Pages

terça-feira, 16 de abril de 2013

Educação e cidadania. Uma difícil prática

A educação, penso, deveria ser o primeiro critério para avaliar o grau de desenvolvimento de um povo. De um país, que tenha pretensões de se inserir no cenário global, servindo como exemplo diferenciado e possível de ser copiado. E quando falo de educação, não estou apenas me referindo ao seu contexto formal, que vai da alfabetização aos bancos universitários, que é importante, sim, à medida que serve de esteio ao ato de exercer a própria cidadania. Sem a educação formal de boa qualidade (e que ainda patina por aqui, do extremo sul ao extremo norte, com raros exemplos de sucesso), não é possível exercer um outro tipo de educação, que é o objeto desse meu comentário: a educação que dá significado ao comportamento das pessoas. A sua inserção social como ser humano, que sabe respeitar os limites de suas atitudes e, por isso, merece ser respeitado. Que lhe confere o caráter da civilidade. Da polidez e da cortesia, que são seus sinônimos mais simples.
Nesse caso, é a falta desse caráter que desejo comentar. Observado no dia a dia de quem sai às ruas, para demonstrar justamente como não se deve agir em ambientes públicos e muito menos passar esse tipo de ensinamento para quem ainda está em início de aprendizado. E são exemplos de comportamentos básicos, que nem deveriam estar sendo considerados, mas são tantos e tão absurdos, que é preciso tentar trazê-los à luz para, quem sabe, possa servir à consciência daqueles que os praticam. É comum ver pessoas, a poucos centímetros de um coletor de lixo, atirando papel ao chão. Sejam folhetos de propaganda, maços de cigarros, papel de balas e chocolates, que além de emporcalharem o passeio público acabam causando transtorno ambiental e até mesmo riscos à  integridade física daqueles que por lá circulam, principalmente em período de chuva. Ou motoristas atirando latinhas de refrigerantes pela janela de carros, sem qualquer cerimônia.
Ainda no domingo, ao deixar minha filha na Rodoviária para seu retorno a São Carlos, onde estuda, um grupo de jovens próximo de uma das lanchonetes, das plataformas de embarque, estava com copos de cerveja, conversando de forma descontraída, até que um deles, em um esbarrão, derrubou o copo do amigo ao chão, quebrando-o e espalhando seu conteúdo. Até aí, um acidente. O que se seguiu é que me deixou profundamente chocado. O faxineiro do setor estava passando pelo local, já ia fazer a devida limpeza, quando esse grupo decidiu chutar os cacos para todas as direções, para em seguida, sorrindo, deixar tranquilamente a área. Na sequência lá foi o servidor juntar os restos do copo e enxugar o chão.
Não está errado atribuir esse tipo de conduta à má qualidade da educação formal, que é uma de suas causas. Mas não custa lembrar, também, que os primeiros ensinamentos vêm dos exemplos que trazemos de casa, das práticas que compartilhamos desde os primeiros momentos de nossas vidas. Princípios de civilidade não são equações matemáticas, que se resolvem na ponta do lápís. Fazem parte da lição diária de cidadania, que muita gente ainda não aprendeu.

0 comentários: