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domingo, 4 de janeiro de 2015

Se tiver vontade política e desapego, consegue

Interessante a entrevista que o prefeito Paulo Hadich (PSB) concedeu à jornalista Érica Samara da Silva, publicada na primeira edição de 2015, desta Gazeta, na última quinta-feira. Bem conduzida e com questões que vão ao encontro de Limeira e da população, Hadich se saiu bem em suas respostas, mas deixou muitas dúvidas em aberto. Principalmente nas realizações da sua gestão nestes dois anos de governo, que encerrou metade de seu mandato. Entre otimista e moderado, o prefeito tergiversou em algumas das perguntas. Principalmente em relação às suas obras e marca de governo, que, cá entre nós, ainda está longe de existir. Muito criticado, Hadich tem seus méritos em não abrir mão de sua conduta, mesmo quando severamente criticado. Tanto pela oposição quanto pela imprensa. Ponto positivo, porque mostra que ele não se deixa levar por essas pressões, que em muitos casos são tão ridículas quanto desprovidas de argumentos. Que ele não faz – pelo menos não fez até agora – uma administração contundente e que tire o fôlego por suas realizações, é fato. Mas há que se lembrar, também, da herança que lhe foi deixada. Hadich foi realista, ao lembrar do ano difícil que terá pela frente. O que não é desculpa. Mas é real.

Marca ofuscada
Uma das grandes marcas da gestão Hadich, nestes dois primeiros anos, sem dúvida seria o programa “Esse bairro é meu”. Acho até que foi. A iniciativa, apesar de criticada por muitos, que com certeza não a entenderam – ou preferiram fechar os olhos – tinha tudo para ser um sucesso. Mas esbarrou na falta de continuidade. Apesar dos bons propósitos, patinou mais do que deveria.

Imagem inicial
A única imagem que ficou, de fato gravada, nestes dois anos, apesar de outras tantas positivas sobre o “Esse bairro é meu”, ainda é a do prefeito, que também é delegado, entrando de arma em punho, no Odécio Degan, primeiro bairro beneficiado. Espera-se, para 2015 e 2016, os dois anos finais do seu mandato, que o programa cresça e atenda a novas comunidades. Ele é, sim, um programa diferenciado.

Tempo de sobra
Hadich tem mais dois anos pela frente. E garante que não pensa em reeleição, que segundo ele, não pode ser um objetivo-fim. No que tem razão. A reeleição é consequência daquilo que um administrador público – nesse caso o Poder Executivo – faz. As críticas, porém, devem ser bem fundamentadas. Sem viés político-partidário. Somente ações efetivas podem reverter essa situação. Esperemos.

Primeira pérola
Quando a gente pensa que viu e ouviu tudo, sempre tem uma pérola a mais. Desta vez foi o secretário municipal dos Transportes de São Paulo, Jilmar Tatto, a contribuir com a sua. Para ele, o grande problema da superlotação nos ônibus, na capital de todos os paulistas, é devido “à má distribuição de emprego e moradia”. Ou seja, para evitar essa superlotação, o trabalhador tem que trabalhar perto de casa.

O elo mais fraco
Fica claro, mais uma vez, que o culpado pelos péssimos serviços públicos é o próprio povo. O usuário. Porque, nesse caso, não é o transporte público que é deficitário, é o cidadão que trabalha longe de casa e precisa de “grandes deslocamentos” para prover o sustento da família, conforme entrevista de Tatto à Folha de S. Paulo, publicada na última sexta-feira, dia 2. É cômodo demais.

Jilmar sem tato
É sabido que o transporte público é o grande problema da mobilidade urbana dos municípios. Ultrapassado e sem investimentos, não oferece segurança e nenhum conforto ao usuário, que acaba sendo o maior prejudicado. É para a gestão desse processo que as críticas devem ser direcionadas. Não para quem precisa de ônibus. É o mesmo que culpar o doente pelas filas nos hospitais.

Fiat Lux! Será?
Pronto. Os municípios brasileiros, em 23 Estados, já são os responsáveis pelo parque de iluminação pública. Terão que se virar para manter acesas as luzes dos postes. E mostrar que há uma no fim do túnel. Ou então ressuscitar o velho acendedor de lampião.

Sem generalizar...
A presidente Dilma Rousseff (PT) tomou posse no último dia primeiro, para seu segundo mandato. Com 39 ministérios, o que é demais para um país como o Brasil e pelos nomes que escolheu, com poucos técnicos e muitos políticos. Para acomodar os partidos da base e buscar uma conciliação com o Congresso Nacional. É parte do jogo político. Não é diferente dos últimos presidentes nessa acomodação, a não ser pelo exagero no número de pastas. Muitas das quais preenchidas por quem nunca chegou perto da atividade para a qual foi nomeado. E isso pesa negativamente. Mas há um lado positivo, porém, a partir do momento em que ela começa a empurrar a equipe remanescente de Lula para fora do Planalto. Principalmente em pontos estratégicos. A conferir. 

Focinho no espelho
O mesmo jogo político, o governador reeleito de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, e os demais governadores fazem em seus Estados. Distribuem as cotas partidárias para compor o secretariado. E para quem pensava que Alckmin diminuiria o seu staff, para ser o exemplo, ficou tudo na mesma também: 25 secretarias. E apenas um Estado.

E como está... fica
Observa-se, nesses dois exemplos acima, que o interesse é muito mais político do que técnico. E é preciso que cada um olhe para seu próprio rabo, antes de apontar para o dos outros. Não se pode aceitar um mau exemplo para justificar o outro. E não abrir mão, também, de uma saudável autocrítica, o que ninguém faz. Nem petistas ou tucanos, peemedebistas, democratas e outras siglas, são adeptos de olhar para o próprio reflexo. E 2015 começa sob o signo do “faça o que eu falo, mas não o que eu faço”.

Cada um que tire...
... as suas próprias conclusões. A oposição dirá que foi demagógico e populista. Seus partidários e apoiadores mais ferrenhos dirão que será a redenção, e os analistas políticos estão expondo pontos de vista interessantes e tirando conclusões óbvias, algumas, e inéditas, outras. Estou falando do discurso de posse de Dilma Rousseff (PT), na última quinta-feira. Do ponto de vista político, foi um discurso quase perfeito, que, se levado à prática, poderá resolver grande parte dos problemas do País. Isso se a base de apoio que sustentará o governo permitir, principalmente a ala mais radical do seu próprio partido. O ano será difícil. Muito difícil. E o primeiro obstáculo será vencer – e não deve ser de imediato – os entraves econômicos. E, depois, o escândalo da Petrobras.

Pergunta rápida
E Lula? Volta em 2018?

Tanto cá, como lá
Tão óbvio quanto o discurso de Dilma no ato de sua “reposse” à Presidência, foi o de Geraldo Alckmin (PSDB), durante igual cerimônia na Assembleia Legislativa paulista. Combater a corrupção e enfrentar crises é obrigação do administrador público. No caso da presidente, ao afirmar que pretende combater a corrupção no governo federal, ela assume que ela existe. Já, Alckmin, ao dizer que o Estado de SP enfrenta sua maior crise hídrica da história, esqueceu-se de que durante todo o ano passado, assim que os reservatórios começaram a baixar, ele negou essa crise. Apesar de tudo, ambos os discursos foram muito bons. Melhor ainda se forem postos à prática, como deve ser.

Nota curtíssima
Espera-se que não haja jogo de empurra entre o 156, da Prefeitura, e o 0880, da Elektro.

Frase da semana
“A corrupção ofende e humilha os trabalhadores, os empresários e os brasileiros honestos e de bem”. Da presidente Dilma Rousseff, durante sua posse para o segundo mandato. Quinta-feira. 1.

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