Já tem político - ou pseudopolítico, se assim podemos chamar - se valendo do anonimato, envelopes lacrados e motoboys, para disseminar na mídia denúncias contra desafetos. O recurso é sempre o mesmo. Os "documentos" chegam às redações no início da noite, o entregador não identifica o remetente, mas é possível chegar a ele, pelo teor dos papéis e pelo nome do destinatário. É evidente, que pelo conteúdo do material, que atinge até a vida privada da suposta vítima, esta Gazeta não está dando guarida a isso, mesmo porque o anonimato, no caso, não significa sigilo de fonte, mas convardia de quem também tem o rabo atolado na lama. E sabidamente há outras instâncias para levar tais informações: o Ministério Público e a própria Justiça.
Baixaria explícita, que pode (embora não deva e espera-se que fique longe das campanhas) - levar o processo eleitoral para um lado nada republicano. E que alguns, infelizmente, não se furtarão em dela se utilizar, não talvez para alcançar um objetivo político, mas por vendeta. As regras da boa conduta e do debate das ideias caem por terra, quando se compactua com esse tipo de atitude. E o exemplo de cidadania e comprometimento com o combate à corrupção, por aqui trilhado nesses últimos meses, pode simplesmente naufragar num lodaçal de profundeza incerta, caso persistam no propósito de enveredar por caminhos obscuros e que só interessam aos ímpios. Aos desprovidos de inteligência ou desapegados da boa e velha razão. E ainda há quem aposte nesse caos para sobreviver politicamente ou dele tirar proveito, para continuar usufruindo das benesses do poder. Mesmo que ele já esteja distante. É o simples apego ao status que move a (in)consciência dessas pessoas.
A conclusão dessa história poderia ter um ponto final aqui. Há, porém, uma pequena e perigosa palavra, a estender um pouco mais essas considerações. Palavra que atende pelo nome de imprudência e caracteriza os mais afoitos, quando vislumbram algum ganho indireto com a situação, que lhes parece cômoda. É preciso cuidado e responsabilidade, justamente para não cair no canto da sereia das facilitações alheias, que podem funcionar, sim, como armadilha. Ao se utilizar das redes sociais, para difundir conteúdos impublicáveis, circunstanciais, mas sem provas documentais concretas, corre-se o risco de perder a credibilidade política, antes mesmo de se construir uma. Um feitiço que pode virar contra o feiticeiro e seus aprendizes. Quando se joga muita sujeira no ventilador ela pode se espalhar rápido. E, ao se espalhar, vai atingir também o responsável pela ação. A última vez que a essa estratégia funcionou, o País elegeu Fernando Collor de Mello, em 1989, que dois anos após sua posse foi derrubado num processo de impeachment. De lá para cá, quem tentou se valer desse propósito foi fragorosamente derrotado. E exemplos não faltam. E o melhor apelo, neste momento, é um velho e conhecido slogam, aqui adaptado: não faça das redes sociais uma arma, a vítima pode ser você.
terça-feira, 24 de abril de 2012
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