Não pretendo escrever um tratado sobre a democracia. Muito menos exaltar um regime de governo que, sob todos os aspectos e desconfortos, é indubitavelmente o mais adequado à convivência humana. Ao pleno exercício da cidadania. O desconforto fica por conta daqueles que não aceitam as regras desse jogo e tentam se impor pela força, pelo grito e pela tirania. Os déspotas nada esclarecidos de nossos dias. Tem, entretanto, um objetivo claro de exaltar o momento, pelo qual Limeira atravessa e que hoje pode culminar com uma uma nova página na sua história política. Uma página ainda em branco, mas que deve estar carregada de tinta, assim que esse triste - porém necessário - episódio for concluído. Sob todos os seus aspectos. Políticos e legais.
Hoje será lido e votado o relatório final, do vereador Ronei Martins (PT), na comissão processante instaurada na Câmara, para apurar possível falta de decoro do prefeito afastado Silvio Félix (PDT), no qual será pedida - ou não - a cassação de seu mandato eletivo. Se por um lado há um claro anseio, quase uma aclamação mesmo, por um resultado mais que esperado do ponto de vista político, não podemos nos esquecer - e isso sim, merece ser comemorado - de que o amplo debate que se formou em torno do assunto, é consequência de uma mudança de postura da Mesa Diretora da Câmara, que permitiu e se abriu a esse debate, fruto da mobilização popular que vem se avolumando desde o último dia 24 de novembro, quando veio à tona todo esse escândalo, envolvendo familiares de Félix.
Embora, nítida e notadamente, haja desconforto de vários vereadores com essa situação, pois estavam acostumados ao estalar de dedos e aos berros descabidos de uma postura ditatorial e personalista, esse processo é irreversível. Ao se escancarar a porta às manifestações, que têm sido acima de tudo a esperada dentro de um comportamento civilizado, sem violência nem insultos ou ofensas, garantiram-se acima de tudo a transparência nas discussões e a lisura dos princípios democráticos e republicanos. Esse é o sinal que se espera de instituições de representação popular, como é o caso dos poderes legislativos. Neste caso uma Câmara Municipal.
Nada salutar é - como vinha ocorrendo - o fechar de portas e o emprego de força policial para proporcionar conforto momentâneo a quem não queria ser incomodado com pressões externas. A quem simplesmente desejava manter um status sobre falsos pedestais. Essa Câmara Municipal de Limeira, espera-se, não exista mais. Assim como aqueles ainda resistentes aos novos ares que sopram por lá, tenham aprendido a lição de que é preciso partilhar o poder, justamente com aqueles que lá os colocaram. Com os eleitores, os quais vou chamar de vontade popular. E qualquer que venha a ser o resultado final desse "julgamento" (que é imprevisível), ninguém, de forma consciente, pode deixar de comemorar. Que todos se lembrem desse "dia D". De democracia.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
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