Nós, jornalistas, vivemos de levar emoções aos leitores. Às vezes decepções, quando não nos resta outra saída senão divulgar a antítese do bem. Na maioria das vezes somos obrigados a deixar nossas próprias emoções embutidas no casulo de nossa consciência, para não contagiar análises, teorias e raciocínios e, dessa forma, comprometer a objetividade da informação. Não se fala aqui em isenção e imparcialidade, pois são características que já não se enquadraram com tanta naturalidade - a bem da verdade nunca se enquadraram - ao processo comunicacional humano. Isenção e imparcialidade que morrem, no momento em que direcionamos a contextualização do nosso discurso. Essa, entretanto, é uma outra teoria, que apesar de polêmica e suscitar defesas e ataques acalorados, não é o tema deste artigo. Mas vale como reflexão, que se mostrará importante com o desenrolar dessa pequena análise.
Enquanto a mobilização popular dava o tom das discussões e acirrava o debate entre acusadores e defensores do prefeito cassado Sílvio Félix, na redação dividíamos nossas inquietações e imaginávamos os possíveis cenários pós-encerramento dos trabalhos e votação final na Comissão Processante, instaurada na Câmara Municipal. Sem, é evidente, deixar aflorar nos textos escritos em todo esse período, o que de fato estávamos sentindo. O expor de opiniões e as equações matemáticas sobre um momento nada matemático, ditavam o tom das conversas. Nossas expectativas e desejos não podiam, de forma alguma, contaminar a eficácia daquilo que queríamos transmitir, embora já estivéssemos infectados, de cima a baixo, com o vírus exposto na crescente mobilização do mais puro exercício da cidadania, provocado por um desejo de mudança e limpeza ética na política limeirense. Vez ou outra, durante o transcorrer de todo esse processo, as entrelinhas estavam sempre mais visíveis.
Não existe emoção que não transpareça a qualquer momento. Como não é possivel, também, esconder de forma duradoura, que o sentimento coletivo estava impregnando tudo e a todos. Então por que não se deixar levar por ele, numa corrente que só aumentava e com elos cada vez mais fortes? Confesso, não nego, que me deixei levar, sim, pela correnteza, embora sempre objetivo em minhas opiniões e buscando apoios para não morrer afogado em afirmações desditosas ou incoerentes, das quais o momento não precisava. Qualquer excesso poderia pôr a perder uma conquista que se avizinhava, mesmo ninguém mais acreditando que fosse possível. O obituário da cidadania estava preparado, em meio às turbulências de intenções nada republicanas, prontas para varrer a sujeira para debaixo do tapete e transformar a lama em água cristalina. Se o resultado veio moldado na vontade popular, é preciso agora revisar alguns valores, sem subestimar, daqui para frente, a mobilização da sociedade. Isso posto, não há mais o que esconder. Nem o momento histórico que ajudamos a escrever e muito menos as emoções.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
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