O que era previsto aconteceu. A semana que passou trouxe os reflexos da resolução da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica – que repassou aos municípios brasileiros a responsabilidade pelos parques de iluminação locais. Que já estava embutido no próprio contrato de privatização do setor. Ou seja, as prefeituras já sabiam disso há muito tempo. E nenhuma delas se mobilizou para assumir esse serviço público com a antecedência necessária. Foram à Justiça, ganharam e perderam, posteriormente, suas ações para manter as concessionárias na atividade. Outras, a exemplo de Limeira, tentaram – e ainda tentam – criar uma nova taxa municipal, para que o cidadão pague por esses custos. Pressionados pela sociedade organizada, os vereadores não parecem muito dispostos a aprovar mais essa metida de mão no bolso do consumidor. E o que aconteceu? Na primeira semana útil de 2015 – a oficialização, automática, dessa troca passou a vigorar no dia primeiro de janeiro – começou o jogo de empurra entre as prefeituras e as concessionárias. No caso de Limeira, Iracemápolis, Cordeirópolis e Engenheiro Coelho, a Elektro. E tome empurra...
Relutância inútil
Vamos por partes. Ou melhor, por lâmpadas, postes, relês e eletricistas. Até a derradeira data, Limeira ainda não tinha uma empresa contratada para executar o novo serviço. Não tinha, conforme admitiu o secretário de Serviços Públicos Marcelo Coghi, sequer aberto licitação para essa contratação. Tinha quatro eletricistas. Deliberada ou não – ou à espera da taxa da luz – foi uma ação negligente.
O primeiro empurra
Na terça-feira, esta Gazeta trouxe o primeiro balanço do serviço 156, que passou a atender aos pedidos para troca de lâmpadas em vias e logradouros públicos. Foram, até as 17h, cinco queixas de iluminação por hora. E sabe o que aconteceu? A Prefeitura tentaria responsabilizar a Elektro, pelo que considerava demanda reprimida da concessionária. Ou seja, o combinado não havia sido feito.
Contos de fada. É!
E o que era esse combinado? A entrega do parque de iluminação em ordem, conforme previa a própria resolução da Aneel. O que a Prefeitura disse que não aconteceu, e a Elektro afirmava que estava tudo dentro da norma. Com certeza, e seria ingênuo pensar de outra forma, a concessionária não cumpriu com seu papel. Apesar da irresponsabilidade da Prefeitura em não se preparar para isso.
Tome! A luz é sua
Nesse caso, ambos devem ser responsabilizadas pelos problemas que aconteceram, e podem vir a acontecer no futuro. Ficar jogando a culpa uma na outra não vai corrigir as carências de iluminação na cidade. Por que não uma parceria nesses primeiros dias e uma responsabilidade de ambas, trabalhando em conjunto, até tudo se acertar? Só que a Prefeitura é que deve correr atrás. Esse é um caminho sem volta.
Por enquanto, não
No caso de Iracemápolis, por exemplo, a situação é mais complicada. A Prefeitura ainda tem a seu lado a vitória na Justiça, que responsabiliza a Elektro pelo serviço. Já a concessionária diz que ainda não foi notificada, mas já havia recorrido da decisão. Então fica mais fácil saber quem está faltando com a verdade. Nesse caso não é a Prefeitura. Por enquanto, é o 0800 da concessionária que deve ser acionado.
Empurrar... é fácil
Já em Cordeirópolis, a prefeitura afirma que a responsabilidade sobre a iluminação ainda é da Elektro, porque não a entregou como devia. A concessionária nega, e diz que está tudo ordem. E a população, a exemplo de Limeira e Iracemápolis, é quem sai no prejuízo, porque não sabe a quem recorrer. É aquela velha história de que cachorro com muitos donos morre de fome. Nesse caso, no escuro.
De dia falta água...
...e de noite falta luz. A verdade é que essa será uma longa e tenebrosa novela de capítulos incompletos. Todos tentarão fugir de suas responsabilidades, e quem vai acabar no escuro é o cidadão. A atual gestão, com certeza, vai se utilizar dos argumentos de que a taxa de luz não foi aprovada e etc. e tal, para tentar justificar a inoperância. E a concessionária vai dizer “tome, que a luz é sua”.
É preciso explicar
Conforme mostrou esta Gazeta com exclusividade na sexta-feira, a Humanitária ficou sem energia por mais de 8 horas. E, pasmem, não teve a prioridade da Elektro, segundo a direção do hospital. Apagões pontuais têm sido registrados desde o mês de dezembro.
Passeio necessário
Não é só a iluminação pública que está na ordem do dia, não. Na semana que passou, um leitor desta coluna fez uma sugestão interessante, após uma capa desta Gazeta, que destacou piscinas impróprias e pontes e travessias perigosas. Foi na quarta-feira, 7. Indignado, mas com humor, esse leitor sugeriu que o setor de Turismo, da Prefeitura, promovesse um “tour” para os limeirenses, para mostras as piscinas dos Centros Comunitários – algumas até estão em condições de uso – algumas ligações entre bairros, como o caso mostrado, entre o Nações e Cecap e uma travessia do Bairro do Tatu, “equilibrada” em madeiras. Três fotos bem sugestivas publicadas na primeira página. Um verdadeiro ensaio ao descaso do poder público. Infelizmente.
Cruzeiro por terra
No caso das piscinas, é pauta periódica na imprensa. Água esverdeada, mato, insegurança... No das travessias foi a ação das chuvas fortes, mas que também poderia ser evitado com uma ação preventiva do poder público. Depois é correr atrás da solução, e explicar que o problema será resolvido. “E la nave va”.
Crítica com razão
E na edição da quinta-feira, 8, também desta Gazeta, a manchete era sugestiva. Em pleno período de férias, os brinquedos sumiram das praças públicas, e de lazer também. E quem chegou com tudo foi o mato. Não é possível que o poder público não se sensibilize com as críticas. Ou então está achando que tudo está em ordem. Fico com a segunda opção.
Fanatismo e luto
A semana que passou – e as próximas também vão – ficou marcada pelo trágico ataque à sede da revista satírica francesa, Charlie Hebdo e a morte de 12 pessoas, entre jornalistas, chargistas e funcionários. Tudo em nome do fanatismo religioso, que confunde humor e crítica com desrespeito. O fundamentalismo islâmico, a maior bobagem inventada por fanáticos do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos (que o lêem, mas não interpretam a leitura) e se acham no direito de justiçar por essa ignorância. Mais que um atentado à liberdade de expressão, foi um atentado contra a humanidade. Como também o são os bombardeios ocidentais que “caçam terroristas” mas acabam vitimando civis, mulheres e crianças em sua maioria, no Oriente.
Pergunta rápida
Por que o mundo não se comove com as mortes de inocentes na África e nos países do Oriente Médio?
É preciso cuidado
O que mais deve preocupar, entretanto, é a intolerância que um episódio dessa natureza vai, com certeza, provocar no mundo ocidental, que embala a ideia de que todo muçulmano é terrorista. Fortalecerá essa imagem e contribuirá de forma definitiva à chamada ‘islamofobia”, que já se percebe em muitos comentários e até mesmo em textos publicados pela mídia e redes sociais. Intolerância que parte, é bem verdade, de ambos os lados. Só não pode ser transformada em pensamento da maioria.
Nota curtíssima
Constância Félix será deputada por 43 dias. Sem comentários.
Frase da semana
“O perigo é muito grande". Da historiadora francesa Maud Chirio sobre o redrudescimento da xenofobia a imigrantes na França, após ataque ao Charlie Hebdo. Em entrevista ao Blog do Mario Magalhães. Sexta-feira, 9.
domingo, 11 de janeiro de 2015
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