Em longa entrevista ao site Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm) publicada ontem, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) voltou a defender a regulamentação da mídia, como forma de garantir independência e isenção no noticiário e a não politização da informação. Apesar de concordar com ele, que há, sim, ideologização da notícia, moldada aos interesses políticos de grupos empresariais e também de partidos, na maioria dos meios de comunicação da mídia impressa ou eletrônica, essa história de regulamentação, que pode ser tratada como regulação da divulgação daquilo que interessa ou não a governos e governantes, é perigosa aos princípios da democracia e à própria liberdade de expressão.
Apesar do desconforto que uma opinião contrária representa, seja ela pertinente ou não, a ninguém é dado o direito de tolher conceitos emitidos por quem quer que seja, simplesmente por que vão de encontro a determinada linha de pensamento. Esteja ela alinhada à direita, ao centro ou à equerda. Esse marco regulatório, que o governador gaúcho defende com unhas e dentes, compartilhado até mesmo por profissionais da mídia, teórica e conceitualmente é interessante garantir um maior acesso à informação, para que todos os grupos sociais tenham direito a expressar-se sem edição de conteúdos. Que, sabe-se, é feita conforme a linha editorial de cada meio de comunicação. Deixa de ser interessante, porém, à medida em que pode ser utilizada para promover o retorno da censura prévia, que num passado não muito distante, atingia justamente quem agora opta por esse caminho, indesejado por todos.
A defesa unilateral dessa regulação não leva em conta a importância de conhecer as vozes dissonantes. Silenciá-las seria dar munição a um inimigo oculto, que pode se tornar mais arriscado ainda. Conhecê-los e enfrentá-los, em suas opiniões, é muito mais produtivo e prático do que ser surpreendido por um ataque pela retaguarda. Talvez esteja faltando esse entendimento àqueles que desejam ardentemente regular os meios de comunicação. Alguns até que mereceriam ser regulados, porque não conseguem distinguir embate de ideias de ataques pessoais, incompatíveis com a condição de formadores de opinião. Esses, porém, já são regulados pelos próprios leitores, ouvintes e espectadores. Apenas fazem coro a grupos socias e políticos bem definidos. Um direito que têm.
Essa regulação não representa, é evidente, a existência de um Pravda, da extinta União Soviética, ou de um Granma, em Cuba. Mas pode se tornar um instrumento pernicioso, ao alcance de qualquer um. Principalmente daqueles que apostam no quanto menos informação melhor. É preciso que fique claro, também, que muitos dos que hoje se postam visceralmente contra essa proposta, no passado já regularam e manipularam muito também. Isso, entrentanto, é passado. O presente nos mostra que ninguém precisa ser domesticado. É imperativo dar ao cidadão o direito de exercer sua própria inteligência. A seu próprio favor. Ou contra. É o livre arbítrio.
terça-feira, 9 de abril de 2013
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