A resistência ou persitência, embora inerentes à condição humana, nem sempre é saudável. Nos casos nas quais são atos de bravura ou de sobrevivência mesmo, revela heróis e às vezes mártires. É preciso, entretanto, conhecer seus limites e perceber até quando é possível resistir e persitir em atos ou atitudes, sem se deixar contaminar pela teimosia. Pelo egocentrismo ou vaidade, sem que isso se torne prejudicial à própria pessoa - a nós mesmos - ou àqueles de convivência próxima; aos que estão ao nosso redor e conosco compartilham alegrias e sofrimentos.
Na política todas essas ponderações deveriam, sempre, fazer parte do dicionário de quem dela vive. Não está instrínseco, porém, na cultura política brasileira, atos dessa natureza. Renúncia é uma palavra que pode significar a derrota, mas denota também caráter e vitória sobre as próprias vaidades. Dificilmente, salvo raros casos de ameaças ou perdas iminentes de um poder adquirido, ouve-se dizer que um político renunciou pelo bem comum. Renuncia, sim, para não perder mandato e para que possa voltar - e sempre volta - ao seu status inicial.
Trata-se, acima de tudo, de um doloroso processo de autoconhecimento da própria capacidade para entender o que isso pode significar. No agora e no depois. Uma capacidade de avaliação, que precisa ser muito bem trabalhada. Mais uma vez volto à reflexão de que nossa cultura política não conhece esse tipo de discernimento, quando assistimos a exemplos como o do presidente da Alemanha, Christian Wulff, que renunciou ao cargo na semana passada, por que fora acusado de tráfico de influência, abalando sua reputação. Entre as acusações repercutidas na imprensa alemã, Wulff estaria favorecendo um amigo empresário em um empréstimo público. Isso quando ainda era governador da Baixa Saxônia.
Mesmo alegando inocência, Christian Wulff renunciou e vai, agora, tratar de sua defesa política sem ter nenhuma investigação formal ou judicial contra ele. Renunciou pelas acusações. Se pelo bem da Alemnha como nação ou para se preservar de futuros problemas políticos, o fato em si merece essa análise, a partir do momento que toda uma nação, que hoje luta numa Europa desgasta e em crise, mantém posição de liderança entre seus parceiros quase falidos.
Um bom exemplo, que poderia ser seguido por Silvio Félix e só traria benefícios a todos os envolvidos - e Limeira seria a maior beneficiada - nesses tristes episódios que por aqui aportaram naquele fatídico 24 de novembro de 2011. Lá se vão quase três meses e o município vive de incertezas por conta dessa situação. A verdadeira expressão do poder não significa mantê-lo a qualquer custo, mas saber a hora em que se deve dele abrir mão, por algo maior que a simples aparência.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
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