerra declarada.

Nota curtíssima
Aos poucos, o propinoduto dos trens da CPTM e do Metrô se aproxima da campanha de FHC de 1998.

Hora de mudar
Alguns vereadores da situação precisam deixar a obediência de lado, para votar por conta própria e não conforme quer o Poder Executivo. Desde a primeira sessão da Câmara, até este momento, repetem-se as duas gestões Félix, quando a palavra dele era ordem. Ninguém deseja um retorno do “rolo-compressor” político, que só serve para mascarar os problemas. Os resultados...   

Frase da semana
"O Aécio já colocou algo que fica como enganador: prévia depois de esgotado o prazo de filiação”. Do presidente do PPS e deputado Roberto Freire, sobre seu apoio a José Serra. Sexta-feira, na Folha de S. Paulo-Poder.

0 comentários: