A não ser que aconteça um novo acidente de percurso e com mais gravidade, na administração pública municipal, a exoneração do agora ex-secretário da Saúde, o médico e vereador Raul Nilsen Filho (PMDB), após determinação de seu afastamento legal pelo juiz da Vara da Fazenda Pública, Adilson Araki Ribeiro, foi o assunto da semana. A trama, que se desenrolava desde que foi veiculada a ligação de Nilsen com uma cooperativa médica e também com a Santa Casa - instituições que prestam serviços ao Município - não poderia ter outro desfecho, a não ser esse mesmo. Embora o Jurídico da Prefeitura continue argumentando sobre a não existência de conflito de interesses, ela fica muito clara, mesmo que não haja benefícios, nem para um, nem para outro. Mesmo porque, é preciso pensar, acima de tudo, na moralidade da situação. A legalidade, mesmo que transcenda essa moralidade, é sobre a segunda que devemos nos ater, principalmente quando se trata da administração pública. Não há como não fazer qualquer juízo de valores, que não seja nessa esfera. E é disso que este país mais precisa neste momento.
Atitude positiva
E que fique bem claro, isso não é uma crítica nem ao agora ex-secretário da Saúde e nem mesmo ao Poder Executivo, que foi bastante prestativo em, num primeiro momento, acatar a decisão judicial. O simbolismo dessa atitude merece ser elogiado. E, principalmente, a clareza com que tratou o assunto, ao chamar uma coletiva de imprensa para o anúncio oficial da exoneração e Raul Nilsen.
De volta à Casa
Com a exoneração publicada no Jornal Oficial do Município na quinta-feira, 8, Raul Nilsen reassume sua cadeira na Câmara de Vereadores, que entendo, é de onde não deveria ter saído, pois foi eleito pelo povo para ser vereador e não secretário municipal. Em que pese toda e qualquer acomodação política - comum neste país - para contemplar aliados de primeira hora. É legal, sim. Mas é moral?
Anjos da guarda
Pela nova ordenação política e social pela qual o Brasil está passando, desde os protestos de junho, nada mais exemplar do que essa decisão, que, mesmo sendo em caráter de liminar, coloca o trem nos trilhos da moralidade novamente (isso não é nenhum trocadilho, certo?) e dá um recado claro de que Ministério Público e Poder Judiciário são os guardiães dessa causa. E, sempre que necessário, agirão para que não haja desvios nos rumos do serviço público, pois ele diz respeito a todos nós, cidadãos, que honramos nossos compromissos com a legalidade.
Nas duas frentes
E cabe aqui o reconhecimento dos trabalhos do MP e da Justiça. Que não veem as cores partidárias ou ideológicas para levar a cabo suas ações e decisões. Que zelam pela legalidade, mas prezam a moralidade.
Um volta; outro sai
Com a reentrada em cena do vereador Raul Nilsen na Câmara, o primeiro suplente do PMDB, Bruno Bortolan, deixa o cargo. E que fique bem claro: com um trabalho exemplar neste período em que esteve no Legislativo Municipal, ao qual pode - e tenho certeza disso - ainda voltar. Acredito que ele poderá usar sua experiência, a partir de agora, para trabalhar ainda mais pelas causas populares. E pela sua juventude e vontade - e pelo sangue de políticos que corre em suas veias - foi um início de carreira promissor. Ele não deve se lamentar por isso, mas levar essa lição como estímulo às suas atividades. E pensar no futuro que terá pela frente.
Agora vou de trem
A proposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de criar uma comissão independente - composta por membros de entidades civis - para apurar o "propinoduto" do Metrô e da CPTM é interessante. Nesta onda de moralidade, entretanto, vem embutida um desespero premente para abafar uma possível CPI do caso, que já ganhou espaço cativo em toda a mídia. E fica claro, também, que o número de CPIs para o "inimigo" não tem limites. Mas comissões para investigar o tucanato, essas não podem. Por que todo esse medo?
Chame um médico
Quem está precisando de um psiquiatra - e urgente - é o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto D'Ávila. Ele quer que os médicos façam, agora, campanha contra o programa Mais Médicos nos próprio consultórios e nos hospitais. O CFM quer distribuir folhetos contrários ao programa, ao que me parece mais por um capricho de D'Ávila, que é contra a proposta por ser, segundo ele, eleitoreira. É o corporativismo falando mais alto que as necessidades de quase 2,5 municípios pelo País, que não têm nenhum médico ou estão com esses números abaixo do desejado.
Quero Dramin. Já
Parece que o presidente do CFM começa a fazer política partidária, ao tratar o assunto dessa forma. É um direito que ele tem. Agora, a justificativa que ele deu para o interesse em trazer médicos cubanos dá ânsia de vômitos. Disse D'Ávida que a vinda dos médicos daquele país é para "catequizar o povo mais carente e vulnerável do Brasil". Seu entendimento é que o governo de Cuba tem ligações ideológicas com o PT. Acho que ele tem medo de encontrar um médico comunista debaixo da cama.
Pergunta rápida
O PSDB vai conseguir superar a onda de denúncias que se abateu sobre o tucanato paulista?
Um mau exemplo
Muito triste as imagens mostradas pela EPTV - e repercutidas na mídia nacional - na última quarta-feira, sobre a invasão e depredação da Câmara Municipal de Campinas, por um grupo de jovens, que se dizem integrantes do Movimento Passe Livre. Pelo menos tinham faixas espalhadas pelo plenário, com essas inscrições. Vandalismo e violência não são tipificações de manifestações de protesto. São apenas vandalismo e violência praticados por gangues, e não por quem deseja lutar por seus direitos e necessidades. Mais triste ainda é observar pessoas prontas e atentas na tentativa de menosprezar essa luta, apenas porque ela é apartidária e põe em dúvida as lideranças políticas nacionais. Ninguém pode mais fechar os olhos às mudanças. E que os partidos -todos eles - precisam de renovação.
Nota curtíssima
No Brasil, 500 municípios não têm um médico sequer. Outros 1700 os têm. Em números insuficientes.
Uma boa notícia
O novo prédio, onde deverá funcionar a bibliotea pública municipal, recebeu reparos nas partes que foram vandalizadas. Reposição nos vidros de portas e janelas, que tinham sido quebrados, e consertos em parte do forro externo do teto, que estava sendo arrancado. Esse cuidado é importante para mostrar que o poder público está atento ao problema. Agora só falta inaugurar o novo espaço.
Frase da semana
"O entendimento jurídico que tínhamos era outro". Do médico Raul Nilsen Filho (PMDB), sobre sua exoneração do cargo de secretário da Saúde, a pedido da Justiça. Quinta-feira, na Gazeta de Limeira.
domingo, 11 de agosto de 2013
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