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segunda-feira, 9 de abril de 2012

De volta a questão dos "points". Velho dilema

Os ânimos estão novamente acirrados e, pelo visto, a faca já está entre os dentes. E a medida tomada é justamente o cerceamento do direito de ir e vir, como forma encontrada pelas autoridades para garantir o sossego e certa tranquilidade aos moradores do entorno do Shopping Pátio, entre as ruas Tiradentes e Carlos Gomes (esta segunda, nem tanto, pois não há residências próximas). Quando digo cerceamento, é que simplesmente os agentes de segurança tomaram conta do local, isolando completamente a área, para evitar aglomeração no chamado "point" de jovens e cenas de barbarismo, como as ocorridas recentemente - mais uma vez - com depredação de propriedades particulares e até do patrimônio público. Jovens de todas as regiões da cidade, que, não contentes com o vai e vem, acabam por agregar a violência à diversão. É o preço que aquela região da cidade está pagando pela falta de políticas públicas de lazer a toda essa juventude, cheia de energia e, às vezes, álcool, drogas e muita vontade de dominar "o pedaço", como costumam dizer. Um problema sem solução, que precisa de uma. Urgentemente.

Ponto perigoso
Chega-se, assim, a uma encruzilhada. E à necessidade desse tipo de intervenção, que não é normal e nem deveria ser, quando o assunto é lazer. Num único local, concentrando-se gente de todos os pontos cardeais da cidade, com certeza vira bagunça. Tão óbvio e claro, como seria manter essas pessoas em seus próprios bairros, oferecendo-lhes oportunidade justamente para um lazer e diversão sadios.

Segregar, não...
É preciso cuidado, entretanto, para que não se parta para a segregação, pura e simples, que pode se transformar em discriminação. E isso, levando em conta que são seres humanos do outro lado da corda, seria criar guetos, tão combatidos e criticados. Acredito em soluções práticas, que carecem, entrentanto, de muita vontade política e mudança de postura, para oferecer oportunidades iguais a todos.

Nem generalizar
Outro perigo, quando se analisa esse tipo de comportamento, é a generalização. É preciso saber distinguir entre a real necessidade de buscar lazer saudável e diversão e a disseminação da violência. É bem provável que a maioria dos jovens que frequentam a região do shopping está lá apenas para "curtir" o local. Não para espalhar pânico e desespero. Seria interessante que as autoridades tentassem identificar os baderneiros - e hoje temos ferramentas para isso - para não banalizar o debate e nem passar à opinião pública estereótipos, que costumamos produzir, quando não aceitamos certo padrão de comportamento.

Os que se foram
Sérgio Sterzo, Renê Soares, Ronaldo Bicudo, Vilma Daniela Lopes, Sidhartha Carneiro Leão, Sérgio Batistella, Antonio Montesano Neto e agora José Farid Zaine foram os secretários municipais e um presidente de autaquia, que deixaram os cargos com a posse de Orlando José Zovico no cargo de prefeito. Não se conhece, entretanto, as consequências dessas exonerações em escalões inferiores na administração pública municipal pós Félix.

Estão adaptados
Quando do fim do estacionamento do lado direito da Tirandentes para implantação do corredor de ônibus; da transferência do terminal do transporte público urbano, da Praça do Museu para o terminal então recém-inaugurado, houve muita chiadeira. Reclamações agudas e críticas ferozes de comerciantes e ambulantes. Fiz algumas reflexões sobre as mudanças, suas necessidades e o desconfortos, que geralmente causam. Passadas algumas semanas de todo esse burburinho, a adaptação mostrou que tudo isso era necessário. E todos os usuários do sistema, parece, começam a entender essas mudanças e, principalmente, aceitá-las.

Silêncio fúnebre
Muito estranha e sintomática a quietude do tucanato, após o episódio Carlinhos Cachoeira-Demóstenes Torres, senador pelo DEM goiano. Os bicos se fecharam. Como medo, talvez, da mosca que pode estar rondando toda essa sujeira.

Pergunta rápida
Quem herdará o espólio eleitoral de Silvio Félix da Silva?

Se você quer ler
Já recomendei este livro neste espaço. E volto a fazê-lo, em decorrência dos últimos acontecimentos envovendo os chamados "arrastões" no entorno do Shopping Pátio. Estou falando do livro Comunidade - a busca por segurança no mundo atual, do sociólogo polonês e professor universitário radicado na Inglaterra, Zygmunt Bauman. O que Bauman nos mostra é a dificuldade de viver em comunidade e as privações da liberdade, que às vezes podem ser causadas por uma falsa segurança. De como condomínios fechados são transformados em guetos chiques e elegantes. O autor mostra a tensão existente entre os valores, a comunidade e individualidade. E vou repetir uma frase de Bauman, que resume toda essa situação: "segurança e liberdade são dois valores igualmente preciosos, que podem ser equilibrados, mas é pouco provável que sejam plenamente conciliados". Vale a leitura, pela reflexão que provoca.

Eu Recomendo!
Hoje vou indicar um filme, que tem quatro versões. Mas a primeira ainda é impagável. Trata-se de Esqueceram de Mim (Home Alone, EUA - 1990), dirigido por Chris Columbus, que traz no elenco Macaulay Culkin (ainda garotinho), Joe Pesci, John Heard, Catherine O'Hara, Daniel Stern, Roberts Blossom, Kieran Culkin, Hope Davis e John Candy. Uma família inteira planeja passar o Natal em Paris. Porém, em meio às confusões de viagem um dos filhos, com apenas 8 anos, é esquecido em casa. Assim, o garoto se vê obrigado a se virar sozinho e a defender a casa de dois ladrões.

Frase da semana
"A imagem do Senado, hoje, é a de um pau de galinheiro". Do senador Demóstenes Torres, do DEM goiano à época, em julho de 2007, sobre a crise envolvendo o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB). Ontem, no UOL Eleições 2012.

1 comentários:

Miriam Mansur disse...

Muito boa sua reportagem, não deixando que a discriminação em nosso País seja implantada e sim que os autores sociais percebam quem faz parte de uma "tribo" do bem ou não.
Difícil esta separação, porém não impossível. A inclusão de pessoas menos favorecidas em nossas políticas públicas seria de suma importância para que talvez, se aniquilasse os grupos, ou os guetos, fazendo com que a coesão social fosse de vez aderida nas classes sociais.
Abraços
Miriam Mansur