Pages

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Equívoco, desespero ou... falta de argumentos reais

Quando não se tem mais o que contar, inventa-se. Um equívoco bastante comum, que aos montes circulam pelos tribunais do País, na ânsia de se tentar reverter uma situação, que às vezes é irreversível. Quando não se tem mais como argumentar, cria-se fatos que, de tanto martelados, podem até parecer verdadeiros, porém não o são. Equivocam-se os que pensam que podem jogar ao bel prazer das ondas, barquinhos frágeis de papel que não resistem a uma simples marolinha na areia. A tentativa do prefeito afastado Silvio Féllix da Silva (PDT), em mirar sua artilharia em juízes e promotores, parece-me mais desespero de causa, do que uma defesa sólida, que lhe garanta fôlego no imbróglio arranjado por seus familiares. Antes de alardear ilegalidade em todo o processo, inclusive no que corre nos tribunais, Féllix deveria basear-se em fatos e provas, documentos que alega possuir, mas que não aparecem nunca. Se o silêncio é imperativo a todos os acusados, então não há como garantir uma defesa segura. É preciso que a inocência alegada seja comprovada, pois a culpa costuma se fortalecer no inaudível. Nesse silêncio.

Formar e informar
Os fatos estão sendo mostrados quase diariamente na imprensa, de forma clara e com amplas oportunidades para o outro lado falar também. O que é uma raridade. Oportunidades que são dadas pelos jornalistas que cobrem o tema, sempre desperdiçadas, não podem ser contestadas por Félix e família. A necessária coletiva de imprensa vai longe de acontecer. A tecla, infelizmente, é sempre a mesma.

Distorcer, jamais...
Uma única tecla, que tenta bater apenas no desacreditar do Judiciário e do Ministério Público. É pouco, muito pouco. Ainda não vi em nenhum lugar desmentidos categóricos por parte dos acusados, que insistem em ações de retaliação contra juízes e promotores. E tem sido recorrente, como a resposta a fatos e documentos, esses sim, exibidos pelos denunciantes. Só é preciso esclarecer e não tentar distorcer.

Um trabalho árduo
É sempre importante esclarecer, nesse caso - e quantas vezes forem necessárias - o papel da mídia em tudo isso. Que, diga-se, não é condenar e nem absolver ninguém ou insuflar atitudes ou movimentos. O nosso papel, tanto do ponto de vista factual como opinativo, é mostrar cotidianamente os acontecimentos, para que a opinião pública forme suas conclusões e, a partir delas, siga um ou outro caminho.

Um dia de reflexão
E o domingo, que deveria ser um dia de leitura amena, de lazer e entretenimento, acaba por se tornar necessário, também, para que tudo fique bem expllicado. Essa é a nossa missão maior. Informar e formar a opinião pública, para que ela possa, a seu modo, refletir e tirar suas próprias conclusões. Tapar o sol com a peneira, nunca.

A leitora reclama
Na coluna do último dia 2, comentei sobre os espaços públicos utilizados como showroom de estacionamentos para vender veículos, ou seja, vagas em ruas ou áreas verdes. Na quinta-feira, via Facebook, uma leitor assim escreveu: "Quanto às constatações de vagas no centro, creio que não é só por lá que está complicada. Precisei estacionar nas imediações da Rua Santa Josefa para levar meu marido ao médico e, além de naquela região também estar difícil achar vagas, muitas delas estão sendo ocupadas, no meu entender, por veículos para venda/revenda na rua e não no interior de estabelecimento para tal finalidade. Estão colocando os carros para negociação, com os respectivos banners afixados, nos espaços destinados às vagas". Taí o desabafo da leitora. Quem tiver competência, que resolva essa situação, que é recorrente por aqui.

Para rir ou para...
...chorar. Notícia incomum publicada na capa do UOL, na quinta-feira, dia 10. Veja apenas o abre da notícia: "O Tribunal de Justiça de São Paulo foi obrigado a tomar uma decisão incomum por falta de previsão legal: determinou prisão domiciliar a um morador de rua preso em flagrante acusado de furto. A solução encontrada pelo Judiciário criou mais um problema para o morador de rua. Ele pode ser preso a qualquer momento por não cumprir a decisão judicial de ficar em casa". Como comentar um assunto desses? Sinceramente não sei.

Pergunta rápida
Quando nossos legisladores criarão coragem e vergonha na cara para atualizar o nosso ultrapassado Código Penal?

Se você quer ler
Hoje vou de Graciliano Ramos e uma de suas obras-primas, dentre as tantas que escreveu. Não é bem um romance, mas um livro composto por 13 contos, sendo o primeiro o que dá o título à obra. Trata-se de Insônia. Como é um livro de contos não há, necessariamente, personagens, apenas passagens pelos textos curtos e geniais. Lembro-me de ter lido alguns deles em outros livros, em especial os didáticos da língua portuguesa do meu passado e longínquo grupo escolar e ginásio, hoje renomeados como ensino fundamental. Depois foi a obra toda, por isso estou recomendando. Como obras primas não têm validade de vencimento, essa é uma das que vale a pena perder o sono por ela. Boa leitura.

Eu Recomendo!
O filme que vou recomendar hoje foi exibido na última quinta-feira, à noite, pelo canal pago AXN. Trata-se de Os Últimos Passos de Um Homem (Dead Man Walking, EUA - 1995), dirigido por Tim Robbins. Traz no elenco nada mais nada menos que Susan Sarandon e Sean Penn, além de um elenco formado por Jack Black, Robert Prosky, Raymond J. Barry, R. Lee Ermey, Celia Weston, Lois Smith, Scott Wilson e Roberta Maxwell, entre outros. A história se passa em Louisiana, onde uma freira católica, interpretada por Susan Sarandon, torna-se uma guia espiritual, que passa a lutar pela vida de um homem (Sean Penn), que está no corredor da morte e está à espera da execução a qualquer momento, condenado que fora por ter assassinado dois adolescentes, sendo uma das vítimas uma jovem, que foi estuprada antes de morrer. Drama. 123 minutos de duração. Recomendadíssimo

Frase da semana
“Inegável que a simples soltura do acusado não se mostra apropriada, já que nada assegura que, em razão dos delírios decorrentes da certificada doença mental, não volte a cometer delitos”. Do desembargador Figueiredo Gonçalves, que é o relator do habeas corpus que pedia a soltura do morador de rua condenado à prisão domiciliar. No UOL Notícias-Cotidiano. Quinta-feira, 10.

0 comentários: